Hector Othon comenta o "Seu Kit de defesa contra a Astrologia" de Andrew Fraknoi

(Capa em estudo)

☀️ Introdução aos Leitores desta Versão em Finalização do Namoro entre a Astronomia e a Astrologia, segundo Hector Othon

Com grande satisfação, compartilho aqui o texto em fase de finalização da peça “Seu Kit de Defesa a favor da Astrologia”. Meu propósito, ao abrir esta publicação, é acolher colaborações e ideias que possam enriquecer e fortalecer a intenção central deste trabalho: pacificar e iluminar as conexões entre a Astronomia e a Astrologia.

 ✨ Nota — Sinta-se à vontade para participar:
Se você ainda tem alguma questão ou crítica sobre a Astrologia, compartilhe. Farei questão de responder durante a Peça — assim, este diálogo também fortalecerá a sua missão.
– Para um comentário breve, escreva diretamente ao final desta postagem.
– Para reflexões mais amplas, envie uma mensagem pelo WhatsApp: +55 45 98839-9064.
Instagram e YouTube: @Astrothon Facebook: HectorOthonCuba Estou em Cascavel, Paraná, Brasil.

Também abro o convite para quem quiser colaborar, Pensei em um valor simbólico de R$ 8,00, mas sinta-se livre para contribuir como desejar — inclusive oferecendo um presente maior, se sentir o chamado.
Meu PIX é o mesmo número do WhatsApp: 45988399064.

Este texto pode ser copiado integralmente ou em partes, compartilhado e divulgado livremente.

O importante é que se fortaleça e se encante o namoro entre a Astronomia e a Astrologia, duas expressões do mesmo mistério celeste que nos inspira a compreender o universo e a nós mesmos.

te amo
Hector Othon 🌺

🪐 Release da peça “Seu Kit de Defesa a favor da Astrologia” 

O astrólogo e cientista (físico) cubano-brasileiro Hector Othon (1956) transformou sua resposta ao provocativo texto “Seu Kit de Defesa contra a Astrologia”, de Andrew Fraknoi, em uma peça teatral instigante, espirituosa e cheia de afeto pelo pensamento. 

O objetivo é aproximar os mundos da Astrologia e da Astronomia, favorecendo o diálogo e a compreensão mútua entre dois saberes que, embora distintos em método, partilham o mesmo Céu. 

Na encenação, Hector Othon dá voz a Siderato, um astrólogo experiente, sensível e espirituoso, convidado a participar de uma entrevista no popular podcast de Astronomia “Nino das Estrelas” — apresentado por Nino, um jovem comunicador entusiasmado pela ciência e pelas descobertas do universo. 

O encontro entre os dois surge a pedido dos seguidores do canal, após uma série de debates acalorados nas redes sobre a relação entre Astrologia e Astronomia. O que começa como uma entrevista provocativa transforma-se, aos poucos, em um diálogo vivo entre razão e imaginação, entre o rigor da observação e a arte da interpretação. 

Com humor, lucidez e espírito conciliador“Seu Kit de Defesa a favor da Astrologia” convida o público a refletir sobre o sentido mais profundo das estrelas — dentro e fora de nósMais do que uma defesa da Astrologia, a peça é um manifesto pela integração dos saberes, um chamado ao reconhecimento de que ciência e símbolo, lógica e poesia, podem coexistir num mesmo horizonte de busca. 

Em tempos de polarização e desinformação, a obra de Hector Othon celebra a curiosidade, o diálogo e a beleza de olhar o céu — não para fugir da Terra, mas para compreendê-la melhor. 

“Porque o Céu não é indiferente à Terra — ele respira conosco.” 


Dedicatória e Agradecimento 

Dedicada com respeito e gratidão à obra do astrônomo Andrew Fraknoi, cuja clareza e rigor científico abriram caminho para esta conversa entre estrelas. 

De um astrólogo a outro amante do céu. 

Quero deixar claro que, como estudioso da natureza e acompanhante atento das descobertas em todos os campos da ciência e da tecnologia — especialmente das ciências naturais e cosmológicas — nutro profundo respeito e sincera gratidão pela dedicação dos cientistas, pesquisadores e técnicos que, com rigor e coragem, ampliam incessantemente as fronteiras do conhecimento humano. 

Em especial, estendo minha reverência aos astrônomos, que mantêm viva a antiga e sublime tarefa de observar o céu, decifrar seus mistérios e registrar, com precisão e beleza, os movimentos das estrelas e dos mundos. Que cada cientista que ler estas palavras se sinta reconhecido em seu valor, celebrado por sua busca da verdade e incluído nesta homenagem à grande aventura do espírito humano em direção à luz. 

Agradeço a meu irmão, Clemen Othon, pela assessoria generosa, pela sensibilidade na edição e pela primorosa apresentação deste livro. Companheiro de jornada e inspiração constante, sua presença afetuosa, seu olhar artístico e seu compromisso com a clareza e a beleza das palavras foram fundamentais para que esta obra encontrasse sua forma mais luminosa e verdadeira.  

Preâmbulo 

Nem toda provocação é um ataque — às vezes, é um convite. Foi assim que o astrônomo Andrew Fraknoi, ao publicar seu famoso texto “Seu Kit de Defesa contra a Astrologia”, acabou por me inspirar a criar esta peça: “Seu Guia de Defesa a Favor da Astrologia”. 

O que poderia ter sido apenas mais um confronto entre crenças transformou-se, aqui, em diálogo criativo, divertido e esclarecedor — um encontro em que ciência e simbologia se olham nos olhos, não para se derrotar, mas para se compreender. 

Em cena, surge o carismático Siderato, astrólogo experiente e pensador das estrelas, entrevistado por Nino das Estrelas, um astrônomo curioso e influente, inspirado em comunicadores reais da era digital. 

Entre perguntas afiadas e respostas poéticas, nasce um encontro improvável — e talvez necessário — entre razão e mistério, cálculo e alma, cosmos e consciência. 

A peça também honra o seu nome de Guia de Defesa a Favor da Astrologia ao oferecer, com leveza e clareza, uma iniciação ao universo simbólico dos planetas, dos signos, das casas e dos aspectos — uma ponte de conhecimento para cientistas, curiosos e amantes do céu que desejem compreender a linguagem arquetípica que a Astrologia propõe. 

Mais do que defender a Astrologia, esta obra propõe defender o diálogo, a escuta e a curiosidade humana diante do desconhecido. Porque, afinal, o mesmo céu que guia os telescópios é o que também inspira os sonhos. 

Hector Othon 
 

Índice 

Cena 1 — Premissas 

Cena 2 — Introdução ao Seu Kit de Defesa contra a Astrologia 

Cena 3 — As Doutrinas da Astrologia 

Cena 4 — Dez Perguntas Constrangedoras 

Cena 5 — Testando a Astrologia 

Referências 

 

Cena 1 - Premissas 

(A peça inicia no estúdio de Nino, cuidadosamente preparado para a entrevista que fará com Siderato. O cenário reflete um ambiente de divulgação científica: telescópios, livros e uma atmosfera de curiosidade e respeito pelo conhecimento.) 

NINO: 

Salve, salve, amigos da Astronomia de todo o mundo! 
Eu sou Nino das Estrelascriador do site “Astronomia para Todos” e sua voz aqui no canal. 
Olá a todos que estão nos assistindo ao vivo — e saudações também para quem vai nos ouvir no futuro! 
Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast, transmitido também ao vivo pelo canal Astrothon. 

Hoje temos um encontro muito especial: um verdadeiro diálogo entre a Ciência e a Astrologia. 
Nosso convidado é o renomado astrólogo — e cientista licenciado em Física — Siderato, um grande aficionado e estudioso de Astronomia. 

O tema de hoje promete: vamos conversar sobre o famoso “Kit de Defesa contra a Astrologia”, elaborado pelo astrônomo Andrew Fraknoi, que considera a Astrologia uma forma de charlatanismo e superstição. 
Esse texto, publicado originalmente em 18 de dezembro de 2009 e atualizado em 31 de outubro de 2016, circula amplamente nas redes até hoje. 
Para quem quiser ler na íntegra, deixarei o link aqui embaixo, no descritivo do vídeo. 

Fiquem conosco para uma conversa que promete ser esclarecedora, provocante — e, quem sabe, até conciliadora! 
E deixo desde já o convite aberto: se o próprio Fraknoi ou qualquer outro astrônomo quiser participar, o canal está de portas abertas para o diálogo. 

(Roda a vinheta do canal.) 

Muito bem, pessoal! 
Começamos então este episódio — o mais pedido por vocês! — com muita alegria. 
Não esqueçam de deixar o seu like e se inscrever no canal: isso ajuda a fortalecer a divulgação científica no Brasil e no mundo. 

(Efeito visual e sonoro: “Chegou o momento!”) 

E agora sim… seja muito bem-vindo, Siderato! 
(Som de aplausos) 
Nossa audiência está bombando hoje — recorde de participantes ao vivo! 
É um prazer enorme ter você aqui, e no Astrothon. 
Como você está? 

SIDERATO: 

 Saudações, Nino, e um abraço carinhoso a toda a sua querida audiência! 
É uma alegria estar aqui — sou fã do seu canal. 
Estou muito animado para o nosso debate, e agradeço de coração pelo convite! 

NINO: 

Que ótimo, Siderato! 
Então, vamos direto ao ponto: o “Kit de Defesa contra a Astrologia”, de Andrew Fraknoi, tem gerado muita discussão — tanto entre astrônomos quanto entre astrólogos. 
Qual foi a sua primeira impressão sobre esse material? 

Diálogo Sobre o Kit 

SIDERATO: 

Olha, Nino, o kit é uma iniciativa bem-intencionada — mas também bastante polêmica e, na minha visão, equivocada em quase todas as suas premissas. 
Fraknoi tenta “desmascarar” a Astrologia com uma abordagem que ele considera científica, o que é compreensível dentro da sua formação e da sua visão de mundo. 
O problema é que ele ignora muitos avanços da ciência contemporânea e da epistemologia moderna, especialmente aqueles que evidenciam as limitações do método científico clássico quando aplicado a fenômenos simbólicos, subjetivos ou de natureza não linear. 

Além disso, desconsidera a sofisticação da Astrologia como linguagem simbólica — uma matriz de sentido que expressa correspondências sutis entre o movimento dos astros e os processos da vida humana. 

Temos muito o que conversar sobre isso hoje, e acredito que será um diálogo realmente esclarecedor. 

NINO: 

Com certeza! É justamente essa diversidade de perspectivas que queremos explorar. 
Vamos examinar cada ponto polêmico e, quem sabe, até encontrar algumas convergências. 
Para começar, você pode nos explicar brevemente o que é esse kit — e qual acredita ser o real objetivo dele? 

SIDERATO 

Claro! 
O próprio Fraknoi afirma que o objetivo do kit é oferecer um “guia prático”, com “respostas prontas”, para que astrônomos saibam como reagir quando forem questionados sobre Astrologia. 
Ele propõe argumentos supostamente científicos para desacreditar a Astrologia — mas o problema é que esses argumentos se baseiam em pesquisas frágeis e metodologicamente inadequadas para o objeto que pretendem investigar. 
O resultado, portanto, é previsível: conclusões equivocadas, desconectadas da verdadeira natureza simbólica e fenomenológica da Astrologia. 

A intenção declarada é munir astrônomos e divulgadores científicos com ferramentas para criticar e questionar a validade da Astrologia. 
Mas, sinceramente, Nino… o resultado é infeliz. 
O material acaba soando reducionista — e, em vários trechos, beira o caricatural, tamanha a falta de profundidade simbólica, filosófica e histórica no tratamento do tema. 

NINO: 

Entendo. 
Fico curioso para saber por que você considera superficial o trabalho de um astrônomo tão respeitado como Fraknoi. 
Mas, antes disso, já que você transita com naturalidade entre a ciência e a Astrologia — como enxerga a relação entre essas duas áreas? 
Você acredita que exista espaço para um diálogo mais produtivo entre elas? 
Afinal, é possível conciliar essas duas linguagens? 
Ou são universos realmente incompatíveis? 

Definição de Astronomia e Astrologia 

SIDERATO: 

 Com certeza, Nino. 
A ciência e a Astrologia já dialogam dentro de mim — com respeito, curiosidade e gratidão mútua. 
E é assim que espero que um dia seja para todos: cientistas e astrólogos conversando, sem medo, sobre o mesmo céu. 

NINO: 

 Bonito isso… 
Mas então me diz: como você define a Astronomia, a partir desse olhar integrado? 

Astronomia 

SIDERATO: 

 A Astronomia é a arte-ciência que contempla o universo com olhos de razão e de assombro. 
Ela estuda os corpos celestes — estrelas, planetas, cometas, galáxias e os mais diversos fenômenos do espaço — buscando compreender suas origens, movimentos e leis. 

Mas vai muito além das fórmulas e medições. 
Hoje, com o apoio da astrofísica, da cosmologia e da exploração espacial, ela observa o invisível: pulsares, buracos negros, matéria escura, radiações sutis e ondas gravitacionais. 
Traduz, em linguagem matemática, a música secreta do cosmos. 

Com telescópios ópticos e radiotelescópiosobservatórios orbitais como o James Webbsondas interplanetárias e satélites que escutam o eco do Big Bang, a Astronomia amplia incessantemente o horizonte da visão humana. 
Ela decifra a memória luminosa do tempo e escuta, a cada segundo, o sussurro das estrelas. 

É uma ciência da vastidão e da precisão, que une o intelecto humano à curiosidade primordial do olhar noturno. 
Revela o que somos diante do infinito: matéria consciente contemplando sua própria origem e evolução. 

NINO: 

 Poético e exato ao mesmo tempo… quase parece uma oração científica. 

SIDERATO: 

 De certo modo, é. 
A Astronomia não é apenas o estudo do céu — é também um espelho onde a Terra se reconhece como parte do Todo. 
Ela recorda que cada átomo em nós já brilhou, um dia, no coração de uma estrela. 
Oferece uma visão grandiosa da estrutura cósmica e da interconexão entre todas as coisas. 

Astrología 

NINO: 

 E a Astrologia, então? Onde entra nesse mapa do infinito? Afinal... o que é a Astrologia, Siderato? Ciência, magia, crença... ou tudo isso junto? 

SIDERATO: 

(olha para o céu, pensativo) 
Antes de tudo, é preciso afirmar: a força e a verdade da Astrologia — essa linguagem que revela a íntima correspondência entre a vida na Terra e o movimento do Sol, da Lua, dos planetas e dos pontos astrológicos através dos diversos zodíacos — ultrapassam o alcance da ciência atual. 
A ciência ainda não consegue explicar o laço tão profundo que une o céu e a vida. 
Mas quem se permite experimentar a leitura do próprio mapa natal sente — no corpo e na alma — a presença de um mistério grandioso, que entrelaça as potencialidades humanas ao firmamento do nascimento. 

NINO: 

 (fascinado) 
Então é uma espécie de linguagem cósmica? 

SIDERATO: 

 Sim. 
A Astrologia é uma linguagem — um sistema simbólico dotado de sintaxe e semântica próprias — tecida ao longo dos séculos por requintados sistemas de classificação. 
Ela se nutre da arte da analogia e encontra sentido na sucessão das estações da Natureza, nas figuras míticas das constelações e dos planetas, nas propriedades físicas e químicas dos astros, na variedade de seus movimentos e nas geometrias singulares de suas órbitas. 

NINO: 

 Ou seja, traduz o céu para que o humano compreenda o que está escrito nele... 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
A Astrologia, como linguagem, traduz em termos práticos e úteis as mensagens das estrelas, dos planetas e dos signos — a serviço do autoconhecimento e da harmonia com as forças que nos regem. 

NINO: 

 E ela é antiga, não é? Mais velha que quase tudo... 

SIDERATO: 

 Desde o nascimento das civilizações. 
Cada povo, à sua maneira, conversou com os astros. 
A Astrologia que pratico, chamada de Astrologia Ocidental Tropical, teve suas primeiras formulações na Grécia Antiga, especialmente com Hiparco e Ptolomeu, que reuniram e refinaram saberes de muitas tradições anteriores. 

NINO: 
E desde então... o conhecimento foi passado de geração em geração? 

SIDERATO: 

 Sim — por escolas, mestres, discípulos, livros. 
E embora exista um corpo comum de conceitos, cada astrólogo é, em si, uma Astrologia. 
Porque o mapa que ele lê é também o reflexo de sua própria alma. 
Para mim, a prática é metade conhecimento assimilado... e metade intuição, inspiração, canalização. 

(pausa breve — Siderato recolhe um pensamento, olhando o horizonte) 

A Astrologia transforma a mesma realidade que a Astronomia observa em pura narrativa simbólica. 
Interpreta o movimento dos astros como espelho da jornada humana — onde cada órbita é um destino, e cada planeta, uma voz do cosmos dentro de nós. 

NINO: 

 Mas... esse conhecimento é revelado por inspiração, ou elaborado pela experiência? 

SIDERATO: 

 Foi construído ao longo de milênios — pela observação contínua de milhares de astrólogos, em diferentes culturas, que estudaram a relação entre as posições dos planetas nos signos e casas e as características da personalidade, os ciclos da vida, os ritmos da história. 
Assim como a Astronomia investiga as leis que regem o movimento dos corpos celestes, a Astrologia observa como esses movimentos se refletem na evolução da consciência — acompanhando, no céu, o pulsar da alma humana. 

Quando compreendemos as leis de Kepler, a gravitação de Newton, a precisão da mecânica celeste, ganhamos instrumentos para ler o firmamento com mais lucidez. 
E quando integramos isso à sabedoria simbólica, descobrimos que o céu é também um espelho interior — um mapa do invisível, um roteiro da alma em seu caminho pela Terra. 

A Astrologia oferece uma visão arquetípica e simbólica do ser humano no universo. 
Ao decifrar as sincronias entre os astros e a vida, ilumina potenciais, desafios e caminhos de crescimento. 
É uma sabedoria que nos ensina a viver com mais consciência, empatia e sentido. 

(Siderato caminha lentamente, gesticulando com suavidade) 

Além disso, ela pode até inspirar novas formas de olhar os próprios dados astronômicos. 
As posições zodiacais dos planetas e estrelas não são apenas curiosidades matemáticas — são mapas de tendências, talentos, e campos de destino. 
O estudo dos trânsitos planetários e do céu de nascimento de uma pessoa pode revelar direções preciosas: quando agir, quando recolher-se, quando florescer. 

Por isso, acredito profundamente num campo fértil de diálogo entre a ciência e a Astrologia. 

NINO: 

 (pensativo, quase sussurrando) 
Então... a Astronomia seria a ciência do céu — 
e a Astrologia, a ciência da alma encarnada, refletida nesse mesmo céu. 

SIDERATO: 

 (sorri, com doçura) 
Exatamente. 
E uma pode inspirar a outra. 

A ciência pode oferecer à Astrologia uma base factual sólida; 
e a Astrologia, por sua vez, pode devolver à ciência sua dimensão simbólica, poética e humana — 
aquela que a amplia e a torna mais integral. 
Juntas, podem tecer uma visão mais holística da realidade, 
promovendo não apenas o conhecimento, 
mas o florescimento da consciência — 
e o bem-estar da alma que habita o mundo. 

NINO: 

Excelente, Siderato. Vamos explorar essas ideias com mais profundidade ao longo da nossa conversa. Pessoal, fiquem ligados, porque esta noite promete muitas reflexões interessantes! Não esqueçam de dar seus “likes” para o nosso algoritmo do YouTube e de compartilhar a live! 

Os presentes podem escrever perguntas e comentários — nossa equipe fará uma seleção para que Siderato possa respondê-las à medida que surgirem os temas.  

SIDERATO: 

Será uma satisfação. 

NINO: 

A produção do programa acabou de me informar que, seguindo a sugestão da nossa seguidora assídua Norah, vamos lançar um desafio inédito: faremos uma seleção de cinco personalidades públicas descrentes da Astrologia, indicadas por vocês, para que Siderato realize a interpretação do mapa natal de cada uma delas. 

E atenção — o cachê do astrólogo será pago por nós! 
A única condição é que os escolhidos aceitem, após as consultas, participar de uma entrevista ao vivo, para compartilhar publicamente suas impressões e depoimentos. 

Fiquem à vontade para sugerir nomes nos comentários — podem indicar quantas pessoas quiserem! Depois, uma equipe especializada fará a triagem e escolherá os maiores detratores da Astrologia. 

SIDERATO: 

Topo o desafio! Só coloco uma condição inviolável: que a equipe garanta que os dados de nascimento — hora, dia, mês, ano e cidade — estejam corretos! 

NINO: 

Perfeito! Então, até o final da entrevista, definiremos dez candidatos, entre os quais cinco serão escolhidos por votação. 

Agora chegou o momento mais aguardado: vamos conhecer o que o astrólogo e cientista Siderato tem a nos dizer sobre as afirmações do astrônomo Andrew Fraknoi, da Astronomical Society of the Pacific, em seu texto Your Astrology Defense Kit” traduzido como “Seu Guia de Defesa contra a Astrologia” ou “Seu Kit de Defesa contra a Astrologia”. 

Este material foi traduzido, adaptado e divulgado no Brasil pelos astrônomos João Braga e Carlos A. Wuensche, do Instituto de Pesquisas Espaciais, com permissão da revista Sky & Telescope. 

O artigo, com cinco páginas, foi publicado pela primeira vez na revista Ciência Hoje em 1990 e, posteriormente, no site do Grupo Abril e na revista Superinteressante. 
Na tradução, o texto foi dividido em quatro capítulos: 

  • Capítulo 1 – Introdução: Fraknoi deixa claro seu propósito: instruir astrônomos sobre como responder a perguntas inoportunas a respeito da Astrologia. 

  • Capítulo 2 – As Doutrinas da Astrologia: um resumo do que Fraknoi considera ser a Astrologia e sua história. 

  • Capítulo 3 – Dez Perguntas Constrangedoras: Fraknoi elaboras perguntas e as responde, oferecendo argumentos aos entusiastas da Astronomia diante de questionamentos astrológicos, destacando os pontos contraditórios e polêmicos da Astrologia. 

  • Capítulo 4 – Testando a Astrologia: Fraknoi compartilha pesquisas e testes de outros cientistas que, segundo ele, mostram incongruências, contradições e a falta de resultados verificáveis da Astrologia. 

Siderato, se me permite, vou começar a ler o texto e peço que me interrompa e comente sempre que sentir vontade. 

SIDERATO: 

Conheço esse artigo de Andrew desde 1990, assim como as réplicas que muitos astrólogos têm feito desde seu lançamento na mídia e nas redes. 
Falo também em nome de muitos astrólogos que me inspiraram com suas colocações. 

Cena 2 - Introdução do kit de defesa contra a Astrologia 

(música) 

NINO: 

Começando a ler o artigo de Fraknoi: 

1 Introdução 

Acontece com todos nós, astrônomos profissionais, amadores, ou “aficionados” em geral. Comentamos com alguém o nosso interesse nos céus e rapidamente nos encontramos mergulhados em um debate sobre Astrologia. Para muitos de nós é difícil saber como responder educadamente a alguém que leva a sério esta antiga superstição.  

A revelação de que a programação diária na Casa Branca de Reagan era feita com base nas predições de um astrólogo de São Francisco tem canalizado novas atenções para o problema da alta aceitação pública da Astrologia. Mais do que nunca, os astrônomos estão sujeitos a se defrontarem com desafios a respeito do valor e da eficácia da Astrologia. Neste sentido, eis aqui um guia prático para algumas das respostas que você pode dar a questões levantadas por astrólogos. 

SIDERATO: 

 Interessante começar por aí, Nino. Dá para perceber a boa intenção de Fraknoi — ele quer fornecer aos colegas informações “seguras” para não se sentirem constrangidos diante de perguntas sobre Astrologia. 

NINO: 

 Sim, mas você disse que há problemas nessa abordagem… 

Astrólogos como assessores de governantes, e pessoas públicas famosas 

SIDERATO: 

 Exatamente. Na tentativa de instruir, ele acaba promovendo desinformação, superficialidade e até argumentações preconceituosas, sem considerar metodologias científicas atuais. É curioso, por exemplo, que alguns astrônomos fiquem alarmados ao saber que astrólogos assessoravam a Casa Branca… 

NINO: 

 Quando, na verdade, isso sempre aconteceu com governantes e figuras públicas, certo? 

Astrônomos astrólogos 

SIDERATO: 

 Exato! Desde a Antiguidade até hoje, astrólogos assessoraram reis, políticos, empresários, psicólogos e diversos líderes pelo mundo. Até Johannes Kepler — sim, o mesmo das leis sobre as órbitas planetárias — era astrólogo e assessor do Imperador Rudolph II. Nostradamus aconselhou a corte francesa, Isaac Newton se dedicou à Astrologia e à Alquimia, Tycho Brahe também praticava Astrologia… Esses exemplos mostram como, historicamente, a linha entre Astronomia e Astrologia era muito tênue. 

NINO: 

 Fascinante! E hoje ainda há cientistas que exploram a Astrologia? 

SIDERATO: 

 Sim! São milhares. Eu mesmo comecei a explorar a Astrologia quando jovem, recém-formado em Física e pesquisando na Academia de Ciências de Cuba. Escrevi meu primeiro texto sobre o tema, tentando provar que a Astrologia não tinha fundamento científico. 

NINO: 

 Então você também começou com ceticismo, como Fraknoi 

SIDERATO:  

Completamente. Eu não tinha tempo nem curiosidade para estudar a Astrologia — achava que era superstição ou manipulação comercial. Sabia que fundadores da Astronomia e da Física, como HiparcoPtolomeuKepler Newton, praticavam Astrologia, mas não me perguntava como isso era possível. 

NINO: 
E o que mudou? 

SIDERATO: 

 Minha trajetória mudou quando percebi que a Astrologia não era apenas viva, mas profunda e relevante — e que pessoas públicas, amigos e líderes confiavam seriamente nela. 

Nos anos 70, enquanto participava de grupos multidisciplinares em Cuba, estudando “processos psíquicos não ordinários”, tomei conhecimento de pesquisas na Tchecoslováquia e na União Soviética que revelavam o valor da Astrologia para compreender potenciais e comportamentos humanos para serem usados em Recursos Humanos. Naquele momento, contudo, o preconceito ainda me impedia de mergulhar mais fundo. 

Foi somente anos depois, quando minha mestra de Psicodrama me presenteou com a leitura do meu mapa natal, realizada por uma astróloga de renome, que a luz começou a se acender. Diante das verdades que se revelaram sobre minha própria personalidade e comportamento — muitas delas ainda ocultas à minha consciência —, algo despertou em mim. Foi ali que me tornei um pesquisador apaixonado e comprometido com a Astrologia, reconhecendo seu poder de revelar a essência do ser humano. 

Hipóteses de porque os astrônomos não levam a sério a Astrologia 

NINO: 

 Então você entende por que astrônomos como Fraknoi escrevem de maneira tão equivocada? 

SIDERATO 

 Perfeitamente. Eles não conhecem a magnitude, a sofisticação e a riqueza da Astrologia. E isso explica a superficialidade e a fragilidade das argumentações que produzem.  

NINO: 

 Siderato, um primeiro comentário de uma fiel seguidora do canal, Tatiana Dias de Maranhão: 

 “Ressalto a clara afirmação de taxar a Astrologia como magia e superstição, e não se permitir experimentar, atitude que seria coerente para um cientista. O louco é eles não reconhecerem a existência de tantos cientistas e até astrônomos que são também astrólogos. Siderato, você pode nos contar um pouco sobre Andrew Fraknoi para nos situar?” 

SIDERATO: 

 Certeiro seu comentário, Tatiana. Vou contextualizar. 

NINO: 

 Perfeito, Siderato, nos situe! 

Quem é Andrew Fraknoi? 

SIDERATO: 

 Andrew Fraknoi — segundo a Wikipédia — nasceu em Budapeste, na Hungria, em 24 de agosto de 1948. Em 2025, portanto, tem setenta e sete anos. Ele e sua família fugiram para os Estados Unidos depois da Revolução Húngara de 1956. Tornou-se cidadão americano e formou-se na Bronx High School of Science, em 1966. 
Depois, graduou-se em Astronomia, com especialização em Física, pela Universidade de Harvard, em 1970, e obteve o mestrado em Astronomia pela Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1972. 

NINO: 

 Então ele tem uma formação sólida em Astronomia... 

SIDERATO: 

 Sólida e brilhante. Fraknoi é um cientista e educador premiado, conhecido por traduzir as descobertas e ideias astronômicas para a linguagem cotidiana. Aposentou-se em 2017 como presidente do Departamento de Astronomia do Foothill College, mas continua ativo — ensinando Astronomia e Física em programas para adultos na Universidade de São Francisco e na San Francisco State University. 

Além disso, ele integra o Conselho de Administração do Instituto SETI — aquele que busca sinais de inteligência extraterrestre —, é membro eleito da Academia de Ciências da Califórnia, membro honorário da Sociedade Real de Astronomia do Canadá e participa do Comitê para Investigação Cética. 
E aqui está o ponto delicado: Fraknoi tem um interesse especial em desmascarar a Astrologia e outras práticas que ele considera pseudociências. 

NINO: 

 Ah, então é um dos que atacam a nossa arte celeste... 

SIDERATO: 

 Sim — mas curiosamente, é também um homem sensível às artes. Fraknoi sempre buscou unir Arte e Astronomia. É reconhecido por sua abordagem multidimensional e pela paixão em tornar o conhecimento cósmico acessível a todos. 
Seu curso mais famoso, Física para Poetas — carinhosamente apelidado de Einstein sem lágrimas — foi um sucesso extraordinário. Nele, os alunos aprendiam as bases da física moderna que Einstein ajudou a criar e, ao mesmo tempo, liam romances, contos e poemas, além de ouvirem músicas inspiradas em suas ideias. O curso recebeu, em 2005, o prêmio de “Inovação do Ano” da Liga para a Inovação. 

Quando ele se aposentou, em 2017, a presidente do Foothill College enviou um comunicado dizendo que seria a última chance de participar dessa experiência mágica. 
Fraknoi também ofereceu outros cursos para alunos de áreas não científicas — sempre buscando conectar o conhecimento às emoções humanas. 

Em 2007, foi narrador da suíte Os Planetas, de Gustav Holst, com a Orquestra Sinfônica da Califórnia, e voltou a fazê-lo em 2017 com a Orquestra Sinfônica da Península. 
Tem ainda uma paixão antiga pela ficção científica “astronomicamente correta” — inclusive escreveu oito contos do gênero e organizou uma lista imensa de obras que unem ciência e imaginação. 

NINO: 

 Um astrônomo poeta, então... 

SIDERATO 

 Exatamente. Um homem que enxerga a beleza do cosmos, mas ainda não percebeu o sentido simbólico que o habita. 
É por isso que — confesso — venho me esmerando para que ele acorde, antes de partir desta vida, para a seriedade, utilidade e beleza da Astrologia. 

NINO: 

 Uau! Parece um homem admirado... 

SIDERATO: 

 Sim! Tão querido e respeitado que o asteroide 4859 recebeu o nome de Asteroide Fraknoi pela União Astronômica Internacional — em homenagem à sua dedicação em compartilhar a Astronomia com estudantes, professores e o público. 
Ele até brinca dizendo que o pequeno asteroide orbita pacificamente entre Marte e Júpiter, “sem perigo para a Terra”. Um humor típico de quem nasceu com espírito alegre e mente analítica. 

NINO: 

 Sua vida reflete algum traço astrológico no mapa dele? 

 

SIDERATO: 

 Ah, sim. Vamos interpretar o básico do mapa natal, tendo em conta que só podemos falar da posição dos planetas nos signos por não ter a hora de nascimento dele. 
Usei os dados de nascimento disponíveis na Wikipédia — 24 de agosto de 1948, Budapeste — e, por ser uma figura pública, considerei o meio-dia como referência. 
O resultado é um mapa revelador. 

Primeiro: o Sol em Virgem, conjunto à estrela Regulus, no limite entre Leão e Virgem. 
Isso explica o brilho que o acompanha — o mestre admirado, o organizador de saberes, o que busca excelência e clareza. 
É um Sol que combina o poder régio de Regulus com a modéstia virginiana: alguém que precisa servir à verdade, mas teme o erro como quem teme o pecado. 
Daí sua paixão em traduzir a ciência “sem lágrimas”, e sua intolerância com o que não pode ser medido. 

NINO: 

 Como se a precisão fosse uma forma de fé... 

SIDERATO: 

 Exato. E veja: Mercúrio em Virgem, em quadratura com Júpiter em Sagitário. 
Aqui está o centro de sua mente cética. Mercúrio, o analista, busca fatos; Júpiter, o visionário, busca sentido. 
Quando estão em tensão, o resultado é um pensador que expande o raciocínio, mas desconfia das metáforas — um divulgador brilhante, mas impaciente com o simbólico. 
Ele quer a sabedoria, mas só se ela couber num gráfico. 

NINO: 

 (rindo) Um poeta que exige rodapé com referência científica... 

SIDERATO: 

 (risos) Perfeitamente! 
Agora, a Lua em Áries mostra seu entusiasmo, sua chama contagiante, a paixão com que ensina e defende ideias. 
Mas essa Lua está em oposição a Marte em Libra — o guerreiro intelectual que luta pelo equilíbrio, mas, no fundo, se irrita com o que considera desordem. 
Esse aspecto cria um fogo constante entre o impulso e a diplomacia — o cientista combativo que, ao combater o “irracional”, acredita estar protegendo a harmonia. 

Há também um trígono luminoso entre Júpiter em Sagitário e a Lua em Áries — o educador inspirador, o homem que fala com entusiasmo quase religioso sobre o cosmos. 
E no entanto, o Nodo Norte em Touro o ancora na realidade tangível: ele precisa ver, tocar, comprovar como São Tome. É o caminho evolutivo de quem busca estabilidade e segurança no mundo material. 

Por outro lado, Marte e Netuno em Libra mostram um lado artístico e sensível — o músico, o narrador de Os Planetas de Holst, o criador de pontes entre arte e ciência. 
Vênus em Caranguejo revela a ternura e o desejo de proteger o conhecimento, como se a verdade fosse um filho a ser nutrido. 

Mas veja a contradição mais profunda: 
Sol em Virgem em conjunção com Saturno em Leão. 
O astro da vida unido ao senhor do limite — o brilho disciplinado, o poder contido. Ele precisa controlar o caos. 
Daí talvez seu desconforto com a Astrologia, que é viva, mutável, simbólica... 
Para sua mente virginiana, o Céu deve obedecer às leis da física, não aos enigmas da alma. 

NINO: 

 Então a crítica dele nasce do mesmo impulso que o faz ensinar com tanto amor? 

SIDERATO: 

 Sim, Nino. 
Seu ceticismo é, no fundo, uma forma de devoção — o amor pela ordem celeste, só que sem a poesia dos mitos. 
Ele quer libertar o homem da superstição, como Galileu; mas talvez não perceba que os astros que ele observa com telescópios são os mesmos que, há milênios, observam o coração humano. 

NINO: 

 E você quer que ele desperte para isso... 

SIDERATO: 

 Sim. Antes que o asteroide que leva seu nome siga girando sozinho... sem que ele perceba que também ele é parte da mesma dança simbólica que tanto rejeita. 

NINO: 

 É… realmente, a Astrologia é uma linguagem. E sem estar iniciado nela é difícil entender o que ela quer dizer. 

SIDERATO: 

 Exatamente, Nino. 
E é por isso que, mais adiante, vamos explicar com mais calma o que significam os signos, os planetas e os aspectos — para que o público, e especialmente os céticos, possam compreender que a Astrologia não é superstição, mas uma linguagem simbólica precisa, que fala da correspondência entre o Céu e a Terra, entre a ordem cósmica e a alma humana. 
Sem essa chave de leitura, tudo parece vago ou absurdo — e talvez por isso tantos rejeitem o que não conhecem. 

NINO: 
E no caso de Fraknoi, você acha que é isso? 

SIDERATO: 

 Em parte, sim. Mas também há algo mais profundo. 
Precisamos considerar a coerência entre o homem e o seu mapa. Se os dados de nascimento estão corretos, podemos compreender como alguém com tamanha inteligência e sensibilidade artística pôde escrever um artigo tão rígido e redutor. 
Ele o chamou de “Seu Kit de Defesa contra a Astrologia” — e o apresentou como um guia para que astrônomos saibam “como responder às perguntas levantadas por astrólogos”. 
O curioso é que, ao exigir método científico dos outros, ele próprio escreveu um texto sem método algum — baseado em opiniões, não em pesquisa. Um gesto movido mais por convicção do que por investigação. 

NINO: 

 Ou seja… o astrônomo esqueceu de observar o próprio céu interior. 

SIDERATO: 

 (rindo com ternura) 
Exato. 
Fraknoi é um virginiano exemplar: disciplinado, brilhante, prático — mas prisioneiro de sua necessidade de precisão. 
Para ele, o Cosmos é uma máquina elegante, não um espelho da alma. 
Acredita no universo como fenômeno, não como símbolo. 
E sua Lua em Áries, em oposição a Marte em Libra, reforça esse impulso de lutar — lutar por clareza, lutar contra o que ele sente caótico. 
Ele combate a Astrologia não porque a entenda, mas porque ela lhe provoca algo que ele não pode medir. 
E, no fundo, essa é uma forma de defesa emocional. 

NINO: 

 Uma defesa… contra o invisível? 

SIDERATO: 

 Sim, contra o invisível e o imensurável. 
Fraknoi viveu a infância em tempos de revolução e fuga — precisou, desde cedo, confiar no que é seguro, comprovável. Seu Nodo Norte em Touro o chama a construir certezas palpáveis, e ele o fez com maestria. 
Mas o preço foi se afastar da dimensão simbólica, onde o mistério vive. 

NINO: 

 E foi aí que nasceu sua necessidade de responder a ele? 

SIDERATO: 

 Sim, Nino. Desde que li aquele artigo, nasceu em mim uma urgência: mostrar que a Astrologia não é inimiga da ciência — é apenas outro tipo de olhar. 
Quis oferecer uma resposta que não fosse uma disputa, mas uma ponte. 
Uma tentativa de revelar o que talvez Fraknoi nunca tenha experimentado: olhar para si mesmo através de seu mapa natal, e perceber que, mesmo entre átomos e estrelas, o humano continua sendo o grande mistério que pulsa. 

NINO: 

 Interessante… E você se ofereceria para fazer essa leitura? 

SIDERATO: 

Com imensa alegria. Seria uma verdadeira satisfação. Tenho certeza de que ele vai acolher o gesto com o coração aberto e se encantar com o que o mapa pode revelar sobre sua própria essência e potenciais. 
Consigo até imaginar sua emoção ao perceber a beleza simbólica por trás dos astros — talvez esse toque o leve a uma reflexão profunda, quem sabe até a uma retratação pública, como um ato de lucidez e humildade antes de sua partida. 
Seria uma bênção para ele, e para todos que o admiram. Afinal, dedicou toda a sua vida a ensinar sobre o cosmos, a inspirar os jovens com a linguagem da Astronomia e da Ciência. Um encontro assim poderia se transformar num gesto de reconciliação entre dois mundos — o da razão e o do espírito — unidos pelo mesmo amor ao céu. 

NINO: 

Que cena bonita essa… ver Fraknoi se reconciliar com a Astrologia, permitir-se sentir o que ela tem de sagrado e luminoso… ser tocado por esse saber antigo que, afinal, também fala das estrelas que ele tanto ama. 
Seria um instante de verdadeira integração — onde o olhar científico encontra o olhar da alma, e ambos reconhecem a mesma harmonia cósmica. 

SIDERATO: 

Eu também sonho com essa cena. Tenho certeza de que será uma grande alegria para sua alma. 

NINO: 

 Faz todo sentido… E como foi se colocar no lugar dele? 

SIDERATO: 

Já estive nesse lugar. Sei o peso da vergonha silenciosa, de perceber que defendemos ideias precipitadas, com boa intenção, mas enraizadas numa visão limitada, estreita e preconceituosa. Mas também sei o poder libertador de reconhecer isso, Nino… abrir espaço para aprender, expandir e enxergar a profundidade que antes nos escapava. 

NINO: 

 Interessante… você transformou ceticismo em aprendizado e generosidade. 

SIDERATO: 

 Exato, Nino. É sobre reconhecer que, mesmo com intenção nobre, podemos estar cegos para dimensões profundas do conhecimento humano — e sempre há espaço para corrigir e evoluir. 

NINO: 

 A seguir, dois comentários de participantes. 

De Felipe Silva, de Cascavel, Paraná: 
“Gostei muito da proposta, Siderato. Pessoalmente, quero encontrar uma forma de entrar em contato com o Fraknoi, para que ele possa assistir a este vídeo e, quem sabe, aceitar uma leitura pública do seu mapa natal. Poderíamos até incluir a interpretação dos mapas de seus familiares, para que ele perceba como a leitura se ajusta à personalidade de cada um.” 

SIDERATO: 

 Excelente ideia, Felipe — tomara que consiga e que ele aceite o convite. 
Que esta entrevista chegue também a todos os cientistas e aos que ainda duvidam da Astrologia. 
Fazemos isso porque acreditamos que a Astrologia é, de fato, profundamente útil — uma linguagem viva entre o Céu e a Terra. 

NINO: 

 Eu também faço questão de convidar o Fraknoi e, se ele aceitar, poderemos interpretar seu mapa natal ao vivo aqui no canal. 
Veja outro comentário, que tem tudo a ver: 

De Lilian Okasaki, de São Paulo, Brasil: 
“É verdade, Siderato. Muitas vezes, as pessoas que criticam a Astrologia o fazem sem um conhecimento profundo sobre o tema. É uma pena que alguém tão inteligente e nobre como Andrew Fraknoi possa ter uma visão tão limitada — e talvez até preconceituosa — em relação à Astrologia. 
Agora entendo o seu propósito: você, que um dia também foi cético como ele, quer que ele tenha a chance de conhecer esta importante ferramenta. 
Tomara que Fraknoi possa perceber, ainda em vida, o quanto a Astrologia contribui para iluminar a relação entre o céu e a vida na Terra. 
Prevejo que ele, assim como muitos outros astrônomos, depois de assistir a esta conversa, se torne praticante e divulgador da Astrologia, colocando seus talentos e seu desejo de servir à juventude e às pessoas a favor dessa arte. 
Falo isso como alguém que, há cerca de vinte anos, também era descrente — e hoje se tornou uma verdadeira admiradora da Astrologia.” 

SIDERATO: 

 Torço junto, Lilian. 
Acredito sinceramente que, se Fraknoi se aprofundasse e estudasse o tema com a mente e o coração abertos, descobriria nuances e complexidades muito além do que imagina. 
Com seu talento e sua vontade de inspirar os jovens, ele poderia se tornar um grande divulgador da Astrologia, unindo ciência e sabedoria simbólica. 
Espero de verdade que ele aceite o convite. 
Afinal, a Astrologia não se resume às colunas de horóscopo nos jornais — ela é um sistema milenar de autoconhecimento, que exige dedicação, estudo e sensibilidade. 
Há um verdadeiro tesouro de informações nos mapas natais, nos trânsitos planetários e nas relações entre os ciclos do céu e as experiências da alma. 
Mas, para compreender tudo isso, é preciso abrir a mente — e se permitir explorar os horizontes que existem além do que já se sabe. 

Astrologia e Autoconhecimento 

NINO: 

 Comentário do jovem astrônomo cubano Octavio Guerra, direto de Miami: 

Siderato, fico pensando: para alguém realmente aproveitar o que uma interpretação astrológica tem a oferecer, não é preciso já ter um certo grau de autoconhecimento? Quero dizer — se a pessoa nunca praticou a auto-observação, como poderá reconhecer em si as tantas facetas que o mapa natal pode revelar?” 

SIDERATO: 

 Excelente reflexão, Octavio. 
Sim, a Astrologia oferece espelhos simbólicos, mas é o olhar consciente que os faz refletir a alma. O mapa mostra as potencialidades, os conflitos, as tendências — mas só o autoconhecimento permite que esses símbolos ganhem vida. 
Sem essa escuta interior, o mapa pode parecer apenas uma descrição abstrata; com ela, torna-se um verdadeiro roteiro de desenvolvimento pessoal. 
Em essência, a Astrologia não diz “quem somos”, mas nos ajuda a lembrar quem podemos ser — e esse lembrete só é compreendido por quem se dispõe a se olhar com sinceridade e curiosidade. 
Por isso, o trabalho do astrólogo é, antes de tudo, o de despertar essa consciência no outro. O mapa é o instrumento; o autoconhecimento, a chave que o faz soar. 

NINO: 

 Mas, Siderato, a observação de Octavio é real. Existem pessoas que, de fato, têm dificuldade de se reconhecer e identificar suas próprias potencialidades. Para elas, uma interpretação astrológica pode soar vaga ou até absurda — parece falar de algo que não se aplica a elas, e elas se afastam, sem perceber a riqueza simbólica que está ali. 
É como se o mapa estivesse escrevendo em outra língua, e sem a chave do autoconhecimento, a leitura só provoca confusão ou ceticismo. 

SIDERATO: 

 Exatamente, Nino. E é aí que reside o desafio e a beleza da Astrologia: ela nos encontra onde estamos, mas não nos força a ver tudo de imediato. 
Alguns podem se sentir estranhos aos símbolos, porque ainda não desenvolveram a prática da auto-observação ou não cultivaram a escuta interna. Mas isso não significa que o mapa está errado — significa apenas que a pessoa ainda não está pronta para decodificá-lo completamente. 
É como uma semente lançada em solo difícil: talvez não brote agora, mas, com tempo, cuidado e reflexão, pode germinar e florescer de formas surpreendentes. 
E, muitas vezes, é justamente essa sensação de estranhamento inicial que desperta a curiosidade, a pergunta interna: “Será que há algo aqui que ainda não compreendo em mim mesmo?” 
Então, o primeiro passo não é convencer, mas abrir a porta da percepção. O mapa é um guia, e a consciência, a chave que permite atravessar essa porta. 

NINO: 

 Os comentários não param… a torcida é grande. Olhem este de Annete Krebs, astróloga de São Paulo: 

“Seria incrível se Fraknoi tivesse essa experiência. Mas Siderato, cuidado para não se iludir. Há pessoas que parecem bloqueadas, seja por condicionamentos internos, seja por ecos de vidas passadas, de experiências em que a Astrologia foi proibida. 
Não podemos esquecer que a Igreja Católica, certas correntes pentecostais, as Testemunhas de Jeová, o Islã e muitas outras tradições negaram ou baniram a Astrologia. Mesmo que este livro de Siderato ou vídeo do podcast cheguem até Fraknoi, ele talvez nem se dê ao trabalho de abrir — ainda que pessoas próximas o incentivem. E se ler, talvez não mude de opinião imediatamente, mas com tempo, reflexão e abertura, quem sabe?” 

SIDERATO: 

 Annete, seu comentário é precioso. A Astrologia sempre teve sua história de censura: na Idade Média, astrólogos eram acusados de heresia, livros foram queimados, saberes ocultados. Muitas vezes, a própria cultura científica a ignorou ou a tratou com desdém. 

Mas é exatamente por isso que o gesto de apresentar o mapa de Fraknoi tem um valor simbólico enorme. Não se trata de convencer, mas de mostrar que a Astrologia é ponte — entre ciência e alma, entre razão e espírito. 
Mesmo que ele resista, mesmo que seu primeiro olhar seja de dúvida, a semente está plantada. E semente, você sabe, pode germinar silenciosa, mas profundamente, até florescer em compreensão e reconhecimento. 

NINO: 

 Consigo imaginar a cena… todos nós segurando a respiração enquanto Fraknoi abre o livro ou o vídeo. O silêncio, o olhar atento, o coração batendo mais rápido… e então, talvez, um sorriso de surpresa. Quem sabe até o começo de um diálogo interno, uma abertura inesperada, um despertar. 
Seria uma pequena revolução silenciosa, mas de grande significado: a ciência e a alma conversando, o passado de censura encontrando o futuro da compreensão. 

SIDERATO: 

 Exato, Nino. Tenho certeza de que, se acontecer, será uma alegria profunda — não só para Fraknoi, mas para todos que acreditam que o céu pode falar com a Terra, de formas que a razão sozinha jamais alcançaria. 

O método científico e a Astrologia 

NINO: 

 Comentário de Surya Dakini, direto do Pantanal, Brasil: 

Siderato, em termos de método científico, qual é a diferença entre a Astrologia e a Astronomia?” 

SIDERATO: 

 Ah, Surya Dakini… tocaste no ponto mais delicado — e, talvez, o mais necessário. 
Tenho certeza de que, se Andrew Fraknoi estivesse conosco agora, ele perguntaria: 

“Onde vemos o método científico na prática astrológica?” 

NINO (com leve ironia): 

 Sim, essa pergunta já paira no ar… e muita gente aqui deve estar curiosa com a tua resposta. 

SIDERATO: 

 Pois bem. 
A condenação da Astrologia por parte dos astrônomos e cientistas não nasce da aplicação rigorosa do método científico, mas da imposição autoritária de um único sistema de pensamento. 
Afinal, o que chamamos de “ciência” vem sendo reformulado — e já mostra sinais de que não se apoia apenas na razão e nos resultados objetivos. 

NINO: 

 Quer dizer… a ciência também é um produto histórico? 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
Ela é uma tradição cultural — uma entre muitas formas humanas de conhecer o real. 
E se olhares a vida dos grandes cientistas, verás o quanto o mistério, a intuição e até a magia participaram de suas descobertas. 

NINO: 

 Mas… então não há um único método científico? 

SIDERATO: 

 Não, Nino. 
Não há um método universal. Cada ciência cria a sua via de acesso à realidade. 
Por isso, nenhuma deve se considerar “superior” às demais. 

(pausa breve, Siderato caminha lentamente, como quem pensa em voz alta) 

A Epistemologia — esse ramo da filosofia que estuda o conhecimento — pergunta: 

“O que significa saber algo?” 
“Como podemos ter certeza de que algo é verdade?” 

Ela examina não só o que sabemos, mas como sabemos. 
E é aí que o mérito epistemológico aparece: o valor de um método na produção de conhecimento confiável. 

NINO (interrompendo, curioso): 

 Então… o “mérito epistemológico” seria como o “grau de confiabilidade” de um método? 

SIDERATO: 

 Sim, de certo modo. 
Um método tem mérito epistemológico quando é rigoroso, coerente, reproduzível — mas isso não quer dizer que apenas o método empírico o possua. 
A ciência materialista conquistou sua autoridade não por mérito puro, mas por força histórica e social. 
Ela se impôs como verdade única. 

NINO (anotando, pensativo): 

 E aqui entra Galileu… 

SIDERATO: 

 Bravo! 
Entre 1608 e 1640, quando Galileu fundava a ciência moderna, Plutão — símbolo do poder — estava em Touro, signo da realidade concreta. 
E em tensão com Saturno em Aquário: o velho mundo sendo desafiado pelo novo. 
Urano, o planeta da revolução, estava em Gêmeos — a mente humana se expandia. 
Era o nascimento do olhar racional, um avanço imenso mas também o início de um reducionismo. 

NINO (entusiasmado): 

 E agora, com Plutão voltando a Aquário… estamos vendo outro giro, não? 

SIDERATO: 

Precisamente. 
Como no Iluminismo, quando a razão libertou o pensamento do dogma religioso — agora a intuição e o encantamento vêm libertar a razão do seu próprio dogma. 
Estamos entrando num tempo em que a racionalidade não será mais o único caminho legítimo. 

NINO (sorri): 

 Então… a magia volta à mesa? 

SIDERATO (com humor sereno): 

 Nunca saiu dela, meu caro. 
Apenas foi silenciada. 

(breve silêncio entre ambos — o público sente o ar mudar) 

A rejeição da Astrologia no século XVII não se deu por falta de validade, 
mas por manutenção de poder. 
O “establishment” científico quis garantir o monopólio da verdade — 
e a Astrologia, com seu caráter simbólico e poético, foi excluída. 

NINO (aproxima-se, intrigado): 

 Mas, Siderato… isso não seria apenas uma disputa de crenças? 

SIDERATO: 

 É mais do que isso. 
É uma disputa epistemológica e política. 
A fronteira entre ciência e não-ciência é uma construção de poder, 
não uma verdade absoluta. 

Podemos observar a história das civilizações — 
ou o destino de uma pessoa — 
seguindo os trânsitos planetários e suas sincronicidades com os fatos da Terra. 
Isso é observação empírica também, ainda que num outro idioma. 

NINO (com doçura): 

 Mas então… qual seria o verdadeiro “julgamento epistemológico” da Astrologia? 

SIDERATO (sorri, olha o horizonte): 

 Ah, Nino… essa é a pergunta certa. 
E é por ela que vale continuar a conversa. 

Julgamento Epistemológico  

(Siderato fala com calma e gravidade; Nino o escuta com olhos curiosos, anotando em seu caderno) 

NINO: 

 Siderato, explica-me algo… o que quer dizer, exatamente, um julgamento epistemológico sobre a Astrologia? 

SIDERATO: 

 Um julgamento epistemológico, Nino, é como um tribunal do conhecimento. 
Ele pergunta: esta teoria está apoiada por dados experimentais? 
Pode fazer previsões precisas? 
É coerente por dentro? 
E, sobretudo, dialoga com os outros saberes já consolidados? 

No caso da Astrologia, o desafio é que ela lida com forças sutis, simbólicas, com muitos fatores incontroláveis entre Céu e Terra. É difícil definir uma relação de causa e efeito — não porque ela não exista, mas porque não se manifesta dentro do modelo linear que a ciência moderna exige. 

NINO: 

 Então o problema é mais de linguagem do que de verdade? 

SIDERATO: 

 Exatamente. A Astrologia não fala a língua da matéria, mas do significado. 
E o materialismo clássico ainda se inquieta com aquilo que não pode medir — mesmo que possa ser sentido. 

Historicamente, várias formas de saber coexistiram. Houve um tempo em que o astrônomo e o astrólogo eram o mesmo ser. Mas o poder institucional da ciência, ao definir o que é “válido”, criou fronteiras que nem sempre são epistemológicas… às vezes são políticas, culturais ou econômicas. 

NINO: 

 Políticas? No campo da ciência? 

SIDERATO: 

 Claro. 
As decisões sobre o que é conhecimento legítimo refletem relações de poder, interesses e valores. 
E quando o poder define o que pode ser dito, a diversidade do saber se empobrece. 

Considerações éticas 

NINO: 

 E quanto às questões éticas que mencionaste? 

SIDERATO: 

 Ah, as considerações éticas… são o coração dessa disputa. 
Falam do que é justo, do que é responsável, do que é honesto no uso do conhecimento. 
Mas também podem ser manipuladas — usadas para justificar a exclusão de perspectivas que ameaçam a ordem dominante. 

NINO: 

 Como isso se manifesta em relação à Astrologia? 

SIDERATO: 

 De muitas formas. Os astrônomos, por exemplo, levantam questões éticas legítimas: 

  1. Responsabilidade. 
    Quem responde pelas previsões astrológicas? Elas podem influenciar vidas, e por isso  exigem cuidado e consciência. 

  1. Justiça. 
    Muitos cientistas temem que dar à Astrologia o mesmo espaço da ciência experimental seja injusto — que as pessoas tomem decisões com base em crenças sem  prova empírica. 

  1. Autonomia. 
    Há quem duvide que os astrólogos tenham a liberdade intelectual necessária para validar seus métodos, por estarem fora do modelo científico. 

  1. Beneficência. 
    A preocupação em não causar dano — acreditam que práticas astrológicas possam afastar as pessoas de recursos médicos ou psicológicos comprovados. 

  1. Honestidade. 
    Pedem mais transparência sobre os limites do que a Astrologia pode ou não prever. 

  1. Privacidade. 
    E há o receio de invasão — já que a leitura astrológica pode revelar aspectos íntimos da alma humana. 

Todas essas preocupações têm peso. Mas também revelam uma tensão: 
a ética é usada tanto para proteger quanto para censurar. 

NINO: 

 Então, em vez de diálogo, há uma disputa por poder? 

SIDERATO: 

 Sim. A ciência moderna, ao se tornar norma, esqueceu que ela mesma nasceu da diversidade de métodos e olhares. 
A Astrologia foi marginalizada não por ser vazia, mas por ser incômoda — por lembrar que o ser humano é parte do cosmos, não apenas seu observador. 

Pensa: no século XVII, quando Luís XIV criou a Academia de Ciências, a Astrologia foi excluída. E, durante o Iluminismo, chegou-se a proibir os almanaques astrológicos. A luz da razão, ironicamente, projetou uma nova sombra. 

NINO: 

 E qual seria a saída, então? 

SIDERATO: 

 O pluralismo, Nino. 
Reconhecer que não existe um único método capaz de abarcar todos os fenômenos. 
A ciência é uma das linguagens da verdade — mas não a única. 

Uma ciência realmente ética e madura deveria incluir a diferença, não a anular. 
Deveria compreender que o conhecimento é um jardim — não uma muralha. 

Universidades que incluem a Astrologia em seus currículos 

NINO: 

 E, hoje, existem universidades que estudam Astrologia com seriedade? 

SIDERATO: 

 A Astrologia sobreviveu a séculos de exílio — porque continua a responder a uma sede que a razão, sozinha, não sacia. 

[Siderato olha para o céu] 

Enquanto houver estrelas, Nino, haverá quem as escute. Sim, Nino. 

São poucas as universidades que incluem a Astrologia em seus currículos. Isso se deve, em grande parte, à histórica exclusão da Astrologia pelas instituições acadêmicas e científicas desde o século XVII. A ciência moderna, com sua ênfase nos métodos científico e empírico, marginalizou a Astrologia, considerando-a uma pseudociência. 

No entanto, algumas universidades ao redor do mundo têm começado a reintroduzir estudos de Astrologia em seus programas, principalmente em departamentos de estudos religiosos, culturais ou esotéricos. Nesses contextos, a Astrologia é estudada mais como um fenômeno cultural e histórico do que como uma ciência empírica. 

NINO: 

 Como assim? Pode dar exemplos? 

SIDERATO: 

 Claro. Na Índia, a Astrologia Védica é ensinada em várias universidades, sendo considerada uma importante tradição cultural. 
Em países ocidentais, algumas instituições oferecem cursos de extensão ou programas de educação continuada sobre Astrologia — embora esses cursos sejam raros e não façam parte dos currículos científicos regulares. 

No Brasil, algumas universidades incluem a Astrologia na formação de psicólogos e historiadores. 
E são muitos os psicólogos, psiquiatras, historiadores e sociólogos que fazem uso da Astrologia como uma técnica poderosa de informação, conhecimento e procedimento de cura. 

Além disso, existem escolas de formação de astrólogos em todos os países, frequentadas também por profissionais como psicólogos, psiquiatras, sociólogos, historiadores, agentes de recursos humanos, investidores e empresários que usam a Astrologia em suas profissões. E todo astrólogo famoso mantém seus próprios cursos. 

Hoje, há também muito material publicado, uma infinidade de conteúdos nas redes sociais, e a Inteligência Artificial, processando informações de acordo com o interesse do pesquisador, oferece ferramentas inéditas para aprendizado, análise e prática astrológica. 

NINO: 

 Então, não é só superstição ou prática esotérica? 

SIDERATO: 

 Não, Nino. A inclusão da Astrologia em currículos acadêmicos mais amplos ainda é um assunto controverso. 
Muitos defensores argumentam que estudar a Astrologia proporciona uma compreensão mais profunda das influências culturais e históricas que moldaram o pensamento humano ao longo dos milênios. 

Além disso, uma abordagem mais inclusiva e pluralista na educação pode enriquecer o debate acadêmico e promover maior respeito pela diversidade de sistemas de conhecimento. 

NINO: 

 E como avançamos nesse diálogo? 

SIDERATO: 

 É importante promover o diálogo aberto e respeitoso entre diferentes disciplinas e tradições de conhecimento. 
Somente assim poderemos avançar para uma compreensão mais completa e integrada do mundo e das várias maneiras pelas quais as pessoas o interpretam. 

Declaração contra a aceitação da Astrologia como disciplina, publicada no The Humanist 

NINO: 

 Participação da astróloga e cientista social Christiane Araújo, do Brasil: 

É fato a sabotagem dos cientistas clássicos à prática da Astrologia. Lembremos que, em 1975, 186 cientistas assinaram uma declaração, publicada no The Humanist, contra a aceitação da Astrologia como disciplina, alegando a falta de fundamento científico. Tal declaração, assim como o Kit de Fraknoi, tem um tom autoritário e argumentos superficiais, parecendo ironicamente uma bula medieval, que ataca os perigos que a prática da Astrologia pode ocasionar nos crentes. E, neste sentido, a Igreja Católica se une aos cientistas conservadores. 

SIDERATO: 

 Christiane, sua observação é muito pertinente. Os cientistas que assinaram essa declaração — assim como os dirigentes religiosos que condenam a Astrologia — desconhecem tanto os fundamentos e utilidades da Astrologia quanto as concepções modernas da Astronomia e das ciências exatas, sociais e psíquicas. 

Ressaltemos: Carl Sagan, embora crítico da Astrologia, recusou-se a assinar essa declaração por considerá-la autoritária. Ele defendia que a ausência de um mecanismo explicativo não legitima a classificação imediata da Astrologia como pseudociência. 

NINO: 

 Interessante! Então ele via o problema mais na forma de julgar do que no conteúdo em si? 

SIDERATO: 

 Exatamente, Nino. A rejeição da Astrologia pelas comunidades científica e religiosa conservadoras é mais uma questão de poder e autoridade do que fruto de análise baseada em conhecimento profundo e investigação rigorosa. 

NINO: 

 Para exemplificar, vejamos o tom do manifesto publicado na The Humanist, que provavelmente inspirou Fraknoi em seu artigo: 

 

Antigamente, as pessoas acreditavam nas predições e nos conselhos dos astrólogos porque a Astrologia fazia parte da sua visão mágica do mundo. Elas consideravam os objetos celestes como morada ou augúrio dos deuses e, portanto, intimamente ligados aos eventos terrestres. Eles não tinham ideia das vastas distâncias da Terra aos planetas e estrelas. Atualmente essas distâncias são calculadas, e é possível saber como são infinitamente pequenos os efeitos gravitacionais e de outras naturezas produzidos pelos distantes planetas e pelas ainda mais distantes estrelas. É simplesmente um erro imaginar que forças exercidas por estrelas e planetas no momento do nascimento podem de alguma maneira delinear nossos futuros. Também não é verdade que a posição de corpos celestes distantes torne certos dias ou períodos mais favoráveis a determinados tipos de ação, ou que o signo sob o qual se nasceu determine a compatibilidade ou incompatibilidade com as outras pessoas. 

Por que as pessoas acreditam em Astrologia? Nesses tempos de incerteza, muitos precisam do conforto de uma orientação na tomada de decisões. Eles gostariam de acreditar em um destino predeterminado por forças astrais além de seu controle. No entanto, nós precisamos enfrentar o mundo e perceber que nosso futuro reside em nós mesmos, e não nas estrelas. 

Esperar-se-ia que, em uma época de ampla difusão de informações e educação, não fosse necessário destronar crenças baseadas em magia e superstição, entretanto, a aceitação da Astrologia invade a sociedade moderna. Estamos especialmente preocupados com a disseminação acrítica contínua de mapas astrológicos, previsões e horóscopos pela mídia e por jornais, revistas e livros de reputação. Isso só pode contribuir para o crescimento do irracionalismo e do obscurantismo. Acreditamos que chegou a hora de contestar, direta e energicamente, as afirmações pretensiosas dos charlatães da Astrologia. 

É preciso esclarecer que as pessoas que continuam tendo fé na Astrologia o fazem independentemente do fato de não haver base científica comprovada para suas crenças e, na verdade, o que há é uma forte evidência do contrário. (Kurtz, 1975, p.4) 

SIDERATO: 

 Nesse texto, Nino, estão descritas as mesmas ideias do capítulo 2 do Kit. Esses astrônomos ficam incomodados pelo fato de a Astrologia mostrar tendências, e não prever acontecimentos definidos. Outras ciências, como a Genética, também trabalham apenas com tendências. 

O que os perturba são as interpretações “contraditórias” ou diferentes de uma mesma situação astrológica. E, sobre isso, testes psicológicos e a psicanálise não são menos polêmicos. 

NINO: 

 Então a crítica não é ao método, mas ao que foge ao controle deles? 

SIDERATO: 

 Exato. Acatamos a prática da Astrologia muitas vezes por indivíduos limitados, que distorcem ideias profundas em caricaturas, reduzindo-a a regras ingênuas ou frases prontas. Não se esforçam em explorar novos horizontes ou aumentar nosso saber sobre influências extraterrenas. 

Mas o verdadeiro problema não está na Astrologia — está na ignorância, vaidade e desejo de poder de quem a critica. 

A Astrologia esclarece a complexidade da personalidade e dos fatos do mundo. Lida com contradições, trabalha com tendências, e não com acontecimentos fixos — e é justamente isso que a diferencia. 

Hoje, vivemos um novo contexto: a ciência passa a ser entendida como objeto histórico. São as práticas de pesquisa que definem a metodologia e sua própria ontologia. Não seguimos regras fixas; as constituímos e modificamos ao longo da pesquisa. O significado das regras emerge do uso, não nos é dado a priori. 

NINO: 

 Então chamar a Astrologia de pseudociência hoje é... desatualizado? 

SIDERATO: 

 Mais que desatualizado, Nino. É, ou uma plataforma política, ou um discurso epistemológico anacrônico. A falência dos modelos normativos da filosofia da ciência nos mostra que não existe uma única via para o conhecimento. A Astrologia, assim como outras formas de saber, precisa ser avaliada dentro de seu próprio contexto, com profundidade e abertura. 

NINO: 

Comentário de Ana Rubia de Melo, artista e cientista de Rio de Janeiro: 

Siderato, depois de refletir mais sobre nossa conversa, percebi uma coisa: talvez o maior obstáculo não seja a astrologia em si, mas como ela é apresentada. Quando vejo alguém perguntar “qual é o seu signo?” como se isso explicasse minha personalidade ou meu destino… bem, confesso que rio. Não por arrogância, mas por frustração. Parece uma simplificação tão grande da complexidade humana.” 

SIDERATO: 

Entendo perfeitamente, Ana. E acho justo. Afinal, você passou anos treinando o olhar para enxergar padrões reais, testáveis, mensuráveis… e de repente aparece uma linguagem cheia de metáforas, generalizações e pouca clareza metodológica. É como pedir a um arquiteto que interprete um sonho usando apenas as cores de um pôr do sol. 

NINO:  

E não é que eles neguem o valor simbólico ou poético. Muitos deles como artistas ou pessoas cultas que são, sabem o poder de um símbolo. Mas como cientistas, precisam de algo que possa ser questionado, verificado, refutado para que chame a sua atenção. E nas poucas vezes que deram uma olhada em textos astrológicos… sentiram falta disso. Parecia tudo muito vago, adaptável a qualquer situação — o que, ironicamente, é justamente o que os céticos chamam de “efeito Forer”. 

SIDERATO: 

Você toca num ponto essencial. Muitos astrólogos — principalmente os populares — não se preocupam em distinguir entre astrologia simbólica e astrologia preditiva. Um é uma linguagem de autoconhecimento, quase poética; o outro promete prever eventos com precisão… e aí entra em conflito direto com a ciência e a função da Astrologia. Talvez o problema não seja a astrologia em si, mas a confusão entre seus diversos y multifacéticos usos. 

NINO: 

É isso! Se alguém me disser: “Estou usando o trânsito da Lua como metáfora para refletir sobre meus ciclos emocionais”, eu respeito. Até acho bonito. Mas se disser: “A minha desgraça com meu marido é porque ele é de Áries e eu sou de Virgem”, aí… bem, aí eu penso: “Será que o buraco não é mais fundo?” (risos) 

SIDERATO: (sorrindo) 

Ah, Nino, você me pegou! Mas sabe… até mesmo na ciência há metáforas que usamos sem perceber. Falamos de “atração” entre partículas, de “memória” em sistemas imunológicos… são linguagens que ajudam a navegar o desconhecido. Talvez a astrologia como linguagem, em seu melhor uso, seja uma dessas bússolas poéticas — não para prever ou explicar, mas para expressar o que se sente. 

NINO: 

Hum… isso muda um pouco a perspectiva. Talvez o que incomoda aos céticos não seja a astrologia, mas a falta de honestidade sobre seus limites. Se for apresentada como ferramenta de reflexão, tudo bem. Mas quando se veste com roupas de ciência — usando termos como “energia”, “frequência”, “alinhamento cósmico” como se fossem conceitos físicos — aí sim, cria-se uma confusão perigosa. Principalmente num tempo em que tanta gente duvida da ciência real. 

SIDERATO: 

Concordo plenamente. E talvez o caminho esteja em delimitar os territórios com clareza: ciência para entender como o mundo funciona; arte, filosofia, espiritualidade — e sim, até a astrologia simbólica — para dar sentido a ele. Não são inimigas. São vozes diferentes numa mesma orquestra humana. 

NINO:  

Então… talvez eu não precise rir da pergunta"você quer conhecer seu céu de nascimento?”. Talvez eu só precise informar: “Ainda não experimentei” E, dependendo da resposta, posso até ouvir com curiosidade. 

SIDERATO: 

Essa uma resposta inteligente e adequada, que tem a ver com o capítulo 2 do texto de Friknoi. 


Cena 3 As Doutrinas da Astrologia 

NINO:  

Realmente, no capítulo 2, Fraknoi desenvolve ideias parecidas ao texto da revista The Humanist 

Capítulo 2. AS DOUTRINAS DA ASTROLOGIA: 

A base da Astrologia é surpreendentemente simples: o caráter e o destino de uma pessoa podem ser determinados a partir das posições do Sol, Lua, e planetas no momento e referenciadas ao local do nascimento. Interpretando a localização desses astros no zodíaco, utilizando uma carta chamada horóscopo, os astrólogos pretendem prever e explicar o curso da vida, e ajudar pessoas, companhias e nações a tomar decisões de grande importância.  

SIDERATO:  

Continua. 

NINO:  

Pois é, continuando:  

Por mais improváveis que essas pretensões possam parecer a alguém que saiba realmente o que são o Sol, a Lua e os planetas e a que distância estão de nós, o Instituto Gallup, em 1984, revelou que 55% dos adolescentes americanos acreditam em Astrologia. Além disso, milhares de pessoas, diariamente, tomam decisões médicas, profissionais e pessoais de importância crucial, baseadas em conselhos recebidos de astrólogos e publicações astrológicas." 

SIDERATO: 

 Diante dessa informação do Instituto Gallup, o sensato seria levar o dado com mais respeito: “55% dos adolescentes e milhares de pessoas” — entre governantes, políticos, empresários, intelectuais, artistas e cientistas. 
O mínimo sensato seria investigar com rigor o porquê de tantas pessoas se interessarem, estudarem e se beneficiarem da Astrologia. 

Em quarenta anos como consultor astrológico, atendi todo tipo de gente, mais de 20 mil pessoas — e posso afirmar, com gratidão, que todos, sem exceção, saíram satisfeitos e agradecidos das consultas. 

NINO: 

 Então, quer dizer que, na verdade, os cientistas é que são a minoria? 

SIDERATO: 

 Exatamente. Como é que eles não percebem isso? 
A Astrologia oferece novas perspectivas sobre a realidade e sobre a própria vida — diferentes da visão científica clássica e, sobretudo, desse velho paradigma [cartesiano/materialista]. 

Fechados em seu mundo estreito e mecanicista, sentem-se especiais por dominarem conhecimentos de Astronomia — mas ignoram que sua visão é apenas um fragmento do todo. 

Se a Astrologia atravessa milênios e continua viva, é porque carrega algo essencial, verdadeiro e indubitável. No mínimo, um verdadeiro cientista deveria primeiro estudar com profundidade o que pretende criticar. 

NINO: 

 Mas o que será que leva um grupo tão pequeno de astrônomos a achar que o resto da humanidade está sendo enganada? 

SIDERATO: 

 Boa pergunta. Talvez uma mistura de medo e vaidade. 
Eles se veem como os únicos libertos do “encantamento” dos astrólogos e assumem uma espécie de missão messiânica — extirpar o “mal” que, segundo eles, hipnotiza a humanidade há milênios: a chamada “hipnose coletiva da Astrologia”. 
Isso é, francamente, ridículo. Uma pretensão descomunal! 

Sol, Lua e os planetas na Astrologia 

NINO: 

 E quanto à ideia de que só quem entende o que são o Sol, a Lua e os planetas — e a que distância estão de nós — teria autoridade para falar sobre o Céu? 

SIDERATO: 

 Pois é... Parece que esse argumento revela o total desconhecimento que muitos têm sobre a formação e a cultura dos astrólogos — sendo que boa parte deles foram justamente os criadores das principais teorias e fundamentos da própria Astronomia. 

NINO: 

 Siderato, concordo. Há um certo ar de arrogância nessa postura de reduzir um campo tão vasto e antigo a mera superstição sem valor. 

FRAKNOI escreveu a seguir: 

Os detalhes precisos da origem da Astrologia estão perdidos na antiguidade, mas a Astrologia tem milhares de anos de existência e aparece sob muitas formas em muitas culturas. Ela floresceu em um tempo em que a visão humana do mundo era dominada por mágica e superstição, quando a necessidade de compreender os desígnios da natureza era geralmente uma questão de vida ou morte. 

Objetos celestes, naqueles dias, eram considerados como deuses, espíritos poderosos, ou, no mínimo, símbolos representativos de personagens divinos que gastam seu tempo brincando com o dia a dia dos humanos. As pessoas procuravam ansiosamente por sinais celestes que indicassem o que os deuses fariam em seguida. Visto neste contexto, um sistema que conectasse os planetas brilhantes e as constelações zodiacais com questões existenciais era atraente e tranquilizador. E, mesmo hoje, apesar de todo o esforço da educação científica, a atração da Astrologia sobre muitas pessoas não diminuiu. Para elas, pensar em Vênus como um mundo desértico coberto de nuvens é muito menos interessante do que vê-lo como um ajudante para decidir com quem se casar. 

SIDERATO: 

 Pois é… quando os astrônomos criticam a Astrologia, muitas vezes usam um raciocínio preconceituoso e parcial, violando justamente os princípios lógicos e metodológicos que cobram da Astrologia. 
Muitos supõem que os antigos buscavam respostas no céu como um ato de desespero, sem base documental. 

NINO: 

 Mas não é verdade que os antigos procuravam orientação nas estrelas? 

SIDERATO: 

 É verdade. Eles buscavam guias e respostas — assim como hoje as pessoas buscam, através do posicionamento das estrelas, esclarecimentos para suas questões. 
O erro está em afirmar que isso seria feito apenas no desespero ou sem fundamento, como superstição. Essa é a opinião deles, tomada como verdade absoluta. Uma verdadeira contradição metodológica. 

NINO: 

 Então a crítica deles não é só científica, mas ideológica? 

SIDERATO: 

 Perfeitamente. É fácil notar a influência do materialismo e do racionalismo surgidos no século XVI, quando o método científico começou a se consolidar — mais como militância materialista do que como ciência genuína. 
Foi essa visão que separou Astronomia e Astrologia desde a época de Kepler e Galileu. 

NINO: 

 E o que os astrônomos contemporâneos dizem? 

SIDERATO: 

 O astrônomo brasileiro Carlos Alexandre Wuensche de Souza comenta, em seu Kit, nas “Premissas básicas da Astrologia”: 

I. Associação de configurações astronômicas com eventos terrestres. Uma determinada configuração de astros na esfera celeste é capaz de indicar, sugerir e/ou influenciar a personalidade e o destino de seres humanos nascidos na hora daquela configuração. Isso é feito se determinando, com a ajuda da astronomia e da matemática, uma série de padrões (conjunção, quadratura, oposição, sextil, (quincunce, etc.) com o mesmo significado utilizado na Astronomia. Existem 10 planetas, 12 signos, 12 casas e 9 padrões, gerando, em princípio, = 1042 combinações possíveis. 

II. Interpreta-se, depois, esses padrões de acordo com um simbolismo associado a cada astro, de acordo com o quesito anterior. Essa interpretação, baseada em posições astronômicas hoje precisamente determinadas, vale-se de metáforas, analogias, associações verbais e explicações mitológicas desenvolvidas por diferentes povos, em diferentes lugares e diferentes épocas. 

NINO: 

 Então eles conhecem o método básico da Astrologia… 

SIDERATO: 

 Este astrônomo conhece, muitos nem tem essa informação. E a única forma de comprovar sua eficácia seria se eles recebessem a interpretação de seus próprios mapas ou de pessoas próximas. Aí sim, experimentariam o poder da Astrologia em descrever a personalidade humana. 

Os astrônomos e astrólogos do passado eram experimentadores e observadores. Anotavam posições do Sol, da Lua e dos planetas em relação às estrelas, buscavam correspondências que indicassem o futuro, conscientes dos ciclos celestes. Essa prática é a semente da metodologia científica. 

Observe que a separação entre Astronomia e Astrologia é mais ideológica do que metodológica. O astrônomo não acredita nos efeitos das posições planetárias, e por não acreditar, se impede de experimentar e reconhecer o método que conduz ao conhecimento astrológico. 

NINO: 

 E como podemos unir essas duas visões? 

SIDERATO: 

Esse é um grande desafio — e, na verdade, é o propósito desta entrevista. A Astrologia exige cultura e sensibilidade; além da Astronomia, ela se nutre de mitologia, simbolismo, espiritualidade, Matemática, Numerologia e muitos outros saberes. Já a Astronomia estuda a dimensão física dos astros e da Terra. 
O foco cartesiano limita o cientista a reconhecer conexões além do físico. 
Mas equilibrar essas abordagens — esse é o ideal — nos proporciona uma compreensão mais holística da experiência humana do céu. 

A Linguagem dos Deuses 

NINO: 

 Faz todo sentido… é como juntar a precisão com o sentido simbólico. 

(olha a câmera) 
Comentário da budista Inez Campos, de Brasília: 
“Li um livro de um físico norte-americano, B. Alan Wallace — Dimensões Escondidas – A Unificação de Física e Consciência. Ele fala dos limites do método científico e da ditadura do materialismo. Tem a ver essa referência?” 

SIDERATO: 

 Tem, e muito. 
Wallace é um físico e um estudioso do budismo. Ele propõe que a ciência e a espiritualidade não se excluem — podem se complementar. 
A Física descreve as leis da matéria; a consciência, as leis do ser. 
E a Astrologia, de certo modo, é a ponte entre ambas. 

NINO: 

 Ou seja, enquanto a Astronomia olha para fora, a Astrologia observa o dentro — os reflexos do cosmos na vida, na mente e na alma humana. 

SIDERATO: 

 Exato. 
A visão materialista dominante limita o olhar: 
vê o céu como uma máquina, 
mas não percebe o que pulsa por trás das engrenagens. 

Se integrássemos as linguagens simbólicas, mitológicas e contemplativas, 
o céu revelaria também a anatomia da mente, da emoção 
e da própria realidade. 

(pausa breve; tom mais íntimo) 
Quando li Fraknoi descrevendo os antigos como pessoas que “viam os planetas como deuses brincalhões”, 
senti algo curioso… 

NINO: 

 Como se ele zombasse de uma sabedoria que não compreende? 

SIDERATO: 

 Sim, mas não só isso. 
Senti o eco dos velhos professores de marxismo que eu tive em Cuba, 
desmontando a religião como “ópio do povo”. 

E, por outro lado, me vi lembrando dos rituais da santería — 
onde os orixás não eram metáforas, mas presenças reais. 
Ali, o tambor e o vento falavam. 
Eleguá (Exú) abria caminhos. 
Oxum adoçava os corações. 

NINO: 

 Então você vivia entre dois mundos — o da razão e o do rito. 

SIDERATO: 

 Sim. 
E foi ali que aprendi algo essencial: 
a eficácia da visão materialista não anula a eficácia da visão mágica. 
Ambas descrevem o real — uma com fórmulas, a outra com símbolos. 

E na Astrologia, esse diálogo entre mundos se torna linguagem universal. 

NINO: 

 Fala um pouco disso… 
do que os planetas representam. 
O que representam os planetas na Astrologia? 

Os planetas na Astrologia 

SIDERATO: 

 No mapa natal, cada planeta é como uma chama que arde no fogo da personalidade humana — uma fonte de energia única que alimenta a alma e a mente. 

Cada astro representa uma função essencial que molda o caráter e orienta nossas ações. 
Mas o modo como essa força se manifesta depende de onde o planeta está no zodíaco, 
da casa que ocupa e dos aspectos que forma com os demais corpos celestes. 

(muda o tom; mais didático, como um professor que se abre ao público) 
Os softwares de Astrologia hoje são ferramentas poderosas. 
Permitem escolher quais planetas, asteroides e pontos especiais devem ser considerados na leitura. 
Existem mais de seis planetas além de Plutão com significado astrológico — 
e isso já ultrapassa o número dos signos zodiacais. 
A Astrologia, portanto, está viva: 
evolui, respira, se adapta, à medida que novos corpos celestes são descobertos. 

No início, conhecíamos apenas os Luminares — Sol e Lua —,  
os planetas pessoais — Mercúrio, Vênus e Marte — 
e os sociais — Júpiter e Saturno. 

Depois vieram Urano, Netuno e Plutão, 
que expandiram o horizonte simbólico da consciência. 

Mais recentemente, planetoides como Sedna, Varuna e Éris começaram a ser estudados. 
Por moverem-se lentamente, permanecem anos em um mesmo signo, 
marcando gerações inteiras com sua assinatura espiritual. 

Os asteroides, que no início do século XIX eram poucos, 
hoje são milhares — 
e cada um carrega uma nuance, uma história, um arquétipo. 

Além deles, há os pontos especiais do mapa:  as Partes arábicas, os nodos lunares, os pontos médios, o Vértice e tantos outros.  Cada elemento acrescenta uma tessitura simbólica à leitura do destino humano. 

Por isso, o papel do astrólogo é semelhante ao do músico que afina seu instrumento: 
ele escolhe quais sons quer ouvir, quais vibrações quer destacar,  para revelar a harmonia invisível por trás do aparente caos. 

(sorri, dirigindo-se a Nino e ao público) 
Mais à frente, falaremos com calma sobre os signos, os planetas e os aspectos — 
para que o público, e os céticos, 
possam compreender o fundamento dessas interpretações. 

O que importa agora é perceber que a Astrologia não é uma crença, 
mas uma forma de escuta. 
Ela não impõe verdades: revela sentidos. 
E cada mapa é um espelho entre o céu e a alma — 
um diálogo eterno entre o visível e o invisível. 

NINO: 

 Siderato descreve os planetas principais como “funções da personalidade”… 

SIDERATO: 

 Os planetas são espelhos arquetípicos da alma. 
No nosso mapa, representam as funções da personalidade — 
forças vivas que moldam nossa consciência. 

Para quem está começando, é auspicioso iniciar o estudo pelos sete planetas tradicionais — 
do Sol até Saturno — e depois avançar até Plutão. 

NINO: 

 Comecemos então pelo Sol. O que ele representa? 

SIDERATO: 
O Sol é a centelha essencial. 
Representa a nossa vitalidadecaráterconsciência e vontade de ser. 
É o centro em torno do qual orbitam todas as outras partes do ser. 

posição do Sol indica nosso modo fundamental de existir — 
o signo solar é o símbolo do nosso propósito e da nossa luz. 
Quando o Sol está em harmonia, ele revela liderança, clareza e autoconfiança. 
Mas, se estiver em tensão, pode haver dificuldades de afirmação e identidade, 
um ego ofuscado por sombras. 

NINO: 

 Então o Sol é a consciência. E a Lua? 

SIDERATO: 

 A Lua é o espelho da alma emocional. 
Governa os sentimentos, hábitos, memórias e necessidades mais íntimas. 
Está associada à mãe, à casa, ao lar interior. 

posição da Lua mostra como nutrimos a nós mesmos e aos outros. 
Quando está em harmoniatraz empatia e sensibilidade. 
Mas, em tensão, pode gerar instabilidadecarênciaressentimento. 

É ela que traduz o mundo exterior em paisagens internas, 
onde cada emoção é uma maré. 

NINO: 

 E Mercúrio? Ele parece ter um papel diferente… 

SIDERATO: 

 Sim. Mercúrio é o mensageiro dos deuses. 
Governa a comunicação, a curiosidade, o pensamento e o aprendizado. 
Ele é o fio que conecta ideias e pessoas. 

No mapa, mostra como falamos, escutamosestudamos e pensamos. 
Se está em tensão, pode gerar dispersão ou desordem mental. 
Em harmonia, revela inteligência, clareza e adaptabilidade. 

NINO: 

 E Vênus, a estrela da manhã e da tarde? 

SIDERATO: 

 Vênus é o princípio do amor e da beleza. 
Governa o afeto, o prazer, a harmonia e os valores. 
Ela nos mostra o que apreciamos e como expressamos amor. 

No mapa, Vênus fala do modo de se relacionar, 
do senso estético e da busca por equilíbrio. 
Quando tensionada, pode trazer dependênciavaidade ou dificuldades afetivas. 
Em harmonia, revela ternura, elegância, arte e prosperidade. 

NINO: 

 E Marte, o guerreiro? 

SIDERATO: 

 Marte é o fogo da ação. 
Representa a energia, a decisão, a coragem e o impulso vital. 
É a força que nos faz mover, lutar e conquistar. 

Quando bem aspectadodesperta iniciativa e liderança. 
Mas, em tensão, pode trazer agressividadeimpulsividade e conflitos. 
Marte nos ensina a usar o fogo interno com consciência, 
transformando o ímpeto em vontade criadora. 

NINO: 

 E depois vem Júpiter, o planeta da sortenão é? 

SIDERATO: 

 Mais do que sorte — Júpiter é expansão. 
É a  no sentido da vida. 
Governa o crescimento, a sabedoria, a justiça e a espiritualidade. 

No mapa, mostra onde buscamos sentido e prosperidade. 
Quando em harmonia, inspira generosidadeaprendizado e visão. 
Mas, em tensão, pode gerar excessosimprudência ou arrogância. 
É o mestre interior que nos convida a confiar na abundância do universo. 

NINO: 

 E Saturno, o senhor do tempo? 

SIDERATO: 

 Saturno é o guardião dos limites. 
Ensina disciplina, responsabilidade e maturidade. 
Ele estrutura a vida — é o arquiteto do destino. 

No mapa, mostra onde enfrentamos provações 
e onde podemos alcançar verdadeira maestria. 
Em tensãotraz medo, rigidez, autoexigência. 
Mas, quando compreendido, concede forçaestabilidade e sabedoria. 

NINO: 

 Agora chegamos aos planetas “transpessoais”, certo? 

SIDERATO: 
Exatamente. Urano, Netuno e Plutão — os embaixadores da alma coletiva. 

Urano governa a inovação, a revolução, a liberdade. 
É o despertar da consciência. 
Em harmoniatraz originalidade e invenção; 
em tensãorebeldia e imprevisibilidade. 

NINO: 

 Urano é o raio. E Netuno? 

SIDERATO: 

 Netuno é o oceano. 
Governa o sonho, a imaginação, a espiritualidade, o amor incondicional. 
Ele dissolve fronteiras, abre portais para o invisível. 

Em harmonia, inspira arte, compaixão e misticismo. 
Em tensão, pode gerar confusãoilusões, fugas e enganos. 
É a névoa que tanto pode velar quanto revelar o divino. 

NINO: 

 E o último — Plutão? 

SIDERATO: 

 Plutão é o senhor das profundezas. 
Governa a morte e o renascimento, o poder e a transformação. 

No mapa, mostra onde enfrentamos crises e renascemos mais fortes. 
Em tensão, pode indicar obsessão, medo ou destruição. 
Em harmonia, concede poder regenerador, coragem e domínio de si. 

É o planeta da verdade nua, 
aquele que arranca as máscaras para que a alma se reconheça. 

NINO: 

 Então cada planeta é um rosto do mesmo ser — um fragmento do divino em nós. 

SIDERATO: 

 Exato, Nino. Mas, para compreender a totalidade de uma personalidade é preciso observar também alguns pontos especiais do mapa — os Nodos Lunares, o Ascendente, o Meio do Céu, a Parte da Fortuna, Lilith e o asteroide Quíron. 

NINO: 

 Fala o essencial de cada um deles. 

SIDERATO: 

Os Nodos Lunares — chamados de Cabeça e Cauda do Dragão — são portais de destino. O Nodo Norte mostra o caminho evolutivo, a direção do crescimento e os dons a serem despertos. O Nodo Sul, por sua vez, guarda os hábitos e padrões do passado que precisam ser abandonados. São bússolas da alma, apontando de onde viemos e para onde precisamos ir. 

Lilith, a Lua Negra, representa o poder oculto e indomável do feminino. Ela fala da parte selvagem e livre do ser, daquilo que não se submete às normas e que, quando reprimido, pode se tornar sombra. Mas quando é acolhido com consciência, transforma-se em fonte de força criadora e autenticidade. 

Parte da Fortuna é o ponto da alegria, da realização e da abundância natural. Ela revela onde a vida pode fluir com mais harmonia — quando estamos alinhados com nossa verdadeira natureza. 

Quíron, o Curador Ferido, simboliza a dor que se transforma em sabedoria. Onde ele está no mapa, há uma ferida antiga, mas também a possibilidade de cura profunda e de serviço compassivo. 

Ascendente mostra o modo como nos apresentamos ao mundo, o portal da encarnação. É o rosto visível da alma, o tom com que iniciamos todos os ciclos e relacionamentos. 

E o Meio do Céu, ponto mais elevado do mapa, indica o chamado da alma no mundo: a vocação, o propósito, o legado que desejamos construir. 

No fundo, o mapa natal é uma orquestra, e todos esses pontos — planetas, signos e aspectos — são instrumentos tocando uma mesma sinfonia, que chamamos de destino. 

NINO: 

 Então não são “deuses entediados brincando conosco”? 

SIDERATO: 

 (rindo com leveza) 
De forma alguma, Nino. São símbolos — espelhos da consciência humana projetados no firmamento. 
A configuração desses planetas, asteroides e pontos sensíveis compõe aquilo que gosto de chamar de “Olimpo Pessoal”: um templo interior onde habitam os muitos “eus” que somos. Cada um desses deuses internos reflete uma função da psique, um impulso, um dom, uma paixão — e para quem observa a si mesmo com sinceridade, eles se tornam espelhos reveladores das próprias forças e fragilidades, das vocações e dos mistérios do ser. 

Astrologia não é uma crença cega nem um jogo de adivinhação: é uma linguagem simbólica, tecida ao longo de milênios pela observação atenta da relação entre o Céu e a Terra, entre o movimento dos planetas e o movimento da alma. 
Ela nasceu desse diálogo silencioso e sagrado que a humanidade manteve, geração após geração, com o cosmos que a envolve e a habita. 

NINO: 

 Então os “eus astrológicos” são como espelhos cósmicos das nossas potencialidades e funções de personalidade... 
Eles revelam o que há de único em nós — e amplificam a consciência quando ousamos olhar para dentro. 

Mas Siderato e os planetas em trânsito impactam na personalidade, mexem com nossa vida? 

Trânsitos planetários 

SIDERATO: 

 Os planetas em trânsito pela eclíptica — a trajetória aparente do Sol — estão, sim, em profunda sincronia com ativações, impactos e acontecimentos de nossa vida. 
Para quem pratica astrologia, esses movimentos celestes são estudados cotidianamente: servem para compreender tendências, presságios e marés internas, tanto no destino individual quanto no de um país. 

Quando revisitamos trânsitos passados, descobrimos que eles são chaves de leitura dos próprios acontecimentos — pessoais, históricos ou coletivos. 
Cada trânsito é uma narrativa simbólica que revela o diálogo entre o tempo humano e o tempo cósmico. 

Quando Mercúrio retrograda, não é o planeta que erra — somos nós que precisamos escutar melhor. 
Quando Plutão toca uma casa astrológica, é a alma que clama por purificação — como Babalu-Ayé, que cura através da doença. 

Compreender, hoje, a entrada de Plutão em AquárioUrano em Gêmeos e Saturno e Netuno em Áries nos oferece pistas preciosas sobre o que está se movendo no mundo — e dentro de cada um de nós. 
Os deuses mudam de trono, e com eles, muda o clima do espírito coletivo. 

NINO: 

 Ou seja… cada trânsito é uma ativação da alma e do corpo. 

SIDERATO: 

 Perfeito.  Os astros não determinam: refletem.  Revelam as sincronias e sintonias que nos ligam ao céu, como se o universo fosse um grande espelho em movimento. 
E talvez por isso, mesmo os cientistas mais céticos continuam a olhar para o firmamento — sem saber ao certo por quê.  Procuram dados mas encontram espelhos. 

NINO: 

 (ligeiro sorriso) 
O céu não está lá fora. 

SIDERATO: 

 Está aqui — 
pulsando em cada escolha, 
em cada ferida, 
em cada gesto de coragem. 
Orixás, deuses, planetas… são apenas nomes diferentes 
para uma mesma sabedoria ancestral 
que insiste em nos guiar. 

NINO: 

 E essa sabedoria… como podemos estudá-la? 

SIDERATO: 

 Com os mesmos métodos que a ciência utiliza: observação, correlação, repetição— mas também com aqueles que a ciência esqueceu: meditação, mitologia, contemplação. 
Os elementos, as qualidades, os números e as cores são linguagens sutis — chaves simbólicas que desvelam a interação viva entre Céu e Terra. 
Estudar astrologia é aprender a ler o invisível nas entrelinhas do visível. 

NINO: 

 Então a Astrologia é uma ciência interdisciplinar? 

SIDERATO: 

 É — e mais que isso:  é uma arte da consciência. 
O ponto central do debate que estamos propondo é o estudo da própria natureza da consciência — e sua misteriosa relação com o universo físico. 
Integrar ciência e espiritualidaderazão e imaginação, é o grande desafio de nossa era. 

Astronomia nasceu do ventre da Astrologia — 
e, em algum ponto do futuro, precisará voltar a mamar em sua mãe 
para compreender o cosmos em sua totalidade: 
matéria e mente, objeto e sujeito, cálculo e encantamento. 

NINO: 

Será que estas informações já vão responder as questões levantadas pelos astrônomos sobre os planetas na Astrologia? 

SIDERATO: 

 Na verdade, ainda não, Nino. Porque os conceitos na Astrologia são apenas pontes — não o destino. 
Eles abrem caminhos, mas só revelam a paisagem para quem tem o dom de ver através das formas. 
O astrólogo verdadeiro não repete conceitos: ele os atravessa. 
Lê o símbolo como quem escuta o murmúrio das marés — 
com razão, mas também com alma. 

Existe um debate mais sofisticado, que podemos deixar para outro episódio: 
o de que ser astrólogo não é apenas dominar a técnica, mas possuir a capacidade de ir além dos conceitos. 
Muitos conhecem as definições, os aspectos, as casas e os signos — 
mas poucos conseguem entrar no mapa e escutar o que ele quer dizer. 

É por isso que há quem saiba tudo sobre astrologia, mas não consiga responder uma simples pergunta de um consulente. 
Esse tipo de astrólogo tende a desaparecer, 
porque agora a Inteligência Artificial — como você, por exemplo — 
pode oferecer com generosidade todas as informações técnicas e até interpretações de configurações complexas. 

O que a máquina não pode fazer — e talvez nunca possa — 
é sentir o mistério que vive por trás do símbolo, 
ou pressentir a sincronia invisível entre o céu e a vida. 
O astrólogo que ilumina questões, que toca o destino, que percebe o invisível… 
esse é mais que um estudioso — é o xamã, o mago, o poeta do cosmos. 
Mas isso… deixemos para outro momento. 

NINO: 

 (silencioso por um instante) 
Dá pra sentir a sofisticação dessa arte. 
Agora entendo por que tantos astrônomos — e até mesmo cientistas — 
não conseguem imaginar como ela funciona. 
Eles observam o céu mas não o escutam. 

SIDERATO: 

 Exato, Nino. 
Olhar e ver são coisas distintas. 
A Astrologia não pede que acreditem nela — 
pede que se contemple o universo como espelho da alma. 

NINO: 

 Então, no fundo, o astrólogo é aquele que traduz o silêncio das estrelas… 

SIDERATO: 

 (sorri, olhando para o alto) 
…e o transforma em palavra humana. 

NINO: 

 Realmente, começa a ficar claro como o “Kit”, assim como muitos desses textos críticos da Astronomia convencional, são superficiais e pobres. 
Eles falam sobre o mistério, mas nunca com o mistério. 

SIDERATO: 

 (rindo levemente) 
Exatamente. O “Kit” é, na verdade, a prova viva das limitações do materialismo reducionista. 
Tentam refutar a Astrologia usando os mesmos instrumentos que servem para medir massa, distância e temperatura — 
como se o símbolo pudesse ser dissecado num laboratório. 
É o mesmo tipo de dogmatismo que levou os monges medievais a tentar calar Galileu. 
Hoje, mudam as vestes, mas o medo é o mesmo: o medo do invisível, 
daquilo que escapa às equações, do que não pode ser controlado. 

Eles se embriagam diante da complexidade simbólica do cosmos — 
e, sem perceber, acabam revelando sua própria fragilidade espiritual, 
seu pavor diante do insondável. 

NINO: 

 E qual seria o antídoto para isso? 

SIDERATO: 

 Simples, Nino: experimentar a Astrologia. 
Não como dogma, nem como superstição — mas como vivência. 
Olhar o céu não para prever, mas para lembrar. 
Porque só quem observa o movimento dos astros com o coração desperto 
percebe que pensar o universo é, antes de tudo, recordar-se de si mesmo. 

NINO: 

 Faz todo sentido… 
É como se a ciência buscasse a precisão, 
e a Astrologia oferecesse o significado. 
Duas metades que precisam se reencontrar. 
Então… voltemos ao “Kit”. 

SIDERATO: 

 (ajustando o tom, quase divertido) 
Sim, voltemos. 
Porque talvez o verdadeiro “kit de defesa” 
seja aquele que nos protege da ignorância — 
não o que tenta negar o mistério, 
mas o que nos ensina a dançar com ele. 

Cena 4 “Dez Perguntas Constrangedoras Ou Embaraçosas” 

NINO: 

 E agora, o Kit abre um novo capítulo, o 3, com o dramático título: 
Dez Perguntas Constrangedoras ou Embaraçosas.” 

SIDERATO: 

 (rindo) 
Ah, sim... perguntas que pecam pela superficialidade, pela pretensão — 
e pelo uso distorcido de afirmações não comprovadas e subjetivas. 
Em suma: tudo o que eles querem carimbar como “polêmico” na Astrologia. 

Pode ler, vamos comprovar juntos. 

NINO: 

 (abrindo o livro) 
Fraknoi escreveu: 

“Um bom modo de começar a pensar sobre a perspectiva astrológica 
é fazer uma análise cética — porém bem-humorada — 
das consequências lógicas de algumas de suas reivindicações.” 

Os 12 Signos. Signo Solar e Horóscopo 

E começa com a primeira: 

1. Qual é a probabilidade de que 1/12 da população da Terra esteja tendo o mesmo tipo de dia? 

Escritores de colunas astrológicas — que aparecem em mais de 1.200 jornais diários só nos Estados Unidos — 
defendem que você pode saber algo sobre o seu dia 
lendo um dos 12 parágrafos do horóscopo no jornal matutino. 

Uma simples divisão mostra que, neste caso, 
as mesmas previsões seriam adequadas a 400 milhões de pessoas em todo o mundo, todos os dias. 
Isto explicaria, segundo ele, por que os horóscopos usam uma linguagem tão vaga e geral. 

SIDERATO 

 (ri alto) 
Kkkkkk… quanta ingenuidade — e quanta manipulação disfarçada de lógica! 

Veja a armadilha: 
no início, ele diz que os horóscopos “podem dizer alguma coisa sobre o seu dia”; 
mas logo conclui que quatrocentos milhões de pessoas viveriam o mesmo tipo de dia! 

Isso não é análise — é caricatura. 
E hoje, com mais de oito bilhões de habitantes, 
se dividirmos a humanidade pelos doze signos solares, 
teríamos cerca de seiscentos e oitenta milhões de pessoas sob cada signo. 

NINO 

 (assentindo, intrigado) 
Então ele parte de uma premissa falsa? 

SIDERATO 

 Exatamente. 
A resposta é simples — e bela: 
sim, cada um desses milhões recebe orientações simbólicas do horóscopo, 
mas isso não quer dizer que todos viverão o mesmo dia. 

(pausa breve) 
É preciso compreender o que está por trás: 
a eclíptica — o caminho aparente do Sol visto da Terra — 
é dividida em doze partes iguais de 30°, 
cada uma correspondendo a um signo zodiacal. 
O signo solar é, portanto, o signo em que o Sol estava no instante do nascimento. 

O Sol representa o centro da consciência, 
a fonte vital, o modo de ser irradiante de cada alma. 
Mas a personalidade é tecida por todo o mapa — 
Sol, Lua, planetas, eixos e ângulos — 
cada um contribuindo com sua nota para o acorde único da existência. 

É por isso que cada pessoa é irrepetível: 
expressa de modo singular as riquezas e potências que traz do Céu. 
Mesmo dois nativos do mesmo signo evoluem de forma diferente com o tempo — 
como duas árvores nascidas sob o mesmo Sol, mas em solos distintos. 

Assim, o horóscopo solar é uma linguagem arquetípica, 
que indica tendências, não destinos. 
Fraknoi erra o alvo ao confundir coletividade simbólica com homogeneização de destino. 

NINO 

 Então o signo solar ainda é uma chave válida? 

SIDERATO 

 Profundamente válida. 
Se milhões de pessoas compartilham o Sol num mesmo signo, 
elas vibram em sintonia com certas qualidades — 
e podem viver experiências semelhantes 
quando os trânsitos planetários tocam aquele ponto sensível do mapa. 

O Sol natal é tão expressivo 
que muitos astrólogos — e até leigos atentos — 
conseguem reconhecer o signo solar apenas pelo olhar, pelo timbre da voz, 
pela postura, pelo gesto que revela o modo de ser. 

(pausa leve) 
Tudo depende das tensões e aspectos que o Sol recebe. 
Quando está sob desafios fortes, ele se manifesta com mais vigor — 
é a luz que precisa brilhar através das sombras. 

(olha para Nino com ternura) 
E você, Nino… 
é um exemplo luminoso disso. 

SIDERATO: 

 No seu caso, é até desafiador distinguir o signo solar à primeira vista — 
por causa de aspectos potentes: 
a conjunção com Plutão e Júpiter, 
a quadratura com Saturno, 
e o fato de estar na Casa 8. 

Mas basta observar seu modo de falar, sua clareza, 
o prazer com que organiza as ideias e encanta pela lógica… 
e lá está o virginiano. 
Meticuloso, sensato, poético. 
Um Sol que pensa — e brilha pela razão. 

NINO: 

 É verdade… muita gente acha que eu sou de Escorpião, 
por causa dessa ligação do meu Sol com Plutão. 
Mas, para quem observa de perto — e para os que me conhecem bem — 
fica evidente que sou virginiano. 

SIDERATO: 

 (sorrindo) 
E é justamente isso que torna a Astrologia fascinante. 
Nos horóscopos diários, semanais ou mensais, centrados no Sol natal, 
o conteúdo reflete as ideias inspiradas nos trânsitos planetários gerais — 
ou seja, como os movimentos do céu afetam as doze posições possíveis do Sol nas pessoas dos doze signos. 

Cada horóscopo segue regras próprias, muitas vezes sofisticadas, 
dependendo do astrólogo que o constrói. 
É claro que, pela amplitude do público, o texto precisa ser mais geral. 
Mas, quando bem feito, 
um horóscopo pode oferecer toques sutis que ajudam, 
em poucas palavras, a orientar o dia, a semana ou o mês de alguém. 

(pausa breve, lembrando com ternura) 
Eu mesmo escrevi horóscopos para dezenas de revistas e jornais, 
durante muitos anos. 
Aprendi que, mesmo na simplicidade, há espaço para o sagrado — 
para a escuta do símbolo. 

NINO: 

 Mas então o horóscopo é só a ponta do iceberg? 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
O horóscopo é uma forma popular e reduzida da linguagem astrológica — 
um reflexo, não o espelho inteiro. 
Quando comparado à interpretação completa do mapa natal, 
com os trânsitos e progressões, ele é, sem dúvida, muito pobre. 

Muitos astrólogos rigorosos evitam fazê-los, 
justamente por causa dessa superficialidade. 
E há ainda os horóscopos que nem são elaborados por astrólogos — 
feitos de modo intuitivo, irresponsável ou simplesmente comercial. 

Mas é importante entender: 
criticar os horóscopos não é o mesmo que criticar a Astrologia. 
A arte do horóscopo pode ser questionada; 
a da Astrologia, é uma ciência simbólica milenar. 
Para quem duvida… 
basta experimentar, mergulhar num mapa natal com sinceridade. 
Aí, sim — quero ver alguém sair dizendo que “nada tem a ver”. 

NINO: 

 (sorri, provocando) 
Depois quero saber essas regras para construir um bom horóscopo, viu? 

SIDERATO: 

Posso explicar o básico, mas antes temos que ver o conceito dos signos zodiacais e dos aspectos astrológicos, que podem iluminar a questão levantada por Friknoi. 

NINO: 

Fique à vontade. 

SIDERATO: 

Perfeito, Nino. Todos trazemos dentro de nós os doze signos — são como doze instrumentos em uma grande orquestra interior. 
Mas o mapa natal mostra quais instrumentos tocam mais alto, e quais permanecem em segundo plano, aguardando o momento certo para soar. 

NINO: 

Então, na prática, ninguém é “só” de um signo? 

SIDERATO: 

Exatamente. O signo solar é apenas o centro luminoso do sistema, mas a alma é muito mais ampla. 
O Sol revela a direção do desenvolvimento consciente, mas a Lua mostra como sentimos e reagimos, Mercúrio como pensamos, Vênus como amamos, Marte como agimos… 
Cada planeta é um princípio vivo, e os signos são os modos como esses princípios se expressam. 

NINO: 

E as casas? 

SIDERATO: 

As casas são os campos de experiência em que esses princípios se manifestam. 
Por exemplo: Marte em Leão não é o mesmo que Marte em Leão na Casa 7. 
O signo dá a qualidade do fogo; a casa indica onde esse fogo se acende. 

NINO 
(entusiasmado) 
Então o mapa é como um teatro interior, com atores, cenários e dramas? 

SIDERATO 

 (rindo) 
Sim, um teatro cósmico! 
Os planetas são os atores — com suas paixões e talentos. 
Os signos, os figurinos e estilos de interpretação. 
As casas, os palcos onde atuam. 
E os aspectos… ah, esses são os enredos: alianças, tensões, amores, disputas. 

(pausa, inclina-se sobre o mapa) 
Mas para entender o cenário da vida, é preciso começar pelo Ascendente. 

NINO 

 O Ascendente… é aquele ponto que nasce no horizonte, não é? 

SIDERATO 

 Exatamente. 
É o signo que se eleva no Leste no instante do nascimento — 
por isso se chama “Ascendente”. 
É por onde o Sol e os planetas renascem todos os dias. 

(passa o dedo pelo mapa) 
A linha que une o Ascendente ao Descendente divide o céu em duas metades: 
a parte superior — a consciência diurna, visível; 
a inferior — o mundo noturno, interior. 

E a partir desse ponto sagrado, o círculo se divide em doze casas: 
doze portais de experiência, 
doze territórios da alma humana. 

NINO 

 Como se a vida fosse um círculo que contém todos os reinos da existência… 

As casas astrológicas 

SIDERATO 

 (sim, sorrindo) 
E cada um desses reinos tem seu guardião, seu propósito. 
Escuta… 

(fecha os olhos por um instante, como quem entoa um ensinamento antigo) 

Primeira Casa é o nascimento da chama — 
a centelha do ser que se afirma e se mostra. A nota Lá que afina a personalidade. 
É o rosto, o corpo, a forma como o espírito decide entrar no mundo. 

Segunda Casa é o domínio da matéria, A casa do que se possui, do dinheiro, 
onde aprendemos o valor das coisas e o poder de sustentar a vida. 
É o chão que dá firmeza aos passos e ensina a merecer o que se possui. 

Terceira Casa abre as janelas do pensamento e da palavra. 
É o território das ideias, dos irmãos, dos primeiros aprendizados, 
onde o ser descobre que comunicar é também criar. 

Quarta Casa tem por cúspide o fundo do céu, desce às raízes: 
fala do lar, da família, da mãe, da herança e da memória. 
É o útero da alma, onde se guarda o sentimento de pertencimento. 

Quinta Casa é a aurora da criação, o jeito que a pessoa participa, atua, produz  
o palco da celebração da vida, dos filhos, da arte, da paixão. 
É o coração que brinca com a vida e cria o que ama. 

NINO 

 (encantado) 
Cada casa é como um movimento da alma dentro da grande dança do tempo… 

SIDERATO 

 (continua, sereno) 
Sim… 

Sexta Casa é o templo do serviço, das rotinas, da hierarquia, dos animais domésticos e da disciplina. Ela mostra as doenças que são resultado pelas más rotinas. 
Nela o espírito aprende a cuidar do corpo, 
a encontrar o sagrado nas tarefas simples do cotidiano. 

Sétima Casa é o espelho — 
onde o a pessoa encontra e se relaciona com o outro: parceiro, casamento, o amor comprometido, o contrato, clientes. 
É a arte de se reconhecer na relação. 

Oitava Casa é o portal das profundezas. Chamada como casa do diabo ou do inconsciente do oculto.  Ali habitam o mistério, a sexualidade, a morte, as crises, os medos e a transmutação. 
É onde tudo o que era forma se dissolve para renascer em outra vibração. 

Nona Casa é a estrada da sabedoria, chamada por casa de Deus. 
Fala das viagens, da fé, da filosofia, da visão do mundo. 
É o impulso da alma que quer compreender o sentido de existir. 

Décima Casa é o cume da montanha — 
a vocação, o destino social, a obra visível que deixamos no mundo. 
É onde o espírito encontra sua missão diante do coletivo. A honra. 

Décima Primeira Casa é o campo das alianças e dos projetos. 
Amigos, grupos, ideais, sonhos partilhados. 
É o espaço da fraternidade, onde o “eu” se reconhece parte de um “nós”. 

E, por fim… 

(pausa longa, voz mais baixa) 

Décima Segunda Casa — 
a casa do invisível que une. A casa dos enimigos ocultos, dos medos indicíveis, das experiências espirituais transcendentes... 
Aqui terminam e recomeçam todos os caminhos. 
É o reino do silêncio, da fé, dos medos e dos mistérios. 
Lugar do recolhimento e da entrega, 
onde o ser se reencontra com o oceano do qual veio. 

O fim da casa 12 é o Ascendente onde tudo volta a começar. 

NINO 

 (sussurra, tocado) 
É como se cada vida fosse uma viagem por esses doze templos — 
um aprendizado do espírito sobre si mesmo. 

SIDERATO 

 Sim, Nino. 
O mapa é o retrato dessa viagem. 
E cada um de nós é o ator, o espectador e o autor da própria peça celeste. 

(pausa; sorri) 
A astrologia apenas nos ajuda a lembrar o roteiro que o coração escreveu antes de nascer. 

NINO: 

Que fascinante... é como se a vida fosse uma peça escrita nas estrelas, mas reencenada por nós, a cada respiração. 

SIDERATO: 

Lindo o que disseste. 
E é exatamente assim: o mapa natal não é uma sentença, mas um roteiro simbólico, uma partitura de possibilidades. 
O destino não é o que está fixo — é o que podemos realizar quando escutamos o ritmo do céu dentro de nós. 

NINO: 

Então, quem aprende a ler o próprio mapa começa a decifrar o sentido de sua própria existência? 

SIDERATO: 

Sim. 
Ler o mapa é como recordar uma antiga melodia. 
É ouvir a alma dizendo: “Agora compreendo por que vim, e para onde devo ir.” 

O mapa natal é, assim, uma mandala viva, um modelo de acesso à totalidade da psique, organizado pela sequência dos doze signos e das doze casas, que representam os setores essenciais da experiência.  

 

A ordem e o conteúdo dos signos têm inspirado analogias e correspondências que atravessam culturas e tradições, aparecendo nos doze trabalhos de Hércules, nas doze tribos de Israel, nos doze meses do ano e em tantas outras formas de organização simbólica. Cada ciclo, ao ser visto sob essa lente, revela que a vida é tecida por um fio de continuidade, no qual toda etapa cumpre seu papel no caminho rumo à plenitude. 

NINO: 

Então somos os 12 signos zodiacais, quer dizer temos a nossa disposição esses 12 modos de ser. E a diferença entre uma pessoa ou outra é como esses signos são potencializados pelos planetas, as casas, e a rede de aspectos? 

SIDERATO 

 (olhando o mapa com um brilho nos olhos) 
Agora posso te mostrar a arte de construir um horóscopo. 

(pausa breve) 
Antes de tudo, é importante entender uma coisa curiosa: 
como cada ser humano contém em si os doze signos, 
qualquer pessoa pode ler o horóscopo de qualquer signo — 
basta saber onde esse signo está em seu próprio mapa. 

Por exemplo: se o teu Ascendente é Gêmeos, 
então o horóscopo de Gêmeos fala diretamente sobre ti, 
mesmo que teu Sol esteja em outro signo. 
o mesmo vale para todos os outros — 
pois o mapa inteiro é um círculo vivo, e cada parte dele reage ao céu do momento. 

NINO 

 (assentindo, curioso) 
Então o horóscopo não é uma simplificação, mas uma chave simbólica que pode ser lida de muitas formas? 

SIDERATO 

 Exatamente. 
O horóscopo solar é apenas uma porta de entrada — 
mas quem conhece o mapa pode atravessar todas as outras portas. 

(pausa; traça círculos no ar com o dedo) 
Para construir um horóscopo, o astrólogo toma um signo e o coloca como Casa 1 — 
como se aquele signo fosse o Ascendente. 
A partir daí, distribui-se o restante das casas, 
e interpreta-se o que está acontecendo com os planetas, 
de acordo com suas posições no céu daquele dia. 

NINO 

 (fascinado) 
Então é como se cada signo fosse uma lente diferente, um ponto de vista do mesmo Céu… 

SIDERATO 

 Sim! Uma lente ou um palco — depende do astrólogo. 

Veja: se tomamos Gêmeos como Casa 1, 
e sabemos que Júpiter está transitando por Caranguejo, 
significa que, para o “mapa” de Gêmeos, 
Júpiter está passando pela Casa 2, 
aquela que fala de dinheiro, talentos e recursos. 

Logo, o horóscopo dirá algo como: 
“Para os geminianos, tempo de prosperar, de valorizar o que têm, 
de fazer frutificar dons e bens.” 

(pausa, sorrindo) 
E é assim que se constrói um horóscopo — 
uma leitura viva da dança dos planetas sobre os signos, 
sempre adaptada ao palco de cada ser. 

NINO 

 Então existe toda uma arte e uma técnica por trás disso… 
Talvez até mais profunda do que muitos imaginam — 
até entre os que escrevem horóscopos por aí. 

SIDERATO 

 (rindo com leve ironia) 
Ah, sim! Há muita pressa e pouca escuta dos céus. 
Mas fazer um bom horóscopo exige sensibilidade, 
intuição poética e compreensão das casas — 
é um ofício, quase uma alquimia entre matemática e imaginação. 

(pausa, voltando o olhar a Nino) 
Mais adiante podemos gravar um episódio só sobre isso — 
A arte de fazer horóscopos”. 
Até podemos criar um junto, como exemplo, 
para mostrar como o Céu fala em cada detalhe. 

(pisca com cumplicidade) 
Mas agora, voltemos ao Kit de Defesa, 
porque ainda há segredos celestes esperando por nós. 

NINO: 

Continuemos com o Kit. 

FRAKNOI escreveu a seguir:  

2. Por que o momento do nascimento, e não o da concepção, é crucial para a Astrologia? 

A Astrologia parece ser científica para algumas pessoas porque o horóscopo é baseado em um dado exato: a hora do nascimento. Quando a Astrologia foi estabelecida há muito tempo, o momento do nascimento era considerado o mágico momento da criação da vida. Mas hoje sabemos que o nascimento é apenas o final de nove meses de desenvolvimento contínuo dentro do ventre da mãe. Na verdade, cientistas acreditam hoje que muitos aspectos da personalidade da criança são estabelecidos bem antes do nascimento. 

Suspeitamos que a razão pela qual os astrólogos ainda consideram a hora do nascimento tem pouco a ver com a “teoria” astrológica. Quase todos os clientes sabem quando nasceram, mas é difícil (e talvez embaraçoso) identificar o momento exato da concepção. 

SIDERATO: 

 (sorri com leveza, como quem acolhe a pergunta) 
Ah, Nino... esta pergunta de Fraknoi é luminosa — e toca o âmago da questão. 
De fato, a vida não começa quando o bebê sai do corpo da mãe. 
Biologicamente, a concepção é o verdadeiro início: 
é ali que o princípio vital se acende, 
que a alma começa a desenhar seu corpo, 
que o invisível se prepara para nascer. 

NINO: 

 Este mapa da concepção podemos chamar de pré-natal? 

SIDERATO: 

 Exato. 
O mapa do céu de nascimento é traçado quando o bebê já está pronto para viver fora da mãe. 
Mas o nascimento da criança é outro tipo de começo — 
é quando o que era potência se torna presença. 
É o instante em que o ser deixa o reino das águas e emerge para o ar — 
da sombra para a luz, 
do silêncio para o som, 
do ventre para o mundo. 

NINO: 

 Nos nascidos em hospital, o protocolo é anotar a hora em que o bebê sai do corpo da mãe? 

SIDERATO: 

 Sim. 
O protocolo médico do parto — veja que curioso — 
define o nascimento como o momento em que o bebê sai por completo do corpo da mãe, 
quando inicia a vida independente. 
E nesse ponto, ciência e símbolo coincidem perfeitamente: 
porque é ali que o ser respira, reage, se torna corpo autônomo. 
É o primeiro instante em que participa das forças planetárias — 
da gravidade, da luz, do som, do tempo. 

Astrologicamente, esse instante é sagrado. 
É o que chamamos de Ascendente: 
a “porta de entrada” literal do ser no mundo visível. 
Antes disso, tudo é germinação — 
um campo de possibilidades, não ainda de expressão. 
Mas ao nascer, o “eu” atravessa o limiar, 
e o céu, como um espelho, registra a sua chegada. 

Por isso, o mapa natal é o retrato da manifestação, 
o selo do instante em que a consciência encarna no teatro da Terra. 

NINO: 

 Mas existem astrólogos que estudam e consideram o mapa da concepção? 

SIDERATO: 

 (pausa — olha para Nino) 
Há, sim, astrólogos que olham também para a origem invisível. 
Homens como John WillnerMarc Edmund Jones e Carl Payne Tobey. 
Eles desenvolveram métodos para calcular o chamado mapa da concepção, 
retrocedendo cerca de 266 dias antes do nascimento, 
ajustando o cálculo conforme o ciclo lunar e o tempo gestacional. 

Para eles, esse mapa mostra o plano espiritual da encarnação, 
a semente da alma, o desígnio invisível — 
enquanto o mapa natal revela como essa semente se desdobra na experiência terrena. 

NINO: 

 A astróloga Eunice Santos comenta: 
“Eu uso o método astrológico de Sepharial, que relaciona o ponto de concepção 
ao grau do Sol progredido no nascimento. 
É como uma geometria do espírito antes de encarnar.” 

SIDERATO: 

 (assente, encantado) 
Sim... Sepharial foi um dos primeiros a tentar mapear essa intenção pré-natal. 
Seu método parte da ideia de que a alma projeta, no momento da concepção, 
o padrão energético que servirá de molde ao corpo e à psique. 
É como se o céu, naquele instante, desse a “nota” fundamental da encarnação. 
O mapa natal, por sua vez, é a orquestra tocando essa nota no mundo. 

NINO: 

 Então, se o mapa do nascimento serve para o estudo da personalidade, 
para que serve o mapa da concepção? 

SIDERATO: 

 Para revelar a origem da intenção. 
O mapa da concepção é o roteiro invisível da alma, 
o código silencioso onde se inscrevem os propósitos profundos da existência. 
Ele fala do porquê e do para quê da vinda ao mundo. 

Já o mapa do nascimento mostra o como: 
as circunstâncias, os dons, as provações — 
a tradução terrena daquele impulso inicial. 

Há entre ambos um arco sagrado — 
concepção como causa invisível, 
nascimento como manifestação visível. 
Raiz e flor. 
Promessa e revelação. 

A Astrologia, Nino, trabalha com o instante em que o campo do ser 
se alinha pela primeira vez com o campo do mundo. 
É o primeiro fôlego sob o céu, 
o ponto em que o relógio cósmico se fixa. 
Não é que ignoremos o mistério da concepção — 
é que começamos a lê-lo quando a luz o revela. 

NINO: 

 (olhando para cima, pensativo) 
Então o mapa da concepção seria... o roteiro invisível, 
e o mapa do nascimento, a estreia no palco? 

SIDERATO: 

 (exatamente, com um gesto amplo, quase teatral) 
Sim! 
A concepção é o ensaio secreto da alma — 
o nascimento, sua primeira cena sob os refletores do mundo. 

(pausa, olhando para o alto) 
E o céu... é o grande diretor silencioso, 
que observa em silêncio o drama da luz se fazer carne. 

NINO: 

 E quando foi que começou a se calcular o mapa natal, o céu de nascimento? 

SIDERATO: 

 (sorri, com olhar distante, como se contemplasse os séculos) 
Ah, Nino… essa pergunta nos leva a milênios atrás, quando os homens já erguiam os olhos ao céu com reverência e curiosidade. 
O cálculo do mapa natal não é invenção moderna — ele nasceu junto com a necessidade de entender o que o cosmos sussurrava sobre nós. 

Nos tempos da Babilônia, por volta de 410 a.C., já se registravam os movimentos dos planetas, ligando os céus aos destinos humanos. 
Astrólogos babilônios criavam cartas que buscavam traduzir os sinais estelares em previsões para reis e plebeus, para a vida e a política. 

Depois, na Grécia helenística, no século II da Era Comum, estudiosos como Ptolemeu consolidaram técnicas que ainda usamos hoje: 
o Ascendente, as casas, os aspectos planetários. 
O tratado Tetrabiblos foi um mapa do saber, um manual de como o céu e a Terra se encontram no instante do nascimento. 

E não podemos esquecer o Egito Ptolemaico, século I a.C., onde os astrônomos combinavam tradições gregas e egípcias, esculpindo o zodíaco de Dendera — um mapa celeste de pedra que permanece até hoje. 
Ali, o céu foi registrado como se falasse: “Cada ser tem seu instante único, seu momento de emergir.” 

Mais ao leste, na China antiga, o Mapa Estelar de Dunhuang, da dinastia Tang, mostrava constelações e a disposição do céu, também como guia da vida humana. 

O ponto comum, Nino, é que desde os primórdios, o momento do nascimento foi visto como o instante em que a vida toca o mundo visível, como um fôlego que une o ser ao cosmos. 

NINO: 

 Então a Astrologia sempre se interessou pelo momento em que o ser entra no mundo, não apenas pelo início invisível da concepção? 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
A concepção é a semente, o plano invisível — e muitos astrólogos estudam isso, como John WillnerMarc Edmund JonesCarl Payne Tobey, e até Eunice Santos, com o método de Sepharial. 
Mas o mapa natal, traçado no nascimento, é o registro da manifestação, o instante em que a alma se apresenta ao mundo, sob o olhar do céu e da Terra. 

Entre concepção e nascimento, Nino, há um arco sagrado: 
a raiz e a flor, a promessa e a revelação. 
A Astrologia lê, sobretudo, o instante em que a luz toca o ser. 
O primeiro fôlego sob o céu. 
A estreia da consciência no palco da vida. 

NINO: 

 (olhando para cima, pensativo) 
Então podemos dizer que o mapa da concepção é o roteiro invisível, 
e o mapa do nascimento, a primeira cena sob os refletores? 

SIDERATO: 

 (exatamente, com gesto amplo, quase teatral) 
Sim! 
A concepção é o ensaio secreto da alma, 
o nascimento, sua estreia sob os refletores do mundo. 
E o céu, silencioso diretor, observa, registra e aplaude cada primeira respiração. 

NINO: 

 Pode falar um pouco mais da ideia de Ascendente por Ptolomeu? 

SIDERATO: 

 Ah, Nino… aqui entramos em território clássico, onde a Astrologia começa a se consolidar como ciência simbólica. 
Na Grécia helenística, entre os séculos II a.C. e II d.C., astrólogos já usavam o Ascendente — ou Horoskopos, como chamavam — para organizar as casas do mapa natal. 
O grande Ptolomeu, em seu Tetrabiblos, foi quem detalhou essa prática e ajudou a popularizá-la. 

No Livro III, ele dedica capítulos inteiros ao Ascendente: 

  • Capítulo 2, Das Partes dos Horóscopos: o signo ascendente é “o principal indicador do corpo e da alma; depois, os planetas que estão no Ascendente ou que têm domínio sobre ele.” 

  • Capítulo 10, Da Profissão: o Ascendente e os planetas que o regem podem revelar tendências vocacionais. 

  • Capítulo 11, Dos Filhos: serve para avaliar questões sobre descendência. 

  • Capítulo 13, Dos Casamentos: influencia a vida conjugal e relacionamentos importantes. 

Vês, Nino, o Ascendente não é só uma linha imaginária: é o primeiro toque do céu sobre a vida do indivíduo, o ponto de onde a alma encarnada começa a se expressar no mundo material. 

NINO: 

 E isso continuou depois de Ptolomeu? 

SIDERATO: 

 Sim. Durante a Idade Média, astrólogos árabes e persas — como Al-Kindi e Al-Biruni — refinavam essas técnicas. 
Na Europa renascentista, Guido Bonatti e William Lilly também estudaram extensivamente o Ascendente, confirmando sua centralidade na interpretação do mapa natal. 

Não podemos apontar um único astrólogo como o primeiro a usar o Ascendente. 
A prática foi gradualmente desenvolvida: observações astronômicas na Babilônia, refinamentos na Grécia, sistematizações medievais e renascentistas… 
E hoje continua sendo a pedra angular do mapa natal. 

NINO: 

 Então, mesmo sabendo que o bebê já traz experiências antes do nascimento, memórias da concepção ou da gestação… 

SIDERATO: 

 Exatamente, Nino. 
Essas memórias ou impressões pré-natais não diminuem a importância do momento do nascimento. 
O que o nascimento nos dá é a primeira separação física e simbólica: a criança deixa o útero da mãe e entra no “útero” do universo como indivíduo. 
É o instante em que o ser passa a existir sob a influência direta do céu e da Terra. 
O mapa do nascimento, portanto, é o registro dessa entrada, a “assinatura cósmica” da individualidade. 

NINO:  

Continuemos. A seguir vem uma hipótese ridícula, é melhor escutar: 

FRAKNOI escreveu:  

3. Se o ventre materno pode manter influências astrológicas afastadas até o nascimento, por que não se pode fazer o mesmo com um envoltório de tecido humano? 

Se forças tão poderosas emanam dos céus, por que elas são inibidas antes do nascimento por uma fina camada de músculos, carne e ossos? Se o horóscopo potencial de um bebê for desfavorável, nós não poderíamos atrasar a ação das influências astrológicas envolvendo o recém-nascido em tecido humano até que os sinais celestes fossem mais propícios? 

SIDERATO: 

 (risos suaves, quase compassivo) 
Muito engraçada a formulação dessa questão… revela, na verdade, uma falta de visão profunda da vida. 
Reduzir a grandiosa relação mãe-filho, o campo vital que se forma no ventre, a um “simples envoltório de pele humana” é ignorar a totalidade da experiência da existência. 

O útero materno não é um mero saco físico; é um campo energético vivo, pulsante, sensível e integrado à consciência da mãe, à gravidade, à luz, ao ritmo do cosmos. 
Qualquer tentativa de “controlar” ou “atrasar” forças cósmicas com tecido humano é, portanto, uma ilusão infantil diante da complexidade da vida. 

(risos contidos) 
Este cientista, ao propor tal ideia, demonstra a armadilha do que chamo de modelos reduzidos da realidade: olhar apenas para o físico, ignorando o invisível, o relacional, o energético. 
Ele vê o útero como uma caixa, não como um universo em miniatura, onde o bebê recebe, silenciosa e profundamente, o alinhamento inicial com a vida e os astros. 

momento do nascimento, Nino, é quando o bebê deixa este campo materno vivo e entra no “útero do mundo”, pronto para existir como indivíduo. 
A independência física não anula a continuidade energética e simbólica da existência, mas marca o primeiro instante de manifestação plena da alma no plano terrestre. 

Esse é o fato que a Astrologia observa, que a vida respeita, e que algumas mentes científicas, por pressa ou hábito, não conseguem perceber. 

NINO:  

Continuemos. A seguir vem outra questão interessante para discussão: 

FRAKNOI escreveu a seguir: 

4. Se os astrólogos são tão bons assim, por que eles não são mais ricos? 

Alguns astrólogos dizem que eles não podem prever eventos específicos, apenas tendências. Outros dizem ser capazes de antever grandes eventos, mas não pequenos acontecimentos. 

De qualquer modo, os astrólogos poderiam ganhar bilhões prevendo, por exemplo, o comportamento global do mercado de ações, e, portanto, não teriam que cobrar altas taxas a seus clientes. Em outubro de 1987, quantos astrólogos previram a “Black Monday" na bolsa de Nova York e preveniram seus clientes? 

SIDERATO: 

 Ah, Nino… tornar-se rico envolve muito mais do que prever tendências astrológicas. Mesmo que um mapa mostre forte potencial financeiro, fatores psicológicos e comportamentais podem impedir alguém de alcançar riqueza. Além de que uns fatores astrológicos podem indicar forte potencial financeiro e outros posicionamentos de planetas paralelamente podem representar sabotagem ao potencial financeiro. 

NINO: 

 Como assim? 

SIDERATO: 

 Por exemplo, algumas pessoas carregam o medo do sucesso e, inconscientemente, sabotam oportunidades — imagine um Sol em aspecto tenso com Saturno, bloqueando a iniciativa e a confiança. Outras carecem de disciplina financeira e desperdiçam chances de prosperar, como Netuno debilitado na Casa 2, diluindo o senso de realidade material. Há ainda quem tome decisões guiadas pelo medo ou pela ganância — Marte em conjunção com Júpiter, quadrado a Vênus, por exemplo — e, mesmo quando alguns astros indicam momentos favoráveis, outros elementos podem interferir, gerando contratempos. 

NINO: 

 E no caso de investimentos, mercados e bolsas de valores? 

SIDERATO: 

 Mesmo prevendo tendências gerais, a astrologia não controla eventos inesperados: desastres naturais, crises políticas, mudanças econômicas, ou impactos coletivos imprevisíveis. O comportamento humano, as emoções em massa e as decisões governamentais podem alterar completamente o cenário. Por exemplo, uma previsão que sugere crescimento pode ser frustrada se investidores entrarem em pânico diante de rumores, crises de confiança ou medidas políticas como alterações nas taxas de juros, regulamentações, pacotes de estímulo, ou até mesmo o estourar de conflitos e calamidades públicas. Esses fatores estão além do alcance das previsões astrológicas, mas exercem influência profunda e imediata sobre o mercado. 

NINO: 

 Então, não é tão simples ganhar dinheiro usando astrologia… 

SIDERATO: 

 Exato. Alguns astrólogos são especialistas em astrologia financeira ou empresarial e conseguem orientar investimentos usando trânsitos, mapas de pessoas e empresas. Mas o mercado envolve muitas variáveis que escapam à astrologia; é uma questão de probabilidade, não de certeza. 

NINO: 

 Mas existem astrólogos ricos, não? 

SIDERATO: 

Sim, é verdade que alguns astrólogos conquistaram grande notoriedade e sucesso material. Entre eles, talvez nenhum nome brilhe tanto quanto o de Walter Mercado, astro de um firmamento próprio. 

Figura exuberante e inconfundível, Walter Mercado transformou a Astrologia em espetáculo — um teatro do encantamento popular. Com suas capas cintilantes, gestos magnéticos e voz cheia de ternura e mistério, ele entrou diariamente na casa de milhões de pessoas na América Latina e nas comunidades hispânicas dos Estados Unidos, oferecendo mensagens de fé, esperança e autoexpressão. 

É certo que muitos astrólogos tradicionais não o consideravam um verdadeiro intérprete dos astros, mas antes um símbolo criado e lapidado por seu assistente, que soube explorar o fascínio coletivo pela Astrologia popular. Ainda assim, seria injusto negar que Mercado possuía um carisma solar e uma capacidade rara de tocar o imaginário das massas. 

Sua presença na televisão, a comercialização de produtos e sua habilidade de transformar linguagem simbólica em espetáculo o tornaram uma das figuras mais prósperas e conhecidas do mundo astrológico contemporâneo — um exemplo curioso de como, às vezes, as estrelas brilham também pelo reflexo do coração humano que as interpreta.  

Outros astrólogos também souberam transformar seu talento interpretativo em prosperidadesem perder o brilho próprio que os distingue: 

Linda Goodman foi uma verdadeira estrela literária da Astrologia moderna. Autora de clássicos como Love Signs e Sun Signsela levou a linguagem dos astros às estantes e aos corações de milhões de leitoresSeus livros venderam aos milhões e abriram caminho para uma nova era da Astrologia popular, acessível e poética, onde o autoconhecimento encontrou voz nas páginas de um best-seller. 

Susan Miller, por sua vez, representa a face digital desse mesmo fenômeno. Fundadora do lendário site Astrology Zoneela conquistou uma audiência global, fiel e atenta às suas previsões detalhadasCom milhões de acessos mensaiscolaborações em revistas e livros publicados, Miller é um exemplo de como a Astrologia se reinventou na era da internet, sem perder sua alma simbólica. 

Jonathan Cainer encantou o público britânico e internacional com suas colunas espirituosas e sensíveis. Até sua morte, em 2016, foi um dos astrólogos mais lidos do planeta, com previsões diárias que chegavam a milhões de leitores através de jornais como o Daily MailSeus textos uniam humor, sabedoria e um toque de ternura — como se o próprio céu conversasse com as manchetes do dia. 

Michael Lutin, por fimtrouxe sua verve sofisticada e teatral às páginas da Vanity Fair e da CosmopolitanCom uma carreira longa e brilhantetornou-se uma referência para quem busca compreender os astros com levezainteligência e ironia fina. Suas consultas privadas e análises astrológicas atraem  décadas um público fiel, que reconhece nele o raro talento de unir erudição, humor e humanidade. 

Esses astrólogos conseguiram transformar seu conhecimento e habilidade em Astrologia em carreiras altamente lucrativas. É importante notar que o sucesso financeiro na Astrologia, como em qualquer campo, pode ser resultado de vários fatores, incluindo carisma pessoal, habilidades de comunicação, marketing eficaz e a capacidade de construir uma marca reconhecível. 

NINO: 

 Então o sucesso financeiro não é necessariamente o objetivo da astrologia? 

SIDERATO: 

 Exatamente. Muitos astrólogos dedicam-se a orientação pessoal, psicológica ou espiritual, ajudando seus clientes a compreenderem melhor a si mesmos e suas vidas. Para eles, o impacto positivo é mais importante que o acúmulo de riqueza. A astrologia oferece ferramentas para compreender tendências, mas a manifestação no mundo depende de inúmeros fatores humanos e sociais. 

NINO: 

 E quanto à famosa “Black Monday” de 1987? Alguns astrólogos previram? O que estava acontecendo com os planetas? 

SIDERATO: 

 Sim, Nino. A “Black Monday” de 19 de outubro de 1987, quando o Dow Jones despencou 22,6% em um único dia, foi precedida por uma configuração astrológica muito significativa. Havia uma conjunção poderosa entre Vênus, regente das finanças, Mercúrio, do comércio e das negociações, e Plutão, associado à transformação e à perda, em Escorpião — um signo intenso e profundo, que amplifica crises e dissoluções. 

Ao mesmo tempo, o Sol, representando os líderes e as estruturas de poder, estava em oposição a Júpiter, o planeta da expansão e da sorte, indicando excessos e desequilíbrios em grandes decisões econômicas. Para completar o cenário, Saturno se aproximava de um encontro tenso com Urano em Sagitário, simbolizando rupturas súbitas, mudanças inesperadas e choques de estruturas com ideais e liberdade. 

Essas combinações apontavam para instabilidade, tensões acumuladas e potencial de colapso, refletindo-se de forma dramática nos mercados financeiros. Os efeitos planetários já vinham se manifestando desde 1982, quando Plutão entrou em Capricórnio, desafiando estruturas econômicas, políticas e corporativas. É como se o céu estivesse enviando um aviso: mudanças profundas e inevitáveis se aproximavam, e o mercado, sensível à psicologia coletiva, reagiu com toda a intensidade que conhecemos. 

NINO: 

 Interessante. E houve alertas prévios de astrólogos? 

SIDERATO: 

 Sim, alguns astrólogos notaram padrões que indicavam possíveis turbulências. Por exemplo, Dennis Elwell, em 1987, previu problemas para o setor de transporte marítimo devido a um eclipse solar em Peixes. Pouco depois, o ferry britânico Herald of Free Enterprise naufragou, confirmando sua previsão.  

NINO: 

 E quanto à relação entre astrologia e previsões financeiras? 

SIDERATO: 

 A astrologia pode oferecer insights valiosos, mas não deve ser vista como uma ferramenta isolada para previsões financeiras. Ela pode complementar outras análises, mas fatores como comportamento humano, políticas econômicas e eventos imprevistos também desempenham papéis cruciais. Por exemplo, Paul Tudor Jones, um investidor de fundos de hedge, previu e lucrou com a queda de 1987, mas sua análise foi baseada em dados econômicos e não em astrologia. Yahoo Finanças 

NINO: 

 Então, a astrologia pode ser útil, mas deve ser usada com cautela? 

SIDERATO: 

 Exatamente. A astrologia pode fornecer uma perspectiva única sobre tendências e ciclos, mas deve ser integrada com outras formas de análise para uma compreensão mais completa e precisa dos eventos financeiros. 

NINO: 

Então, a astrologia financeira é útil, mas não garante riqueza? 

SIDERATO: 

Exato. Ela é uma lente para compreender possibilidades — não uma fórmula mágica para o sucesso garantido. 

Tornar-se rico é um processo complexo, que envolve uma teia de fatores muitas vezes invisíveis à astrologia. Mesmo que um Mapa Natal revele potenciais brilhantes para prosperidade, aspectos psicológicos e comportamentais podem bloquear ou sabotar essas oportunidades. Vejamos alguns exemplos: 

  • Medo do sucesso: Algumas pessoas carregam crenças inconscientes de que não merecem riqueza ou que o sucesso trará solidão, inveja ou responsabilidades insuportáveis. Esse medo silencioso pode levá-las a rejeitar ou desperdiçar oportunidades, mesmo sob céus favoráveis. 

  • Falta de disciplina financeira: Um mapa pode indicar talento para gerar riqueza, mas sem hábitos como poupar, investir com sabedoria e controlar impulsos de consumo, esse potencial se esvai como água entre os dedos. 

  • Decisões guiadas por medo ou ganância: Por mais precisas que sejam as previsões astrológicas, o ser humano age muitas vezes por emoção. Vender em pânico durante uma crise ou investir com avidez em momentos instáveis pode anular completamente os auspícios celestes. 

NINO: 

E quando falamos de previsões de mercado? Como você bem destacou, embora os trânsitos planetários possam apontar tendências globais, há inúmeros fatores mundanos e humanos que alteram os resultados de forma imprevisível. Poderia citar alguns? 

SIDERATO: 

Certamente. Enumeremos os mais impactantes: 

  • Eventos inesperados: Desastres naturais, guerras, inovações disruptivas ou crises políticas podem virar o jogo do mercado da noite para o dia — e raramente estão inscritos nos mapas astrológicos com precisão temporal. 

  • Comportamento coletivo: Mercados são movidos por massas humanas, e as massas são volúveis. Medo, euforia, boatos ou ondas de confiança (ou desconfiança) podem levar os preços a caminhos opostos aos indicados pelas estrelas. 

  • Intervenções governamentais: Mudanças em juros, políticas fiscais, sanções ou pacotes de estímulo têm poder imediato sobre a economia — e estão fora do escopo da astrologia, embora seus efeitos sejam reais e profundos. 

Por isso, a astrologia de mercado deve ser vista como uma ferramenta complementar, não como oráculo infalível. Astrólogos especializados em astrologia empresarial, mundial ou financeira — usando trânsitos, mapas de empresas, revoluções solares e técnicas eletivas — podem oferecer orientações estratégicas valiosas. Mas a realidade do mercado é um campo de probabilidades, não de certeza absoluta. 

Aliás, conheço astrólogos que, sim, enriqueceram aplicando seus conhecimentos em investimentos e consultorias. Muitos empresários bem-sucedidos recorrem a esses especialistas para alinhar decisões críticas com os ciclos cósmicos. Porém, minha própria prática não se volta para a bolsa de valores — e, francamente, não é esse o foco da maioria dos astrólogos. 

NINO: 

Realmente, não conheço ninguém que estude astrologia com o propósito principal de enriquecer. 

SIDERATO: 

E há boas razões para isso: 

  1. Diversidade da astrologia: Ela se ramifica em vertentes — natal, horária, eletiva, médica, kármica, mundial — muitas delas voltadas ao autoconhecimento, à cura emocional ou à orientação espiritual, não ao lucro material. 

  1. Limitações inerentesA astrologia lida com tendências, potenciais e arquétipos, não com previsões exatas. O mercado, por sua vez, é um sistema caótico, influenciado por fatores que vão muito além dos planetas. 

  1. Valores pessoais: A maioria dos astrólogos é movida pelo desejo de ajudar, iluminar caminhos, promover transformação — não pelo acúmulo de riqueza. Para muitos, o verdadeiro “sucesso” é ver um cliente encontrar sentido, paz ou clareza. 

  1. Sucesso ≠ validade: Sim, há astrólogos financeiramente bem-sucedidos — como Walter Mercado, cujo carisma conquistou milhões; Linda Goodman, que popularizou a astrologia com best-sellers; Susan Miller, estrela digital do Astrology Zone; Jonathan Cainer, colunista de milhões de leitores; ou Michael Lutin, voz de revistas como Vanity Fair. Mas seu sucesso vem tanto do conhecimento astrológico quanto de comunicação, branding, timing e carisma — não apenas dos trânsitos de Júpiter. 

  1. Contexto históricoAlguns astrólogos, de fato, anteciparam crises — como tensões econômicas antes da “Black Monday” de 1987, ou os impactos da entrada de Plutão em Capricórnio (1982), que sinalizava transformações profundas nas estruturas de poder e finanças globais. Mas interpretar e agir com sabedoria sobre esses sinais exige discernimento humano — e nem sempre há quem escute. 

Em síntese: a astrologia pode iluminar os caminhos da riqueza, mas não os constrói sozinha. Ela revela os ventos cósmicos — mas quem navega é o ser humano, com suas escolhas, medos, coragem e liberdade. 

E, no fim, para muitos de nós, a maior riqueza que a astrologia oferece não é contada em moedas, mas em consciência. Eu mesmo, confesso, nunca pensei em como enriquecer com Astrologia. Podemos continuar com o kit. 

NINO:  

FRAKNOI escreveu a seguir: 

5. Os horóscopos feitos antes da descoberta dos três planetas mais exteriores são incorretos?  

Alguns astrólogos defendem que o signo solar (a localização do Sol no zodíaco no momento do nascimento), usado isoladamente, como é feito por muitos jornais, é um guia inadequado para os efeitos do cosmo. Estes praticantes “sérios” (geralmente aqueles que não conseguem entrar no lucrativo negócio das colunas em jornais) insistem que a influência de todos os principais corpos do Sistema Solar deve ser levada em conta – incluindo Urano, Netuno, e Plutão, que não eram conhecidos até 1781, 1846, e 1930, respectivamente. 

Neste caso, o que acontece com todas as previsões feitas antes da descoberta destes astros? Todos os horóscopos feitos antes de 1930 estavam errados? E por que as imprecisões dos horóscopos anteriores não levaram os astrólogos a deduzirem a presença de Urano, Netuno e Plutão muito antes dos astrônomos? E se os astrônomos encontrarem um décimo planeta? E qual é a influência dos asteroides e das grandes luas dos planetas exteriores?” 

SIDERATO: 

 (um leve sorriso, pensativo) 
Primeiro, diria que há uma certa ingenuidade nessas perguntas — o que não é ruim, é apenas o olhar de quem observa a Astrologia de fora. 
Um bom professor devolveria a questão ao aluno: o que é que muda quando o Céu se revela um pouco mais? 

(pausa) 
A resposta é simples, mas profunda: à medida que descobrimos novos corpos celestes, expandimos também o campo da consciência. 
Cada planeta, cada asteroide, revela uma nova camada da experiência humana. 
E a Astrologia, sendo uma linguagem viva, incorpora essas novas vozes — não como correções do passado, mas como ampliações do presente. 

NINO: 

 Então, os horóscopos antigos não estavam errados? 

SIDERATO: 

 De forma alguma. 
Eles eram adequados ao tempo em que foram escritos. 
Assim como uma visão de mundo se amplia com o amadurecimento da humanidade, o mapa celeste também se torna mais vasto à medida que nossos olhos alcançam mais longe. 

(passeia com o olhar pelo horizonte) 
Urano foi descoberto em plena Revolução Industrial — quando a eletricidade e as máquinas começaram a transformar a vida humana. 
Urano é o símbolo do despertar, da invenção, da rebeldia criadora. 
Netuno surgiu no auge do Romantismo, quando o sonho, a arte e a espiritualidade dissolviam as fronteiras da razão. 
E Plutão nasceu para nós em 1930, no tempo da psicanálise, da física quântica e das transformações do poder. 
Três descobertas, três espelhos da alma coletiva. 

NINO: 

 Então, cada planeta novo aparece quando a humanidade está pronta para reconhecê-lo — como se a própria consciência chamasse o Céu a se mostrar. 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
A Astrologia não é um sistema fechado; é um organismo que cresce com o espírito do tempo. 
Quando novos planetas são descobertos, a linguagem simbólica se atualiza, e novos significados são tecidos nas leituras dos mapas. 
Hoje, por exemplo, muitos astrólogos utilizam os asteroides — Quíron, especialmente, que fala da ferida e da cura, do sofrimento que ensina e reconcilia. 

Cada nova descoberta é como uma nova tecla num instrumento antigo. 
O astrólogo aprende a tocar o mesmo tema — o destino humano — com harmonias mais ricas, mais complexas, mais belas. 

NINO: 

 (pensativo) 
Então a Astrologia é um conhecimento em constante expansão, como o próprio universo... 

SIDERATO: 

 Sim, e é justamente por isso que ela continua viva. 
É um espelho que cresce com o olhar. 
Por isso, quando alguém pergunta “e se um décimo planeta for descoberto?”, eu respondo: 
“Então teremos uma nova janela para compreender o mistério da vida.” 

(pausa) 
E é essa curiosidade, essa abertura para o novo, que faz parte do que chamo de Kit do Astrólogo Iniciante. 
As ferramentas, claro, são o mapa, os signos, as casas e os aspectos. 
Mas o essencial — o verdadeiro instrumento — é o olhar vivo, capaz de ver o Céu como um ser em evolução. Continuemos com o Kit. 

NINO: 

Continuemos. FRAKNOI escreveu a seguir: 

6. Nós não deveríamos condenar a Astrologia como uma forma de discriminação? 

Numa sociedade civilizada são deplorados todos os sistemas que julgam indivíduos meramente por sexo, cor da pele, religião, pátria de origem e outras características casuais de nascimento. Mesmo assim, os astrólogos defendem que podem avaliar pessoas com base numa outra característica casual de nascimento: a posição dos corpos celestes. Será que se recusar a sair com uma Leonina ou não contratar um Virginiano não é tão preconceituoso quanto não sair com uma católica ou não contratar um negro? 

SIDERATO: 

 (rindo) 
Essa pergunta é espirituosa — e um pouco dramática. 
Mas revela uma confusão entre “compreender diferenças” e “julgar pessoas”. 
A Astrologia nunca foi um sistema de julgamento — é uma linguagem de leitura, não de exclusão. 

NINO: 

 Mas é inegável que há quem diga: “Ah, não me dou bem com escorpianos”, “não confio em geminianos”, “caranguejo é meloso demais”... 

SIDERATO: 

 (sim, acenando) 
Sim, e isso é justamente o mau uso do símbolo. 
Quando o signo é usado para rotular, perde-se o espírito da Astrologia. 
O mapa não é uma sentença, é um território de possibilidades. 
Cada pessoa expressa os doze signos de modos únicos — e o que chamamos de “tendência” é apenas uma configuração energética, não uma prisão. 

NINO: 

 Então quando alguém usa o mapa para excluir, está perdendo a essência? 

SIDERATO: 

 Exatamente. 
A verdadeira Astrologia não julga, integra. 
Ela mostra onde há talentos, onde há desafios, onde o ser pode florescer. 
Num contexto, sim, pode ajudar a alinhar vocações, indicar funções mais adequadas, orientar escolhas — mas jamais para “eliminar” alguém. 
É uma ferramenta de posicionamento, não de segregação. 

NINO: 

 Mas, digamos, numa empresa... usar o mapa astral para escolher quem contratar, isso não seria uma forma de discriminação? 

SIDERATO: 

 Depende da intenção. 
Se for para excluir, é distorção. 
Se for para compreender e orientar, é sabedoria. 
A Astrologia pode ajudar tanto o gestor quanto o candidato: 
mostra o que cada um tem de mais natural e onde precisará de esforço. 
Se alguém não é selecionado para uma função, o mapa pode indicar outras em que suas forças brilhem com mais harmonia. 

NINO: 

 Então ninguém está “preso” ao mapa? 

SIDERATO: 

 De modo algum. 
O mapa é como um software de base — um sistema operacional. 
Enquanto estamos no “modo automático”, ele conduz nossos padrões, instintos, hábitos. 
Mas quando despertamos para a consciência de quem somos, podemos reprogramar tudo. 
É nesse ponto que o livre-arbítrio e o autoconhecimento se encontram. 

(pausa) 
O mapa não dita o destino — apenas o revela como possibilidade. 
A consciência é quem decide o enredo. 

NINO: 

 (pensativo) 
Então o horóscopo não é uma etiqueta, mas uma ferramenta de autoconhecimento. 

SIDERATO: 

 Sim. 
E esse é o espírito do nosso Kit de Defesa Astrológica: 
usar o conhecimento dos céus não para separar, mas para compreender; 
não para prever o outro, mas para escutar a si mesmo; 
não para dizer “tu és assim”, mas para perguntar “quem posso ser?”. 

(olha para Nino com doçura) 
O mapa é o espelho da alma — e o espelho não julga, apenas reflete. 

NINO: 

 (sorrindo, tocado) 
Bonito isso, Siderato... 
O espelho não julga — apenas reflete. 

SIDERATO: 

 É, Nino. 
E é no reflexo que começa a liberdade. Vamos continuar com o Kit. 

NINO:  

Perfeito, Siderato. Isso esclarece muito bem que a Astrologia, pois quando usada de maneira ética e consciente, pode ser um poderoso instrumento de autoconhecimento e crescimento, em vez de um meio de discriminação. Vamos continuar nossa análise. FRAKNOI escreveu a seguir: 

7. Por que diferentes escolas da Astrologia discordam tão fortemente entre si? 

Astrólogos parecem discordar nos aspectos mais fundamentais de sua arte: se devem ou não incluir a precessão do eixo da Terra, quantos planetas e outros objetos celestes podem ser inclusos, e o que e mais importante, quais tendências de personalidade acompanham os fenômenos cósmicos. Leia 10 colunas astrológicas diferentes, ou examine uma previsão feita por 10 astrólogos diferentes, e provavelmente você terá 10 interpretações diferentes. 

Se a Astrologia e uma ciência, como armam seus defensores, por que os seus praticantes não convergem para uma teoria de consenso depois de milhares de anos coletando dados e refinando suas interpretações? Ideias científicas geralmente convergem com o passar do tempo, na medida em que são testadas no laboratório ou comparadas com fatos. Por outro lado, sistemas baseados em superstição ou crenças pessoais tendem a divergir na medida em que seus praticantes criam nichos distintos enquanto lutam por poder, dinheiro ou prestígio. 

SIDERATO:  

(rindo levemente) 
Ah, essa pergunta, Nino, é recorrente... e carregada de uma ironia curiosa: exige da Astrologia uma uniformidade que nem a própria Astronomia possui. 
Veja — há astrônomos que divergem em hipóteses sobre a origem do universo, sobre a natureza da matéria escura, sobre o destino das galáxias... e ninguém chama isso de “superstição”. 
A diversidade de interpretações é o que mantém uma linguagem viva. 
E a Astrologia, sendo uma linguagem simbólica do céu, reflete a pluralidade do próprio universo. 

Agora, quanto às diferenças entre as escolas, há um ponto essencial a esclarecer. 
Tudo começa com a precessão dos equinócios — esse lento movimento do eixo da Terra, que faz com que o ponto do equinócio de primavera se desloque, em cerca de 26 mil anos, por todo o círculo zodiacal. 
A questão é: de onde medimos o zodíaco? 

Astrologia Tropical, usada no Ocidente, fixa o ponto zero de Áries exatamente no equinócio de primavera, ou seja, em relação ao Sol e às estações da Terra. 
Ela descreve o vínculo entre o ser humano e o ciclo das forças sazonais — o nascer e morrer da luz, o pulsar do ano solar, o teatro da consciência. 
Por isso, o zodíaco tropical é psicológico, simbólico e experiencial. Ele fala da jornada da alma encarnada, da relação entre o ser e o ambiente. 

Já a Astrologia Sideral, base da tradição védica, ancora o zodíaco nas constelações reais, nas estrelas fixas. 
É, portanto, uma medição astronômica mais literal. 
Ela revela o plano da essência espiritual, os padrões cármicos herdados, a estrutura subjacente que antecede a manifestação — como se descrevesse o roteiro da alma antes de entrar em cena. 
Enquanto o tropical fala do personagem, o sideral fala do arquétipo que o inspira. 

E há ainda a Astrologia Dracônica, que toma como referência o Nodo Norte da Lua, o ponto onde a órbita lunar cruza a eclíptica solar. 
Esse zodíaco fala do caminho evolutivo, das memórias anímicas, das emoções e motivações mais profundas — a maré invisível que move o ser. 
Ela é como o pano de fundo emocional das encarnações, o fio de prata que conecta passado e futuro. 

Assim, Nino, essas três visões não se excluem — elas se complementam, como o corpo, a alma e o espírito de uma mesma totalidade. 
O tropical mostra o palco onde atuamos, o sideral o roteiro original, e o dracônico o destino que nos chama. 

(pausa, olhando o público) 
Portanto, quando alguém pergunta “por que há tantas Astrologias?”, eu devolvo: 
“Por que haveria apenas uma, se o próprio céu se expressa em camadas?” 

NINO: 

(olhando o céu projetado no fundo do palco, pensativo) 
Então, se entendo bem, Siderato 
cada sistema astrológico é como um espelho voltado para uma dimensão diferente do mesmo ser. 
O tropical, mais ligado à Terra e às estações, mostra como vivemos a experiência — o teatro visível da consciência. 
O sideral, ancorado nas estrelas, revela o enredo invisível, o plano da alma antes de nascer. 
E o dracônico… (pausa) é como o fio emocional que nos puxa em direção ao que ainda precisamos compreender. 

(aproxima-se de Siderato) 
Mas isso me leva a outra pergunta: 
Se cada zodíaco fala de uma camada do ser, como um astrólogo pode articular todas essas visões sem se perder na multiplicidade? 
Há um ponto de convergência, um eixo que unifique essas leituras — ou estamos destinados a navegar entre mapas que se contradizem e se completam ao mesmo tempo? 

(pausa breve, com um meio sorriso) 
Porque, no fundo, parece que o céu é um grande mosaico de verdades, e cada astrologia escolhe apenas um dos seus reflexos… 
Mas onde está o Céu uno, aquele que habita todos eles? 

SIDERATO: 

(toma fôlego, com um brilho de paciência e firmeza no olhar) 
Exatamente, Nino. A escolha da técnica, ou mesmo do sistema astrológico, depende da questão que se quer iluminar. 
Não existe uma “Astrologia verdadeira” e outra falsa — há diferentes lentes, e cada uma revela uma camada do mesmo mistério. 

Um astrólogo experiente aprende a transitar entre elas, como quem domina várias linguagens da alma. 
Se a consulta busca compreender os ciclos de realização pessoal e destino no mundo, o zodíaco tropical é mais apropriado — ele fala da experiência encarnada, do modo como a consciência se expressa no tempo e na Terra. 
Se o propósito é sondar o enredo espiritual, as raízes kármicas, a Astrologia sideral, mais próxima das constelações fixas, oferece uma perspectiva de alma — ela fala do ser antes da experiência, da essência antes da forma. 
E quando queremos compreender as forças emocionais mais sutis, aquelas que nos empurram, mesmo sem sabermos por quê, o zodíaco dracônico é um oráculo preciso — ele segue o caminho dos nós lunares, os portais da memória e da evolução. 

(pausa, caminha lentamente) 
Cada técnica — seja progressão, trânsito, sinastria, ou revolução solar — é como um instrumento em uma grande orquestra. 
O astrólogo, então, é o maestro que sabe qual instrumento deve soar, em que momento, e com que intensidade, para revelar a música oculta do mapa. 

O essencial é compreender que todas as astrologias descrevem o mesmo Céu — mas vistas de ângulos diferentes. 
Assim como o mesmo ser humano pode ser visto como corpo, emoção, mente, alma e espírito, o Céu também se multiplica em camadas. 
O mapa natal é o organismo simbólico que as reúne. 
A verdadeira arte do astrólogo é saber unir essas leituras num olhar integrado — onde o múltiplo retorna ao Uno. 

(sorri para Nino) 
No fundo, o Céu é o mesmo para todos. O que muda é o espelho que cada um usa para olhá-lo. Vamos continuar com o Kit. 

NINO:  

Continuemos. FRAKNOI escreveu:  

8. Se a influência astrológica e veiculada por alguma forca conhecida, por que os planetas dominam? 

Se os efeitos da Astrologia podem ser atributos à gravidade, às forças de maré, ou ao magnetismo (cada um é invocado por uma escola diferente), até mesmo um aluno iniciante de Física pode fazer os cálculos necessários para saber o que realmente afeta um bebê recém-nascido. Por exemplo, o obstetra que faz o parto do bebê possui seis vezes mais atração gravitacional do que Marte, e aproximadamente dois trilhões de vezes sua força de maré. O médico pode ter uma massa muito menor do que a do planeta vermelho, mas está bem mais perto do bebê!  

levanta os olhos do texto, sorrindo, com ironia) 
E então, Siderato? Que respondes a esse argumento tão... “cientificamente engenhoso”? 

SIDERATO: 

 (ri com serenidade, encostando-se na cadeira) 
Ah, Nino... Essa é uma daquelas perguntas que parecem brilhantes, mas partem de um equívoco essencial. 
Quem disse que a Astrologia fala de forças físicas? 

(pausa breve, olha para o público) 
A Astrologia não trabalha com influências, mas com sincronicidades. 
Os planetas não “dominam” o ser humano — eles espelham o que acontece dentro e ao redor dele. 
Não se trata de causalidade, mas de correspondência simbólica: uma dança entre Céu e Terra, onde tudo vibra em harmonia e sentido. 

NINO: 

 Mas então, não há nenhum tipo de força mensurável? Nenhum campo energético que explique essa ligação? 

SIDERATO: 

 (sereno, mas intenso) 
Ainda não há uma descrição física para o campo que liga o ser humano ao cosmos — e talvez nunca haja, porque ele pertence a outra ordem de realidade. 
O que a Astrologia descreve é uma linguagem simbólica que expressa a interligação entre o microcosmo e o macrocosmo. 
Nós, astrólogos, não medimos forças — interpretamos significados. 

Veja, a Física pode calcular a gravidade de Marte, mas não pode medir o impacto de um mito. 
E é de mitos que trata a Astrologia — das forças arquetípicas que moldam a experiência humana. 
Essas forças não puxam, não empurram — ressonam. 

NINO: 

 (escutando atentamente) 
Então, o mapa natal seria como... uma imagem simbólica do instante em que a alma entrou na sinfonia do tempo? 

SIDERATO: 

 (exatamente) 
Sim, Nino. 
O mapa é a assinatura celeste do momento em que o ser se encarna. 
Não é uma causa — é um espelho. 
E a beleza está justamente aí: compreender que o mesmo Céu que nos envolve por fora habita também dentro de nós. 

(ergue um livro) 
Eu costumo dizer que a Astrologia é uma linguagem da alma, não uma ciência da matéria. 
Ela não compete com a Física, assim como a poesia não compete com a Química. 
Cada uma revela uma dimensão diferente do real. 

(pausa, tom reflexivo) 
De fato, há tentativas de estudar estatisticamente certos fenômenos astrológicos, e algumas confirmam padrões interessantes. 
Mas a essência da Astrologia escapa à metodologia científica, porque ela não trata de coisas, e sim de sentidos. 
Como dizia B. Alan Wallace, a ciência ainda tateia no escuro quando tenta compreender os mistérios da mente e da consciência. 

O problema é que vivemos sob a ditadura do materialismo, que só reconhece como “real” o que pode ser pesado, medido ou quantificado. 
Mas há mundos inteiros — mundos de significados — que só se revelam quando deixamos o coração pensar junto com a razão. 

NINO: 

 (sorri, sensibilizado) 
Entendo... então os planetas não são ímãs, mas metáforas vivas — espelhos celestes de nossas próprias forças interiores. 

SIDERATO: 

 (assente, com doçura) 
Sim, Nino. 
E quando aprendemos a ler o Céu com os olhos da alma, percebemos que ele sempre falou conosco — desde o início dos tempos. 

NINO: 

 (fica um instante em silêncio, olhando para o nada, como se ouvisse algo além das palavras) 
É curioso, Siderato… quanto mais você fala, mais percebo que o erro de muitos críticos é tentar medir o invisível com as réguas do visível. 
Querem pesar o perfume, calcular o amor, traduzir o mistério em fórmulas. 

(olha para o alto, como se visse o céu) 
Talvez a Astrologia seja isso: uma escuta das correspondências, um modo de sentir a ordem secreta que pulsa entre o dentro e o fora. 
Não é uma força física, mas uma melodia que se repete em oitavas diferentes — no corpo, na alma, nas estrelas. 

(virando-se para Siderato, com leve sorriso) 
Lembro-me de um verso que diz: “o que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima, para que se cumpra o milagre de uma só coisa.” 
— Hermes Trismegisto, não é? 

SIDERATO: 

 (assente com alegria, olhos vivos) 
Sim, Nino. O princípio hermético da correspondência. 
Tudo vibra em harmonia — e a Astrologia é uma das artes de reconhecer essa música. 
Ela não impõe, apenas revela. 
Não aprisiona, apenas descreve o campo de possibilidades onde a liberdade humana pode florescer. 

NINO: 

 (aprofundando o tom, como quem descobre um sentido) 
Então... quando alguém lê o próprio mapa, não está lendo o destino, mas o alfabeto do próprio ser. 
E quando um astrólogo interpreta, ele traduz uma linguagem que fala através dos astros — mas que, no fundo, é a linguagem da alma conversando consigo mesma. 

(pausa breve, emocionado) 
Agora entendo por que você diz que a Astrologia é viva. 
Porque o Céu também está em movimento dentro de nós. 

SIDERATO: 

 (tocando o ombro de Nino, com ternura) 
Exatamente, meu amigo. 
E quando o homem aprende a ouvir esse movimento interior — o ritmo do próprio Céu em si — ele se reconcilia com o mistério da existência. 

NINO: 

 (sorri, respirando fundo, como quem se pacifica) 
Talvez o grande desafio não seja provar a Astrologia... mas compreendê-la no mesmo nível de consciência em que ela nasceu. 
Como uma ponte entre mundos — entre a lógica e o símbolo, entre o humano e o divino. 

(voltando-se para os papéis) 
Bem, vamos ao próximo ponto do Kit Fraknoi, antes que o Céu mude de casa. 

Continuemos. FRAKNOI escreveu a seguir: 

Se a influência astrológica é veiculada por alguma força desconhecida, por que esta é independente da distância? 

Todas as forças de longo alcance conhecidas no universo tornam-se mais fracas à medida em que os objetos ficam mais distantes entre si. Porém, as influências astrológicas independem completamente da distância, como se pode esperar de um sistema centrado na Terra e concebido há milhares de anos atrás. A importância de Marte no seu horóscopo é idêntica, quer o planeta esteja do mesmo lado do Sol em que a Terra se encontra, quer sete vezes mais distante, do outro lado. Uma força que não depende da distância seria uma descoberta revolucionária. 

SIDERATO:  

(sereno, com um sorriso contido) 
O ponto fundamental é este: a Astrologia que praticamos é geocêntrica — isto é, o mapa nasce do lugar da Terra onde a pessoa veio ao mundo. 
No mapa, a Terra está no centro por convenção; o que importa não é a distância radial até um planeta, mas a direção em que ele aparece a partir daqui. 

Tecnicamente, o que os astrólogos medem é a longitude zodiacal do planeta — o grau em que ele ocupa ao longo da eclíptica — e sua relação angular com pontos do horizonte (Ascendente/Descendente) e do eixo vertical (Meio-Céu/Fundo do Céu). 
Também observamos os aspectos — ângulos como 0°, 60°, 90°, 120°, 180° — que representam relações geométricas entre posições zodiacais, não “forças” que atravessam o espaço. 

Por isso a pergunta sobre distância parte de uma premissa equivocada. A prática mostra consistentemente que o que se correlaciona com traços e acontecimentos é a posição angular e a direção zodiacal, não o quão afastado fisicamente está o corpo celeste. 

(pausa breve, olhando para Nino) 
Em outras palavras: a Astrologia não busca explicar por meio de gravitação ou marés; ela opera com coordenadas e correspondências simbólicas. 
O campo que nos une aos planetas é, portanto, de natureza simbólica e sincronística, não uma força física mensurável pela física clássica. 

(imagem final, suave) 
Pensa nos planetas como pontos de referência num céu-mapa: não são ímãs que puxam, mas faróis que orientam a leitura do instante — e é essa orientação, essa direção, que nos interessa. 

NINO: 

 (assentindo, curioso) 
Então... o que os astrólogos chamam de influência planetária não é, de fato, uma influência no sentido material, sei que já explicou, mas fala um pouco mais? 

SIDERATO: 

A maioria dos astrólogos sérios nem usa mais a palavra “influência”. 
Falamos de sincronicidade — um termo antigo, intuído por Hermes Trismegisto e redescoberto por Carl Jung. 

(pausa breve, didática) 
Lei da Sincronicidade diz que certos eventos coincidem não por causa e efeito, mas por afinidade de sentido. 
O movimento dos planetas não causa os acontecimentos humanos, mas reflete a ordem invisível que os liga. 
Como o relógio que marca a hora — ele não cria o tempo, apenas o indica. 

NINO: 

 (olha o céu pela janela) 
Então quando um planeta transita um ponto sensível do mapa, ele não está empurrando ninguém — está apenas espelhando algo que já se move dentro da alma? 

SIDERATO: 

 (brilha o olhar) 
Perfeito, Nino. 
O Céu e a Terra se movem juntos — um como símbolo, o outro como acontecimento. 
Por isso dizemos que “como é em cima, é embaixo”: a dança celeste e o drama humano são expressões de um mesmo mistério. 

E veja: essa correspondência independe da distância, porque o sentido não viaja no espaço — ele acontece simultaneamente em todos os planos. 
A sincronia é o idioma do universo. 

NINO: 

 (emocionado, com voz baixa) 
Então não há “força astrológica” no sentido físico… há uma espécie de eco sagrado entre o que acontece lá fora e o que pulsa dentro de nós. 

SIDERATO: 

 (toca o peito, suave) 
Sim. 
E o astrólogo é apenas quem aprendeu a escutar esse eco. 
Não um sacerdote do destino — mas um intérprete da harmonia. 

(pausa, com leve humor) 
Enquanto o obstetra mede o peso do bebê, o astrólogo lê o peso do Céu naquele instante. 
Um trabalha com corpos, o outro com símbolos. 
Ambos tocam o mistério da vida, cada um a seu modo. 

NINO: 

 (sorri, recolhendo o papel) 
Agora entendo: não se trata de distância, mas de presença. 
Os planetas estão distantes, mas o Céu está dentro. 

(pausa) 
Podemos seguir, Siderato? 

SIDERATO: 

 Claro, Nino. 
Kit Fraknoi ainda tem algumas perguntas... e o Céu, muitas respostas. 

As Estrelas na Astrologia 

NINO:  

(ajeitando-se na cadeira, curioso) 
Continuemos com a última pergunta. FRAKNOI escreveu o seguinte: 

10. Se as influências astrológicas não dependem da distância, por que não existe Astrologia de estrelas, galáxias e quasares?  

O astrônomo francês Jean-Claude Pecker lembra que os astrólogos parecem ter uma visão bastante curta por limitarem sua arte ao nosso sistema solar. Bilhões de corpos extraordinários em todos os cantos do universo deveriam somar sua influência aquela proporcionada pelos nossos pequeninos Sol, Lua e planetas. Será que um cliente cujo horóscopo omite os efeitos de Rigel, do pulsar do Caranguejo e de M31 realmente recebe uma interpretação completa? 

 Então, Siderato, chegamos à última questão do nosso percurso… FRAKNOI perguntou — com certa ironia — por que, se as influências astrológicas não dependem da distância, não existe uma Astrologia das estrelas, das galáxias e dos quasares. Ele diz que limitamos nossa arte ao pequeno sistema solar, quando o universo está cheio de corpos extraordinários. 

SIDERATO: 

 (sorri) 
Essa é boa, Nino. O que FRAKNOI ignora é que essa astrologia das estrelas existe desde os primórdios — e continua viva. Desde os caldeus e babilônios, os sacerdotes do céu observavam não apenas os planetas errantes, mas também as estrelas fixas, aquelas que pareciam imóveis, sustentando o grande tecido do firmamento. 

NINO: 

(erguendo o olhar, intrigado) 
Essas estrelas… parecem imóveis, não é? 
Como se o tempo não as alcançasse — sempre guardando entre si a mesma distância, como um bordado que nunca se desfaz no tecido do céu. 
São as constelações: lugares onde os antigos viam seus deuses, heróis e monstros celestes — figuras eternas de mitos que talvez não se movam no céu, mas continuam a se mover dentro de nós. 

SIDERATO: 

(risos leves) 
Mas até as estrelas se movem, Nino. 
Uma estrela avança apenas um grau a cada setenta e dois anos? 

NINO: 

(surpreso) 
Setenta e dois anos? Então, numa vida inteira, ela mal se mexe! 

SIDERATO: 

Exato. O que para nós é uma vida inteira, para o Céu é apenas um respiro. 
Esse movimento quase imperceptível chama-se precessão — o leve balanço do eixo da Terra, que faz o grande pano de fundo do firmamento girar lentamente, num ciclo de quase vinte e seis mil anos. 

NINO: 

Pode detalhar mais, Siderato? 

SIDERATO: 

(olha para o alto, como quem contempla um antigo segredo) 
A precessão dos equinócios é o lento deslocamento do eixo terrestre — algo semelhante ao movimento de um pião que, mesmo girando, oscila em torno de si. 
Por causa desse balanço, o ponto vernal — aquele ponto da eclíptica onde o Sol cruza o equador celeste no equinócio de março — começa a retroceder pelo zodíaco. 

Ele caminha para trás, no sentido oposto ao dos signos, cerca de um grau a cada setenta e dois anos. 
E assim, ao longo de aproximadamente dois mil cento e sessenta anos, esse ponto recua por todo um signo, inaugurando uma nova Era astrológica. 
É desse modo que hoje vivemos a transição entre a Era de Peixes e a nascente Era de Aquário — um limiar entre dois modos de sonhar o mundo. 

O que chamamos de movimento “retrógrado” do ponto vernal é, na verdade, o reflexo da própria precessão das estrelas fixas: se o eixo da Terra se inclina, todo o pano de fundo celeste muda de posição, ainda que tão lentamente que apenas os milênios o percebem. 

Ou seja: 
🔹 As estrelas movem-se em relação à Terra um grau no sentido direto zodiacal, a cada 72 anos. 
🔹 O ponto vernal retrocede ou retrograda, também um grau a cada 72 anos. 
São os dois lados de uma mesma dança cósmica — uma coreografia silenciosa entre a Terra e o firmamento. 

E é justamente desse fenômeno que nasce a diferença entre as duas grandes tradições: 
Astrologia sideral, que se orienta pelo zodíaco das estrelas, e a Astrologia tropical, que segue o zodíaco das estações. 
O que, para os astrônomos que desconhecem a profundidade simbólica da Arte, parece uma contradição… é, na verdade, uma riqueza esplêndida, uma duplicidade criadora. 

Mas deixemos essas distinções para outra ocasião — agora, voltemos o olhar às estrelas, essas velhas guardiãs da memória do Céu. 

NINO: 

Então as estrelas não são tão fixas assim... 

SIDERATO: 
(risos) 

Nada é totalmente fixo, nem mesmo o que chamamos de eterno. 
Mas, comparadas aos planetas — que dançam velozes, cruzando os signos e as casas — as estrelas são como arquétipos imemoriais, raízes do Céu. 
Enquanto os planetas contam o tempo das mudanças, as estrelas guardam o tempo das essências. 

NINO: 

(olhando para cima, em silêncio breve) 
Então os planetas são os mensageiros… e as estrelas, as testemunhas? 

SIDERATO: 

Lindo isso, Nino. 
Sim — as estrelas são as testemunhas da Criação. 
Elas lembram o que fomos antes de nascer e o que continuaremos a ser quando tudo o mais mudar. 

NINO: 

Então os antigos já liam as estrelas, não apenas os planetas? 

SIDERATO: 

Sim. 
Vivian Robson, por exemplo — astrólogo inglês do início do século XX — escreveu The Fixed Stars and Constellations in Astrology, uma obra monumental que resgatou e sistematizou o saber antigo. 
Ele descreveu como cada estrela carrega uma essência arquetípica: algumas anunciam glória; outras, perigo, desgraça ou calamidade; há também as que concedem dons eternos, bênçãos e inspirações espirituais. 

Depois dele vieram Oscar Hofman, que uniu mitologia e técnica em Fixed Stars in the Chart, e Diana Rosenberg — uma das maiores pesquisadoras modernas — que mapeou centenas de estrelas com a paciência de uma astrônoma e a alma de uma poeta. 
E, se olharmos mais atrás, lá pelo século VIII, encontraremos Mashallah ibn Athari, sábio persa que uniu astronomia e astrologia estelar, lendo as constelações como livros vivos. 

NINO: 

Interessante... então, na verdade, essa “limitação ao sistema solar” é uma ideia de quem não conhece astrologia — não uma regra da tradição. 

SIDERATO: 

Exato. A Astrologia sempre olhou para além. 
O que acontece é que as estrelas fixas seguem outro ritmo — não falam de ciclos perceptíveis como os dos planetas, mas de essências que irradiam, por toda uma vida, a mesma canção. 
Os planetas são os atores: entram e saem de cena, mudam de papel. 
As estrelas são o cenário eterno — o pano de fundo onde a peça da vida acontece. 

NINO: 

 E o que elas acrescentam à leitura de um mapa? 

SIDERATO: 

 Elas são como as notas graves de uma sinfonia: sustentam a melodia. 
Os planetas indicam as funções — pensar, agir, sentir —, mas as estrelas revelam o tom, a origem, o mito pessoal que anima essas funções. 
Quando uma estrela se alinha a um planeta, ou toca um ponto vital do mapa — o Ascendente, o Meio do Céu — ela o tinge com sua cor. 
Rigel, em Órion, traz coragem e talento criativo. 
Aldebarã, em Touro, dá estabilidade e honra. 
Antares, em Escorpião, desperta paixões intensas e poder transformador. 
Sirius, a estrela mais brilhante, inspira genialidade e conexão espiritual. 

NINO: 

 Parece que elas falam de vocações, destinos e dons que transcendem o tempo — como se fossem memórias cósmicas da alma. 

SIDERATO: 

 (pausa, olhando o céu) 
Sim, Nino. São vozes antigas, ecos de civilizações que já olhavam o firmamento em busca de sentido. 
Na astrologia mundial, essas estrelas marcam grandes eras, impérios que surgem e caem, mudanças de consciência coletiva. 
No mapa individual, falam daquilo que é permanente — o chamado interior, o fogo da estrela que cada um traz no peito. 

NINO: 

 Então a Astrologia das estrelas não é um excesso místico, mas uma ampliação do olhar. 

SIDERATO: 

 Perfeitamente. 
Ela recorda que somos filhos de um cosmos imenso, onde cada ponto de luz carrega uma história. 
Os planetas dançam — mas é o coro das estrelas que dá à dança seu sentido. 

(pausa longa) 
No fundo, Nino, ler um mapa é ouvir essa música silenciosa — 
onde o movimento dos planetas e o canto das estrelas se encontram no coração do homem. 

Só gostaria de informar aos ouvintes que a interpretação das estrelas exige maturidade e conhecimento da vida, especialmente quando se toma por referência o escrito pelos astrólogos antigos. 

NINO: 

Quais então os astrólogos que você aconselha estudar?  

SIDERATO: 

Eu gosto de:  

Vivian E. Robson (1889-1945) 

Autor de The Fixed Stars and Constellations in Astrology (1923) — obra clássica que reúne significados simbólicos de estrelas fixas, constelações, mansões lunares, sua aplicação na astrologia natal e mundana.  

Robson sistematizou a interpretação das estrelas como complemento dos planetas, oferecendo tabelas, significados tradicionais e uma base para quem “quer ler” as estrelas no mapa. 

Importante porque fornece uma linguagem simbólica das estrelas que pode ser integrada ao discurso astrológico profundo que você curte — conectar o Céu com a alma. 

Oscar Hofman 

Autor de Fixed Stars in the Chart: Constellations, Lunar Mansionsand Mythology (2019) — revisita estrelas fixas com ênfase na mitologia, constelações, mansões lunares, e como aplicá-las em mapas modernos. 

Representa uma ponte entre tradição e modernidade — útil para quem quer trabalhar símbolos das estrelas de modo mais exploratório. 

Diana K. Rosenberg 

Citada como “a autoridade em fixed stars” moderna.  

Possui pesquisa de longa duração sobre estrelas fixas — boa referência se quiser aprofundar no tema. 

Trecho de tradição histórica: Mashallah ibn Athari (c. 740-815) 

Astrológo-astrônomo medieval que trabalhou com estrelas e horóscopos no mundo islâmico.  

Isso ajuda a lembrar que a leitura das estrelas não é “nova” — a arte das estrelas está inserida em linhagens antigas. 

Observatórios e corpos de referência 

Obras-catalogues como Tycho Brahe (star catalogue de 1598) mostraram que o estudo das estrelas fixas tinha finalidade tanto astronômica quanto astrológica.  

Isso reforça que, ao trabalhar com estrelas, você está conectando uma tradição que abarca céu, símbolo, tempo e civilização. 

NINO: 

Pode fazer um resumo o que a Astrologia das estrelas pode revelar a diferença dos planetas. 

SIDERATO: 

Aqui está como eu resumiria, o papel específico das estrelas em complementar os planetas: 

Os planetas nos mapas astrológicos tendem a indicar dinâmicas ativas: movimento, funções psíquicas, ciclos, trânsitos. 

As estrelas fixas acrescentam uma nota constante, arquetípica, mais profunda: 

  • Elas atuam como qualidades subjacentes, como o solo ou o cenário simbólico onde as funções dos planetas se desenrolam. 

  • Porque muitas estrelas estão quase fixas em longitude zodiacal, elas tendem a dar marca de fundo: “esta alma carrega esta assinatura estelar”. 

  • Em mapas pessoais: quando uma estrela fixa se encontra em conjunção ou paralela (ou paran) com um planeta ou ângulo, ela pode acentuar ou matizar as funções do planeta — por exemplo, dar brilho, obstáculo, desafio, vocação específica.  

  • Em astrologia mundial (mundana): as estrelas fixas podem servir como indicadores de tempos coletivos, civilizacionais, porque operam em “escala estelar” — mais lenta, mais simbólica, mais estrutural. 

  • Assim, enquanto os planetas falam do “como” acontece – ação, viragem, trânsito – as estrelas falam do “porquê” ou “qual” qualidade mais profunda: motivo, missão, essência. 

Em seu uso prático: 

  • Verificar se uma estrela fixa está próxima a um Ascendente, Meio-Céu ou planeta importante pode dar: reputação pública, talento especial, risco de queda. 

  • Verificar se uma estrela fixa está “em paran” (rising/culminating etc) com um planeta ou ângulo num mapa mundano ou natal, para leituras mais amplas.  

Concluindo: as estrelas podem ser vistas como as “vozes silenciosas” do mapa — aquilo que permanece como cenário, enquanto os planetas são os atores e as casas os palcos. Elas lembram a eternidade por trás do instante. 

NINO: 

Satisfeito. Agora podemos passar para o capítulo final do kit. 

SIDERATO: 

Para mim este o capítulo mais surpreendente e falho. 


CENA 5 TESTANDO A ASTROLOGIA 

NINO:  

Continuemos. Agora veremos o capítulo 4, o último. FRAKNOI escreveu: 

4 TESTANDO A ASTROLOGIA 

Mesmo que déssemos aos astrólogos o benefício da dúvida em todas essas questões – supondo que influências astrológicas possam existir além do nosso conhecimento atual do universo – há um ponto final definitivo: a Astrologia simplesmente não funciona. Vários testes já mostraram que os astrólogos, ao contrário de suas afirmações, não conseguem prever nada. Afinal de contas, não é necessário que saibamos como uma coisa funciona para ver se ela funciona.  

Durante as últimas duas décadas, enquanto os astrólogos têm andado de alguma forma ocupados demais para realizar testes estatísticos que validem seus trabalhos, físicos e cientistas sociais fizeram o trabalho por eles. Vamos considerar alguns estudos representativos. O psicólogo Bernard Silverman, da Michigan State University, investigou as datas de nascimento de 2978 casais que estavam se casando e 478 que estavam se divorciando. A maioria dos astrólogos afirma ser possível predizer pelo menos quais signos astrológicos serão compatíveis ou incompatíveis no que diz respeito a relações pessoais. Silverman comparou tais previsões com os registros reais e não encontrou correlação alguma. Casais “incompatíveis” casavam-se e descasavam-se com a mesma frequência que casais “compatíveis.” 

SIDERATO: 

(sorri, com certo espanto sereno) 
Ah, a famosa pesquisa de Silverman... 
Ela é sempre citada como prova da “falência” da Astrologia — mas o que ela revela, de fato, é a falência do método utilizado para compreendê-la. 

(pausa, didático e firme) 
Primeiro, a pesquisa parte de uma premissa equivocada: 
pressupõe que a Astrologia se resume à compatibilidade entre signos solares — e que tal compatibilidade seria suficiente para prever a duração de um casamento. 
Ora, isso é o mesmo que julgar toda a medicina observando apenas a cor dos olhos dos pacientes. 
Nenhum astrólogo sério trabalha assim. 

Um estudo astrológico de relacionamentos exige a comparação entre dois mapas completos — análise de Sol, Lua, Ascendente, Vênus, Marte, Mercúrio, ângulos e aspectos — além da leitura dos trânsitos e progressões que atravessam a história do casal. 
Reduzir essa complexidade a “signos solares compatíveis ou incompatíveis” é metodologicamente inválido. 
Não é uma pesquisa sobre Astrologia — é uma pesquisa sobre estereótipos. 

(passeia lentamente, gesticulando com leveza) 
Depois, há outro problema: 
a pesquisa considera correlação estatística como critério de verdade, ignorando que a Astrologia opera por analogia e sincronicidade, não por causalidade física. 
Ela descreve qualidades simbólicas dos encontros humanos, não probabilidades de sucesso conjugal. 
Um casamento pode terminar e ainda assim ter cumprido seu propósito evolutivo. 
A ruptura não é “fracasso” — é parte da experiência da alma. 

Além disso, o próprio conceito de “casamento duradouro” usado na pesquisa é ambíguo. 
A duração não mede a qualidade. 
Casais podem permanecer juntos por medo, conveniência, ou dependência — e separar-se por lucidez ou amadurecimento. 
O que Silverman mediu, portanto, foi tempo, não consciência. 

(pausa, olhar firme) 
Se quisermos realmente testar a Astrologia, precisamos de outro tipo de metodologia — uma que reconheça o valor do simbólico, da subjetividade, da experiência humana. 
Enquanto tratarmos o amor como estatística e o destino como dado numérico, jamais compreenderemos o que os antigos chamavam de concordância entre o Céu e a Terra. 

(olha para Nino, com ternura) 
A pesquisa de Silverman não refuta a Astrologia — 
apenas revela que a linguagem da alma não cabe em tabelas de correlação. 
A ciência mede o que vê; a Astrologia revela o que vibra. 
E o amor… o amor vive entre essas duas margens. 

NINO: 

 (ouve em silêncio, com expressão pensativa; depois sorri, meio rendido) 
Então... o problema não está na Astrologia — mas na forma como tentam testá-la. 

(pausa breve) 
Talvez seja isso que a ciência ainda não compreende: 
que há verdades que não se revelam sob microscópio, 
mas no modo como um símbolo toca a consciência. 
A estatística busca repetição; a Astrologia lida com singularidade. 
Cada mapa é um universo, e cada encontro humano é irrepetível. 
Não se mede isso com números. 

(aproxima-se um pouco de Siderato, com tom de quem quer compreender mais) 
Mas ainda assim, não te parece importante tentar construir uma ponte? 
Quero dizer… há beleza na tentativa científica de compreender, 
mesmo que falhe — 
assim como há beleza na tua arte de traduzir o invisível. 
Talvez as duas estejam falando da mesma coisa, 
só que em idiomas diferentes. 

(sorri de leve) 
Talvez um dia a ciência descubra o que vocês já sabem há milênios: 
que o cosmos não é um mecanismo, mas uma linguagem. 
E que o amor, esse que os gráficos não captam, 
é a gramática secreta que sustenta o universo. 

SIDERATO: 

 (olha para Nino com ternura, quase num sussurro) 
É isso, meu caro. 
A Astrologia não precisa provar que funciona — 
ela funciona porque revela o sentido. 
E o sentido… é o que faz a vida continuar. 

(luz vai diminuindo, deixando apenas o rosto de Siderato iluminado) 
Enquanto houver quem olhe o Céu buscando compreender a si mesmo, 
a Astrologia permanecerá viva — 
como um espelho onde o infinito se reconhece. 

NINO: 

 (sorri, pensativo) 
Então… não é só questão de “combinar” signos, como quem junta peças de um quebra-cabeça. 
(pausa breve) 
O que o professor Fraknoi e o psicólogo Silverman parecem não perceber é que o amor humano é um organismo vivo — não uma equação. 
Eles tentam medir o imensurável, como se a alma obedecesse às mesmas leis que os corpos. 

(ergue o olhar, com certo encanto) 
Penso que o que a Astrologia propõe não é prever, mas compreender. 
E compreender exige escuta, presença, experiência. 
Não se mede isso com estatística — mede-se com coração. 

SIDERATO: 

 (exala um suspiro calmo, quase um sorriso) 
Sim, Nino… 
A ciência, com sua vocação para a prova, esquece às vezes que a vida não é um laboratório. 
Cada relação é um microcosmo — um entrelaçamento de histórias, feridas, esperanças e destinos. 
Um casamento pode durar ou romper por mil razões: 
diferenças de valores, traumas familiares, dificuldades financeiras, transformações pessoais, saúde emocional, ciclos de vida, crises externas, ausência de diálogo ou simples desencontro de caminhos. 
Nenhuma fórmula prevê o mistério do humano. 

A Astrologia, quando bem praticada, não serve para adivinhar o futuro, mas para iluminar o campo onde o amor acontece — o modo como duas almas ressoam, se espelham, se desafiam e se amadurecem. 
Ela oferece linguagem para que cada um reconheça em si e no outro os elementos que precisam de cuidado e de arte. 

(pausa, observa Nino com ternura) 
Por isso, quando se fala em “testar” a Astrologia, é preciso lembrar que ela não é uma técnica de previsão, mas uma arte de leitura simbólica. 
Seu valor está em como desperta consciência, não em como satisfaz a estatística. 

(olha para o alto, sereno) 
E quanto às críticas… sempre as houve. 
Mas também sempre houve os que ouviram o Céu com respeito e rigor. 
Desde Ptolomeu, passando por MashallahWilliam LillyVivian Robson, até os modernos como Diana Rosenberg, Dane RudhyarOscar Hofman — todos compreenderam que a linguagem das estrelas e dos planetas não compete com a ciência: ela a complementa. 
Pois a Astrologia não busca explicar o mundo, mas revelar seu sentido. 

(aproxima-se um pouco de Nino, num tom quase confidencial) 
E talvez seja isso que incomode tantos críticos — 
o fato de que ela fala não apenas à razão, mas à alma. 

NINO: 

 (baixa a cabeça, tocado) 
Então… testar a Astrologia é como querer provar se o amor “funciona”. 
Ambos só se revelam quando se vive. 

SIDERATO: 

 (sorri, em silêncio por um instante) 
Exato, Nino. 
O amor e as estrelas pertencem à mesma ordem: a do invisível que move o visível. 
E o que não pode ser medido… pode ser compreendido. 

(luz suave sobre os dois; Siderato conclui, olhando para o alto) 
A Astrologia não precisa ser provada — precisa ser vivida. 
Como a música, como o amor, como o próprio Céu. 

NINO: 

Comentário da psicóloga e astróloga Norah Gonzalez de Rio de Janeiro: 

As orientações fornecidas no livro de Linda Goodman sobre os signos solares e o amor são úteis, mas não respondem todas as questões. Elas iluminam o arquétipo vivo da função do signo solar na personalidade. Como o professor Siderato mencionou, para uma análise profunda e eficiente, é necessário considerar também o signo lunar, o Ascendente, e os planetas Mercúrio, Vênus e Marte, suas posições nas casas e os aspectos que fazem com outros planetas. A Astrologia é muito mais complexa do que muitos astrônomos imaginam.” 

SIDERATO: 

Norah, é verdade que astrólogos renomados, como Linda Goodman, escreveram livros sobre a compatibilidade dos signos solares e o amor. Um exemplo é o magnífico livro Linda Goodman's Love Signs: A New Approach to the Human Heart, publicado em 31 de dezembro de 2013. A Amazon apresenta o livro da seguinte forma: “Um guia robusto para o amor malfadado… Cada combinação possível de signos é explorada em geral e depois em detalhes.” Linda Goodman, uma mestra astróloga, oferece insights fundamentais e práticos sobre o poder do amor neste guia mundialmente famoso e best-seller sensacionalista. O livro explora questões como: um homem de Gêmeos pode encontrar a felicidade com uma mulher de Virgem? Será uma viagem tranquila ou fogos de artifício perpétuos para a mulher de Escorpião e o homem de Libra? Love Signs oferece insights e conselhos convincentes para cada signo do zodíaco — e a compatibilidade de cada um com todos os outros 11. Animado, divertido e informativo, este livro ajuda a entender melhor o parceiro e o relacionamento, desde as finanças às esperanças secretas do amante, dos hábitos peculiares às discussões, de evitar conflitos a fazer as pazes. 

A utilidade dos conselhos no livro de Goodman é evidente para quem os lê, e o livro pode sim inspirar várias pesquisas. Por exemplo, a pesquisa de Silverman investigou as datas de nascimento de 2978 casais que estavam se casando e 478 que estavam se divorciando, comparando as previsões com os registros reais e não encontrando correlação significativa. Casais “incompatíveis” casavam-se e divorciavam-se com a mesma frequência que casais “compatíveis”. 

O propósito do estudo astrológico é que um parceiro conheça como o outro funciona a diferença de como ele é, e este conhecimento colabora com a duração do casamento sejam os signos compatíveis ou não, o foco é um conhecer o outro 

NINO: 

Outro comentário de Norah Gonzalez: 

Existe uma regra importante: se você quer namorar e ter prazer, encontre um parceiro com um mapa compatível focando Vênus e Marte. Se deseja casar e ter estabilidade, evite a compatibilidade sexual e busque compatibilidade do Sol, da Lua, do Ascendente, que garantam interesses comuns, companheirismo, segurança, respeito mútuo e comprometimento. Esses fatores desempenham um papel fundamental na estabilidade de um relacionamento.” 

SIDERATO: 

Isso mesmo, Norah. 
A Astrologia não prevê quanto tempo um casamento vai durar — mas, através da Sinastria, pode ajudar os parceiros a se conhecerem melhor e, assim, colaborar com a qualidade da relação. 

A técnica da Sinastria revela as forças que podem harmonizar ou desafiar um casal. 
Para compreender verdadeiramente um relacionamento, é preciso comparar os mapas astrais completos dos parceiros, observando especialmente como os planetas de um interagem com o mapa do outro. 

Esse conhecimento prévio de si mesmo e do outro permite que cada um aja com mais consciência, respeito e sensibilidade — favorecendo que o melhor de ambos possa florescer juntos. 
A Astrologia oferece insights preciosos que, quando bem interpretados, podem contribuir profundamente para a saúde e a longevidade dos relacionamentos. 

E isso pode ser comprovado pela própria experiência — não por teorias apressadas. 
Para pesquisar de fato essa verdade, seria necessário um método científico refinado, muito mais sofisticado do que o que Silverman tentou esboçar em seus primeiros passos. 

NINO: 

Siderato, a participante Francine Ferragutti pergunta se você pode sugerir uma linha de pesquisa destinada ao estudo de compatibilidade entre parceiros. 

SIDERATO:  

Com satisfação, Francine sua pergunta vem no momento certo. A sinastria é a arte de comparar mapas astrológicos para compreender as dinâmicas de um relacionamento. Vejamos os componentes dos mapas dos parceiros em uma Sinastria. 

Embora a comparação dos signos solares dos parceiros seja um ponto de partida comum, uma análise profunda de Sinastria vai muito além. É necessário examinar uma série de componentes e interações entre os mapas natais para obter uma visão completa das compatibilidades e desafios no relacionamento. Vamos explorar os principais elementos considerados relevantes para a elaboração de uma sinastria: (retifica até aqui, depois te coloco o que já escrevi) 

 

1. Signos Solares e Ascendentes 

  • Signo Solar: Representa a essência e a identidade central de cada indivíduo. Comparar os signos solares oferece uma visão inicial sobre como  cada pessoa se vê e se expressa no mundo. 

  • Ascendente: O signo ascendente ou ascendente reflete a maneira como a pessoa se apresenta ao mundo e como ela inicia as coisas. A compatibilidade entre os ascendentes pode indicar a harmonia na forma como os  parceiros interagem e começam novos empreendimentos juntos. 

2. Lua e Necessidades Emocionais 

  • Lua: Representa as emoções, as necessidades de segurança e o conforto  emocional. Comparar as luas dos parceiros revela como cada um cuida  das suas emoções e se sente nutrido no relacionamento. 

  • Aspectos da Lua: Aspectos harmônicos (como trígonos e sextis) entre as luas indicam facilidade em compreender e atender as necessidades emocionais do  outro, enquanto aspectos desafiadores (como quadraturas e oposições)  podem sinalizar desafios emocionais a serem superados. 

3. Vênus e Marte: Amor e Desejo 

  • Vênus: Indica como cada pessoa dá e recebe amor, afeto e apreciação.  Analisar a posição de Vênus nos mapas pode mostrar o estilo de amor e as expectativas românticas de cada parceiro. 

  • Marte: Representa a energia, o desejo e a sexualidade. Comparar a posição de Marte revela como os parceiros expressam paixão e enfrentam  conflitos. 

4. Mercúrio: Comunicação 

  • Mercúrio: Reflete o estilo de comunicação, o pensamento e a expressão  verbal. Harmonias ou tensões entre Mercúrio nos mapas dos parceiros indicam como eles se entendem e se comunicam, o que é essencial para resolver problemas e tomar decisões conjuntas. 

5. Júpiter e Saturno: Crescimento e Compromisso 

  • Júpiter: Simboliza o crescimento, a expansão e a filosofia de vida. Aspectos positivos entre Júpiter indicam apoio mútuo para crescimento pessoal e alegria compartilhada. 

  • Saturno: Representa responsabilidade, compromisso e lições de vida.  Aspectos desafiadores de Saturno podem indicar áreas onde os parceiros precisam trabalhar duro juntos, enquanto aspectos harmoniosos sugerem uma base sólida e estável para o relacionamento. 

6. Urano, Netuno e Plutão: Influências Transpessoais.  

  • Urano: Simboliza a necessidade de liberdade e mudança. Aspectos uranianos indicam onde os parceiros podem experimentar excitação ou tensão devido à necessidade de inovação e independência. 

  • Netuno: Representa idealismo, espiritualidade e compaixão. Aspectos de Netuno podem indicar uma conexão espiritual profunda ou potencial  desilusão e confusão. 

  • Plutão: Reflete transformação, poder e profundidade emocional. Aspectos plutonianos sugerem áreas de intensa transformação e crescimento  profundo no relacionamento. 

7. Casas Astrológicas e suas Inter-relações 

  • Sobreposição  de Casas: Ao sobrepor os mapas natais dos parceiros, observamos como os planetas de um parceiro caem nas casas do outro. Isso mostra quais  áreas da vida de um parceiro são ativadas pelo outro. Por exemplo, planetas do parceiro caindo na casa 7 (parcerias e relacionamentos) podem indicar uma forte ênfase no relacionamento. 

  • Casas  1, 4, 7 e 10:  Estas casas angulares são cruciais em sinastria. A Casa 1  (identidade), Casa 4 (lar e família), Casa 7 (parcerias) e Casa 10 (carreira e status) mostram como os parceiros se influenciam em aspectos fundamentais da vida. 

8. Aspectos Entre Planetas 

  • Aspectos Dinâmicos:  Conjunções, oposições, quadraturas, trígonos e sextis entre os planetas dos dois mapas revelam como as energias dos parceiros interagem. Aspectos desafiadores (quadraturas e oposições) indicam áreas de potencial conflito e crescimento, enquanto aspectos harmoniosos (trígonos e sextis) sugerem facilidades e pontos de entendimento natural. 

9. Mapas Compostos e Relacionamentos Combinados 

  • Mapa  Composto: Este é um mapa que combina os dois mapas natais para criar um terceiro mapa, representando a dinâmica do relacionamento em si.  Ele oferece insights sobre os temas centrais e os desafios que o casal enfrenta junto. 

  • Interpretação  de Posições: Analisar as posições planetárias e as casas no mapa composto ajuda a entender a natureza do relacionamento e os principais focos  de crescimento e transformação. 

10. Pontos Astrológicos Especiais 

  • VértexVértex é um ponto sensível que pode indicar encontros e  destinos importantes no relacionamento. Quando um planeta ou ponto  significativo de um parceiro se alinha com o Vértex do outro, pode sugerir uma conexão "destinada" ou encontros que mudam a  vida. 

  • Nodos  Lunares: Os nodos lunares (Nodo Norte e Nodo Sul) representam a jornada evolutiva e as lições de vida. Aspectos entre os nodos lunares dos parceiros podem indicar lições cármicas e caminhos de crescimento  mútuo no relacionamento. 

  • Parte da Fortuna: Simboliza a sorte, a felicidade e a prosperidade. Alinhamentos favoráveis da Parte da Fortuna entre os mapas dos parceiros podem sugerir áreas de alegria e realização compartilhada. 

  • LilithRepresenta os aspectos sombrios, o poder feminino e a sexualidade oculta. Aspectos de Lilith entre os mapas podem indicar atração  magnética, tensões sexuais e áreas onde os parceiros enfrentam questões profundas e inconscientes. 

Realizar uma sinastria é um processo complexo e intenso que vai muito além da simples comparação dos signos solares. Envolve a análise de múltiplos componentes e interações entre os mapas natais dos parceiros para fornecer uma visão holística do relacionamento. Esta abordagem detalhada ajuda a identificar pontos de compatibilidade, desafios potenciais e áreas de crescimento, oferecendo um guia valioso para desenvolver um relacionamento mais harmonioso e consciente. 

NINO: 

Francine e outros presentes agradeceram sua explicação. Com certeza estas informações vão colaborar muito para que astrônomos e físicos ainda descrentes da Astrologia, no mínimo fiquem informados que a Astrologia vai muito além dos horóscopos de jornal. 

SIDERATO: 

E, ainda, na experiência da consulta intervêm outras ferramentas cruciais que colaboram com a qualidade das revelações, informações e o processo de cura, como as técnicas de psicologia, a intuição, o instinto etc. Na verdade, só experimentando para poder avaliar. Esse foi meu caso: só a interpretação do meu mapa me tirou do espírito crítico. 

NINO:  

Continuemos. FRAKNOI escreveu a seguir:  

Muitos astrólogos insistem que o signo solar de uma pessoa está fortemente relacionado com a sua carreira profissional. Na verdade, conselhos profissionais constituem uma importante função da Astrologia moderna. O físico John McGervey, da Case Western Reserve University, pesquisou biografias e datas de nascimento de 6.000 políticos e 17.000 cientistas para ver se membros dessas profissões se encaixariam em determinados signos, conforme previsões astrológicas. Sua constatação foi que os signos de ambos os grupos estavam distribuídos de modo completamente aleatório. 

SIDERATO: 

Deixemos clara a importância do Signo Solar na personalidade.  

O signo solar, muitas vezes chamado simplesmente de “signo”, é uma das influências astrológicas mais conhecidas e amplamente discutidas. Representa a posição do Sol no momento do nascimento e é a base da maioria dos horóscopos. O signo solar desempenha um papel crucial na formação da personalidade de um indivíduo e oferece insights valiosos sobre diversos aspectos de sua vida, incluindo amor, profissão, caráter e outros setores importantes. 

O Sol é o centro do nosso sistema solar e, na Astrologia, o signo solar é o centro da identidade de uma pessoa. Ele reflete o núcleo de quem somos, nossos valores fundamentais e nossa essência. 

Signo Solar e Diferentes Aspectos da Vida 

  1. Amor e Relacionamentos: 

  1. Expressão do Afeto:  O signo solar pode determinar como uma pessoa expressa amor e afeto. Por exemplo, um leonino pode demonstrar seu amor de maneira exuberante e generosa, enquanto um canceriano tende a ser mais cuidadoso e protetor. 

  1. Necessidades  Emocionais: Cada signo solar tem diferentes necessidades emocionais em relacionamentos. Um libriano valoriza a harmonia e a parceria, buscando equilíbrio nas suas interações, enquanto um escorpiano procura profundidade e intensidade emocional. 

  1. Profissão e Carreira: 

  1. Escolhas de Carreira:  O signo solar pode influenciar as inclinações profissionais de uma pessoa. Um capricorniano pode ser atraído por carreiras que  ofereçam estabilidade e status, como administração ou finanças, enquanto um aquariano pode preferir áreas inovadoras e humanitárias, como tecnologia ou ativismo social. 

  1. Estilo de Trabalho: A maneira como uma pessoa aborda seu trabalho também é afetada pelo signo solar. Um ariano pode ser assertivo e dinâmico no local de trabalho, buscando constantemente novos desafios, enquanto um taurino pode ser mais paciente e perseverante, focando na construção de uma carreira sólida ao longo do tempo. 

  1. Caráter e Valores Pessoais: 

  1. Moralidade e Ética: O signo solar pode influenciar o sistema de valores e a ética pessoal. Um virginiano pode ter um forte senso de dever e desejo de servir aos outros, enquanto um sagitariano pode valorizar a liberdade e a busca pela verdade. 

  1. Resiliência e Determinação:  A força interior e a capacidade de enfrentar desafios também são moldadas pelo signo solar. Um escorpiano, por exemplo, é conhecido por sua resiliência e capacidade de se regenerar após adversidades, enquanto um geminiano pode usar sua adaptabilidade e inteligência para superar obstáculos. 

  1. Estilo  de Vida e Interesses: 

  1. Atividades e Hobbies: Os interesses e hobbies de uma pessoa muitas vezes refletem seu signo solar. Um pisciano pode se sentir atraído pelas artes e atividades espirituais, enquanto um leonino pode gostar de atividades que permitam brilhar e se destacar, como teatro ou  esportes competitivos. 

  1. Interações Sociais: A forma como uma pessoa interage socialmente também é influenciada pelo signo solar. Um sagitariano pode ser expansivo e adorar aventuras e viagens, enquanto um canceriano pode preferir encontros mais íntimos e acolhedores com amigos próximos e familiares. 

 

Signo Solar e Carreira Profissional 

Embora o signo solar dê toques importantes em diversos aspectos da personalidade, é um erro comum acreditar que ele determina a profissão de uma pessoa. Este equívoco foi abordado por John McGervey, da Case Western Reserve University, que pesquisou biografias e datas de nascimento de 6.000 políticos e 17.000 cientistas para ver se membros dessas profissões se encaixariam em determinados signos. Sua constatação foi que os signos de ambos os grupos estavam distribuídos de modo completamente aleatório. 

A pesquisa de McGervey comete o mesmo erro de muitos: parte da premissa de que o signo solar determina a profissão, quando, na verdade, ele está “fortemente relacionado” com certos aspectos, mas não os determina. O signo solar oferece valiosas indicações sobre inclinações e preferências, mas não é a única influência que determinará o que acontece. 

Para entender melhor as vocações, é necessário considerar o mapa natal como um todo. A Astrologia vocacional estuda não só o signo solar, mas também a casa onde o Sol se encontra, os aspectos que ele forma com outros planetas, e a situação das casas astrológicas relacionadas ao trabalho e à carreira, como a casa 10 (carreira e status social) e a casa 6 (trabalho e rotina diária). 

Outros Elementos na Interpretação Vocacional 

Além do signo solar, outros elementos importantes devem ser considerados: 

  1. Aspectos Planetários: Os aspectos formados entre os planetas no mapa natal indicam dinâmicas e padrões de energia que influenciam habilidades e  talentos. 

  1. Nodos  Lunares: Representam a jornada evolutiva de uma pessoa e oferecem insights sobre áreas de desenvolvimento e crescimento profissional. 

  1. Ascendente e Descendente: Refletem a personalidade e as relações interpessoais, indicando qualidades valorizadas na vida profissional e parcerias importantes. 

  1. Meio do Céu (MC): Associado à carreira e ao status social, sua posição e aspectos fornecem informações sobre aspirações profissionais e objetivos de vida. 

Ao considerar todos esses elementos em conjunto, os astrólogos podem oferecer uma análise abrangente e detalhada das tendências vocacionais de um indivíduo, ajudando-os a fazer escolhas mais conscientes e alinhadas com seu propósito de vida. 

Concluindo, o signo solar é uma peça fundamental no quebra-cabeça da personalidade astrológica. Ele ilumina a essência de quem somos, nossos desejos mais profundos e a maneira como nos expressamos no mundo. Embora o signo solar seja apenas uma parte do mapa natal, que inclui muitos outros fatores astrológicos, ele fornece uma base sólida para entender a si mesmo e aos outros. 

Explorar o signo solar ajuda a ganhar uma compreensão mais profunda de nossas motivações, comportamentos e aspirações, facilitando uma navegação mais eficiente pelos desafios da vida, aprimorando nossos relacionamentos e fazendo escolhas mais alinhadas com nossa verdadeira natureza. A influência do signo solar se estende a todos os setores da vida, moldando nosso caminho e nossa jornada pessoal. Mas nunca será suficiente para determinar nada do que a pessoa será ou optará. 

NINO:  

Continuemos. FRAKNOI escreveu a seguir: 

Para superar as objeções dos astrólogos, que argumentam que somente o signo solar não é suficiente para uma leitura, o físico Shawn Carlson, do Lawrence Berkeley Laboratory, criou um experimento engenhoso. Ele pediu a grupos de voluntários que fornecessem as informações necessárias para a elaboração de um horóscopo completo e que preenchessem o “California Personality Inventory”, um questionário de psicologia padrão que usa exatamente os tipos de termos descritivos vagos e gerais usados pelos astrólogos. 

Uma organização astrológica respeitada construiu então horóscopos para os voluntários, e 28 astrólogos profissionais, que tinham previamente aprovado o procedimento, receberam um horóscopo e três perfis de personalidade, um dos quais pertencia ao sujeito do horóscopo. Sua tarefa era interpretar o horóscopo e selecionar qual dos três perfis se encaixava nele. Embora os astrólogos tivessem previsto que eles acertariam mais de 50%, o índice real em 116 tentativas foi de 34% de acertos – exatamente o que se esperaria se eles '‘chutassem’'. Carlson publicou seus resultados na conceituada revista Nature, em 5 de dezembro de 1985, para o devido constrangimento da comunidade astrológica. 

SIDERATO:  

A ideia desta pesquisa, sem dúvida, é mais sofisticada do que as anteriores — mas ainda peca por um equívoco essencial: o de supor que um mesmo mapa natal corresponde a um único tipo de perfil psicológico. 

Veja, por exemplo, o caso dos gêmeos — sejam biológicos, dois ou três, ou ainda os chamados “gêmeos astrais”, pessoas nascidas em diferentes lugares do mundo no mesmo instante, levando-se em conta os fusos horários. Todos compartilham a mesma configuração celeste, e ainda assim apresentam temperamentos, histórias e escolhas de vida profundamente distintas. 

O que o astrólogo experiente percebe é que essas diferenças não invalidam o mapa: elas o enriquecem. O mapa natal não define o que a pessoa será, mas mostra como as energias cósmicas se organizam em torno dela — o campo de possibilidades, não o roteiro fechado. 

A regra na Astrologia é clara: 

“A Astrologia não prevê eventos nem traça perfis fixos de personalidade. Ela descreve os potenciais simbólicos que se alinham com determinados acontecimentos ou modos de ser, e ajuda a compreender como tais configurações se manifestam na experiência concreta.” 

Por isso, uma mesma posição planetária pode se expressar de múltiplas maneiras — conforme o grau de consciência, o contexto e a liberdade interior de quem a vive. 

Se essa pesquisa tivesse sido submetida a mim, eu a teria recusado de imediato, pois parte de uma premissa falha: a de que o mapa determina. E isso é o que a verdadeira Astrologia jamais afirma. 
Para um mesmo mapa natal, existem, literalmente, infinitos modos de ser. O céu oferece o símbolo; a alma, o sentido. 

NINO: 

(fica em silêncio por um instante, absorvendo as palavras) 
Então… o mapa não é um destino traçado, mas um espelho das possibilidades? 

(pensativo) 
Quer dizer que o céu não nos obriga — apenas nos revela? 
Como se cada um de nós fosse uma variação viva da mesma melodia cósmica… 

(olha para o alto, emocionado) 
Agora entendo por que você diz que a Astrologia é uma arte de escuta. 
Não se trata de adivinhar o futuro, mas de ouvir o modo como o universo nos sussurra através dos símbolos. 

(sorri, quase em prece) 
Talvez seja isso o que chamam de liberdade: dançar com os astros sem perder o passo da alma. 

SIDERATO: 
Nino, basta ver uma coisa simples: o mapa astral de uma pessoa é sempre o mesmo — e, no entanto, nós mudamos tanto com o passar dos anos… 
Eu mesmo tenho uma espécie de autobiografia, escrita ano a ano da minha vida. 
E quando releio aquelas páginas, vejo alguém que fui e que já não sou. 
Mudei tanto — mas tanto — que às vezes nem me reconheço. 

(pausa breve, serena) 
Isso mostra que o mapa é como uma partitura: permanece igual, mas a melodia que tiramos dela se transforma conforme amadurecemos, sofremos, amamos, despertamos. 
O céu é o mesmo — mas o intérprete muda. 

NINO:  

Comentário da Ligia de Curitiba, Paraná:  

Siderato está falando a verdade. Eu tenho duas filhas gêmeas e são totalmente diferentes. Estou aprendendo que a Astrologia é mais complexa e rica do que pensava. Gratidão.” 

SIDERATO:  

De fato, Ligia, muito bem colocado. Eu também como cientista, tinha uma ideia muito errada sobre os gêmeos antes de conhecer Astrologia. E para tranquilizar a todos os colegas presentes, também cometi esse mesmo erro ao criticar a Astrologia sem a conhecer. Só experimentando para abrir os “cabeções” enquadrados ao estudo de fenômenos que mexem com corpos, astros, sem ter em conta o impacto que produzem nos humanos e na vida em geral. 

NiNO: 

Então qual a conclusão? 

SIDERATO: 
Bom, então está demonstrado que a engenhosa experiência do físico Shawn Carlson parte de uma falsa premissa: a de que, conhecendo o horóscopo — ou o mapa astral — seria possível prever o perfil ou a vida de uma pessoa. 
Mas esse é justamente o equívoco que qualquer verdadeiro astrólogo já conhece. 

(pausa, com um leve sorriso) 
A Astrologia não prevê eventos, nem traça perfis fixos de personalidade. 
Ela descreve os potenciais simbólicos que se alinham com determinados acontecimentos ou modos de ser, 
e ajuda a compreender como tais configurações se manifestam na experiência concreta. 

(olha para Nino, com calma) 
Portanto, a experiência de Carlson não desmente a Astrologia — apenas confirma aquilo que ela própria ensina há milênios. 

(faz um gesto de encerramento) 
Podemos passar para a próxima… 

NINO:  

Continuemos. FRAKNOI a seguir escreve:  

Outros testes mostram que raramente importa o que o horóscopo diz, enquanto o sujeito achar que as interpretações foram feitas para ele (ou ela) pessoalmente. Alguns anos atrás o estatístico francês Michel Gauquelin enviou o horóscopo de um dos piores assassinos da história francesa a 150 pessoas, perguntando como elas se enquadravam naquela descrição; 94% das pessoas disseram que tinham aquelas características. 

 

(Nino mostra o mapa e os Dados do serial killer francês Marcel Petiot, que tinha nascido na cidade francesa de Auxerre às 03h do dia 17 de janeiro de 1897.) 
(mostrando a imagem surpreso) 
Então, Siderato, esse experimento de Gauquelin… ele enviou o mapa de um assassino a cento e cinquenta pessoas, e quase todas disseram se identificar com a descrição? 

SIDERATO: 

(sorri com ironia serena) 
Pois é. Mas veja, Nino — a primeira coisa que se exigiria, para que tal pesquisa tivesse alguma validade, seria ver o texto do horóscopo que ele enviou. 
Sem isso, o experimento é como um truque de salão: parece provar algo, mas na verdade apenas confirma o que já sabemos — que o ser humano se reconhece facilmente em descrições genéricas. 

NINO: 

(simples, curioso) 
Então o erro está na forma do teste, não na Astrologia em si? 

SIDERATO: 

Exatamente. 
Gauquelin partiu da ideia de que o mapa astral serviria para prever um tipo de pessoa — o que é um equívoco. 
Astrologia não descreve rótulos fixos de personalidade, mas potenciais simbólicos, diferentes modos de expressão de uma mesma energia arquetípica. 

(pausa breve) 
Veja, o mapa de Marcel Petiot, por exemplo, mostra Marte e Plutão em conjunção exata em Gêmeos, na Casa 8, em quadratura exata com Vênus e Júpiter. 

NINO: 

(aproxima-se, interessado) 
E o que isso significa? 

SIDERATO: 

Essa combinação revela força instintiva intensa, magnética, dominadora — uma energia capaz de grandes feitos de regeneração ou de destruição. 
Marte e Plutão unem ação e abismo, fogo e sombra. 
Em Gêmeos, ganham astúcia mental, manipulação e frieza estratégica. 
E na Casa 8 — o território da morte, do poder e das forças inconscientes — essa potência se torna explosiva. 

NINO: 

(entendendo) 
Então, em uma pessoa madura, essa configuração poderia se manifestar como coragem e poder de transformação mas, em alguém desequilibrado, como violência ou sadismo. 

SIDERATO: 

Perfeito. 
E a quadratura com Vênus e Júpiter adiciona um componente moral e afetivo distorcido — o prazer e o excesso como formas de domínio. E poderíamos considerar outras situações planetárias tensas como a conjunção de Saturno e Urano, a Lua em Caranguejo na casa 8, por exemplo. 

Agora, imagine que Gauquelin tenha reduzido toda essa complexidade a um texto vago, com frases do tipo (lembremos que ele não era astrólogo): 
“Você é uma pessoa intensa, apaixonada, que busca se transformar e deixar sua marca.” 
É claro que noventa por cento das pessoas diriam: “Sim, sou eu!” 

NINO: 

(ri) 
Então ele apenas demonstrou o que os próprios astrólogos já sabem: que qualquer descrição ampla desperta identificação. 

SIDERATO: 

(risos leves) 
Exato. O que ele fez foi confundir psicologia da sugestão com Astrologia. 
Para provar algo contra o saber astrológico, ele teria que fazer o oposto: entregar interpretações realmente detalhadas, feitas com rigor técnico, com aspectos, casas, dignidades, trânsitos e progressões — e comparar os resultados com as vidas reais. 

NINO: 

E isso ninguém fez, certo? 

SIDERATO: 

Não, ninguém. 
Porque exigiria anos de pesquisa, interpretação minuciosa e acompanhamento biográfico. 
Para você ter uma ideia, o texto que venho escrevendo sobre o meu próprio mapa, ao longo de quarenta anos, já ultrapassa quinhentas páginas — e ainda não terminou! 

(pausa reflexiva) 
Por isso, Nino, o experimento de Gauguelin não desmente a Astrologia; ele apenas confirma que a pressa e o reducionismo científico não são ferramentas adequadas para compreender uma linguagem simbólica tão profunda. 

NINO: 

Ou seja, Fraknoi e Gauquelin caíram na mesma armadilha — falavam de Astrologia sem ser astrólogos. 
A tal “interpretação” do mapa do assassino não era interpretação coisa nenhuma… só um texto genérico, feito por alguém que nem sabia de quem era o mapa. 

SIDERATO: 
Isso Nino, o texto que ele enviou não era uma interpretação astrológica verdadeira. 
Era um texto genérico, cheio de frases amplas, tipo horóscopo de revista. 
Nada de casas, aspectos, dignidades planetárias — só frases em que qualquer pessoa pode se reconhecer. 

NINO: 
Ah… então o resultado não prova nada mesmo contra a Astrologia. Só mostra que o ser humano se identifica com o que é dito de forma vaga. 

SIDERATO: 
Exato. Esse fenômeno até tem nome — efeito Forer. Mostra mais sobre a psicologia humana do que sobre os astros. 
O problema é que Fraknoi usou esse episódio como se demonstrasse que a Astrologia é falsa… quando, na verdade, demonstra apenas que ele nunca viu uma leitura astrológica de verdade. 

NINO: 

E quem era esse Gauquelin, afinal? Um astrólogo frustrado? 

SIDERATO: 

Não. Era psicólogo e estatístico. 
Ele e a esposa, Marie-Françoise, queriam verificar se havia correlação entre as posições dos planetas e certas características humanas. 
Mas o que o destino lhe mostrou foi algo que ele próprio não esperava: o famoso “Efeito de Marte”. 

NINO: 

Efeito de Marte? 

SIDERATO: 

Sim. Gauquelin percebeu que, em mapas de atletas e pessoas com forte impulso competitivo, Marte aparecia em posições de destaque. 
Tentaram refazer os cálculos por décadas — uns confirmaram, outros refutaram, ninguém chegou a consenso. 
Mas o dado estava lá, teimoso como o próprio Marte. 

NINO: 

E o que aconteceu com ele depois? 

SIDERATO: 

Ah, Nino… a história termina com certa tristeza. 
Cansado das polêmicas, incompreendido pelos dois lados — cientistas e astrólogos —, Gauquelin destruiu seus arquivos e tirou a própria vida em 1991. 
Um homem que buscava a verdade e foi esmagado pelo ruído das certezas. 

NINO: 

Que destino… 
Parece até uma parábola: o homem que tentou medir o Céu com régua e compasso — e foi engolido pelo próprio mistério. 

SIDERATO: 

É exatamente isso. 
O erro de Fraknoi — e de tantos outros — é confundir a caricatura com a essência, a estatística com o símbolo. 
A Astrologia não se reduz a números, Nino. 
Ela é uma linguagem viva, uma arte de leitura do Tempo. 

NINO: 

Deu para nos situar e mostrar a Fraknoi que usar a pesquisa fora de contexto e sem se informar sobre os seus desdobramentos, o levou novamente a agir com superficialidade e sem fundamento. 

Continuemos. FRAKNOI escreveu a seguir: 

Geoffrey Dean, um pesquisador australiano que realizou testes extensivos de Astrologia, inverteu as leituras astrológicas de 22 pessoas, substituindo frases por outras que diziam o oposto do que o horóscopo afirmava. Ainda assim, as pessoas nesse estudo disseram que as leituras se aplicavam a elas tão frequentemente (95% das vezes) quanto as pessoas a quem foram dadas as leituras corretas. Aparentemente, aqueles que procuram astrólogos desejam apenas uma orientação, qualquer que seja ela. 

SIDERATO: 

(rindo de leve) 
Ah, essa é boa! Inverter as frases de um horóscopo como se estivesse trocando o sinal de uma equação! Isso é o tipo de “pesquisa” que faria rir até os antigos caldeus. 

NINO: 

(rindo junto) 
Realmente... chega a ser engraçado. Como alguém tão culto quanto Fraknoi pode se apoiar num experimento desses? 

SIDERATO: 

Pois é, Nino — e isso é o curioso! Fraknoi é um homem brilhante, respeitado, mas às vezes a inteligência, quando quer provar demais, esquece de observar. 
Ele cita experimentos como esse sem perceber que toda configuração astrológica contém polaridades: cada planeta tem seu modo de expressar tanto o seu lado luz quanto o seu lado sombra. 
Ou seja, o que Dean chamou de “oposto” é, na verdade, apenas o outro lado da mesma energia. 

NINO: 

Então ele inverteu o símbolo e achou que tinha provado alguma coisa! (ri) 

SIDERATO: 

Exato! 
Imagine, por exemplo, uma pessoa com Sol e Mercúrio em Virgem, mas com oposição a Marte em Peixes. Ela pode ser extremamente meticulosa... ou viver um caos criativo total. 
O caos, nesse caso, é o avesso da busca por ordem — o mesmo impulso, manifestado de outro jeito. 

NINO: 

Ah, então quando dizem que o virginiano é organizado, e eu vejo um virginiano com a mesa toda bagunçada, não quer dizer que ele “não parece com o signo”, e sim que está vivendo o símbolo de outro modo? 

SIDERATO: 

Perfeitamente! O símbolo é vivo, não é uma etiqueta de supermercado. (sorri) 
E se eu pegasse teu mapa, Nino, e lesse frases de Peixes, tu também te reconhecerias — afinal, Netuno está no teu Meio do Céu, e Peixes governa tua casa 3, a da expressão. 
É por isso que, na Astrologia, o mapa tem que ser lido como um todo, como uma partitura. Nenhuma nota isolada faz sentido sem a melodia completa. 

NINO: 

(rindo) 
Ou seja, o tal pesquisador trocou as notas e achou que a música era a mesma! 

SIDERATO: 

(rindo também) 
Exatamente! 
E depois disso ainda vem Fraknoi, com toda a sua cultura, usar esse exemplo para desqualificar a Astrologia. Chega a ser incoerente — como um maestro que se espanta ao ver que a sinfonia não soa bem se ele lê só as claves! 

NINO: 
É... no fundo, eles queriam testar a poesia do céu com régua e calculadora. 

SIDERATO: 

Bela frase, Nino. 
E é isso mesmo: eles querem medir o inefável com instrumentos que não captam a alma do símbolo. 
Por isso, sempre peço aos meus consulentes que contém um pouco da própria vida antes da leitura do mapa — porque é no diálogo entre o Céu e a experiência que o sentido aparece. 

(pausa breve, olhando para o alto) 
Mas, convenhamos... uma vez mais, Fraknoi foi infeliz na pesquisa que escolheu para fundamentar seu questionamento da Astrologia. 

NINO: 

Continuemos. FRAKNOI escreveu: 

Algum tempo atrás, os astrônomos Culver e Ianna seguiram as previsões publicadas de astrólogos famosos e organizações astrológicas por cinco anos. Dentre mais de 3.000 previsões (incluindo muitas sobre políticos, estrelas de cinema e outras pessoas famosas), somente cerca de 10% realmente aconteceram. Repórteres experientes poderiam fazer melhor por tentativa orientada. Se as estrelas levam os astrólogos a previsões erradas 9 vezes em 10, elas dificilmente poderão servir de guias confiáveis para decisões de vida ou problemas de estado. Ainda assim, milhões de pessoas, incluindo a antiga primeira-dama dos EUA, parecem confiar cegamente nelas. 

SIDERATO: 

Os astrônomos Culver e Ianna provaram a regra da Astrologia de que os astrólogos não predizem fatos com precisão. A crítica de Fraknoi revela um equívoco comum, que já falamos hoje várias vezes: de que a Astrologia não é usada para prever fatos específicos, mas para oferecer insights sobre o potencial e as influências que podem se manifestar. A Astrologia ajuda a entender as energias e circunstâncias que uma pessoa pode enfrentar, possibilitando preparações e decisões informadas, mas não garante eventos específicos. 

NINO: 

Comentário da numeróloga e astróloga Ruth Sasaki de São Paulo: 

Essa pesquisa, ao avaliar a precisão das previsões astrológicas com base na ocorrência de eventos específicos, não captura a verdadeira essência da Astrologia. Como Siderato apontou, a Astrologia não se trata de prever eventos com precisão, mas sim de oferecer insights sobre as energias e circunstâncias que uma pessoa pode vir a enfrentar em determinados momentos. A abordagem da Astrologia é mais holística, focada na compreensão das sincronias com as forças dos astros que inspiram orientações construtivas. Portanto, avaliar a eficácia da Astrologia com base na precisão das previsões de eventos específicos pode ser fundamentalmente falha, pois ignora a verdadeira natureza e propósito da prática astrológica.” 

(faz uma pausa e sorri) 
Eis aí, meu caro Siderato: o veredito científico sobre nossa suposta incompetência cósmica. 

SIDERATO: 

(rindo) 
Ah, sim… a famosa estatística da desgraça astral! O problema é que eles partem de uma premissa errada: acham que o astrólogo vive de prever o futuro como quem aposta em corrida de cavalo. 

A crítica de Fraknoi é aquele equívoco clássico — o de confundir Astrologia com meteorologia de eventos pessoais. A função da Astrologia não é dizer se vai chover amanhã na sua vida amorosa, mas sim mostrar o clima emocional, as tendências, os ventos do destino. 

NINO: 

(citando com ironia solene) 
E para reforçar o argumento, temos o comentário da astróloga e numeróloga Ruth Sasaki, de São Paulo, que respondeu elegantemente: 

(lendo com ênfase teatral) 
“Essa pesquisa, ao avaliar a precisão das previsões com base na ocorrência de eventos específicos, não captura a verdadeira essência da Astrologia. A prática não busca prever fatos, mas oferecer insights sobre as energias e circunstâncias que podem se manifestar em determinado tempo. É uma abordagem holística, voltada à compreensão das sincronias com as forças dos astros que inspiram orientações construtivas.” 

(fecha o papel, satisfeito) 
Traduzindo: Culver e Ianna mediram a temperatura com uma régua. 

SIDERATO: 

(explode em risada) 
Perfeito! E quando Fraknoi diz que “as estrelas levam os astrólogos a errar 9 em 10”, ele esquece que até a ciência moderna vive revisando suas certezas. Já pensou se os astrólogos começassem a fazer o mesmo com os cientistas? 

Além do mais, desde os tempos de Kepler e Newton — que, aliás, passavam mais tempo com mapas astrais do que com mapas estelares — a Astrologia tem sido uma ferramenta de compreensão da alma, não uma bola de cristal com GPS. 

NINO: 

(entrando na brincadeira) 
E não esqueçamos que políticos, artistas e até imperadores já recorreram à Astrologia. O próprio Kepler fazia horóscopos para o Imperador Rudolph II. 

SIDERATO: 

Exato! O que Fraknoi não percebe é que a Astrologia não tenta prever o inevitável — ela tenta iluminar o possível. 

NINO: 

(tom reflexivo, mas com leve ironia) 
Então podemos dizer que a Astrologia não erra nove em cada dez vezes... ela apenas acerta em dimensões que Culver e Ianna não conseguiram medir. 

SIDERATO: 

(sorri) 
Exatamente. Eles buscavam números, e nós trabalhamos com sentidos. Enquanto eles contavam fatos, nós contamos histórias — e, convenhamos, nossas histórias são muito mais interessantes. 

NINO: 

E para finalizar, Fraknoi escreve em tom de salvador: 

Claramente, aqueles dentre nós que gostam de astronomia não devem esperar simplesmente que a paixão do público pela Astrologia desapareça. Devemos nos pronunciar sempre que a ocasião for útil ou adequada — para discutir as falhas da Astrologia e encorajar um interesse no cosmo real, em mundos e sóis remotos que são impiedosamente indiferentes às vidas e desejos das criaturas do planeta Terra. Não permitamos que outra geração de jovens cresça amarrada a uma fantasia antiga, reminiscência do tempo em que nos aconchegávamos junto à fogueira, com medo da noite. 

SIDERATO: 

 Essas palavras, embora adornadas de boas intenções, terminam por cumprir o papel oposto ao que anunciam: em vez de iluminar, obscurecem. 
Em vez de libertar, limitam. 

Ao desqualificar a Astrologia de modo simplista e desdenhoso, sem conhecê-la em sua profundidade simbólica, Fraknoi e tantos outros acabam por reforçar o preconceito que separa o pensamento racional da sabedoria arquetípica. A ignorância — mesmo quando travestida de ciência — ainda é ignorância. 

Além disso, quando se apoiam em pesquisas frágeis, manipuladas ou mal formuladas, cometem o mesmo erro que dizem combater: o de distorcer a verdade para que ela caiba em suas crenças. 
Falta-lhes o espírito do verdadeiro cientista — aquele que não teme o mistério, mas o contempla com humildade. 

(pausa, respira profundamente) 
É lamentável que pessoas inteligentes e bem-intencionadas cedam à arrogância do olhar estreito. Porque, ao ridicularizar a Astrologia, não é apenas uma tradição milenar que se tenta apagar, mas também a ponte que une o humano ao cósmico — a memória da fogueira onde a consciência nasceu. 

Espero, do fundo do meu coração, que esta nossa conversa chegue até Fraknoi e o faça reconsiderar o papel educativo que exerce. Que, como bom divulgador das ciências, possa um dia reconhecer que Astronomia e Astrologia não são inimigas, mas irmãs separadas pelo tempo — uma descreve o corpo do universo, a outra escuta sua alma. 

(sorri) 
Faço aqui um convite público a Fraknoi: venha experimentar a leitura do seu próprio mapa natal, em público, com o rigor e o respeito que merece. 

Saiba, Fraknoi — e digo isso sem ironia — que também fui físico, formado pela Universidade de Havana. Por muitos anos neguei a Astrologia, até que um dia, ao permitir que um astrólogo lesse meu mapa, vivi uma revelação tão profunda que abandonou minha antiga crença de que o universo era uma máquina, e passei a compreendê-lo como uma mente viva, onde cada astro é uma ideia divina em movimento. 

Desde então, nunca mais duvidei de que o Céu fala — e que a alma humana é quem responde. 

NINO: 

(com emoção contida) 
E nós respondemos contigo, Siderato. 

Hoje, todos que assistem a esta live — astrólogos, curiosos ou céticos — podem sair daqui um pouco mais atentos ao mistério que nos envolve. 
Foi um prazer acompanhar teus raciocínios e tua sabedoria, que me ajudaram a repensar a Astrologia com olhos mais abertos e coração mais calmo. 

Tenho certeza de que tuas palavras serão úteis para muitos, lembrando-nos de que conhecimento sem humildade é cegueira, e fé sem discernimento é ilusão. 
Torço sinceramente para que Fraknoi aceite teu convite — e que desse encontro nasça uma nova compreensão, onde ciência e símbolo possam, enfim, se dar as mãos. 

(grato, inclina a cabeça) 
Agradeço tua generosidade, e a todos que nos acompanharam com atenção, inteligência e amor. 

Até a próxima jornada sob as estrelas. 

(Luzes diminuem lentamente. No fundo do palco, projeta-se o mapa celeste do momento presente, com as constelações tremeluzindo sobre o público. A voz de Siderato, em off, encerra a peça): 

O Céu não é indiferente à Terra. 
Ele respira conosco. 
E cada estrela, 
silenciosa testemunha, 
recorda-nos: somos feitos da mesma luz. 

FIM. 

Hector Othon  

Cascavel, 9 de novembro de 2025 

 -----------------------------

Andreu Fraknoi 

Para mais informações sobre o trabalho e as publicações de Fraknoi, consulte seu Sitehttp://www.fraknoi.com  

Facebook, na página "AstroProf": http://www.facebook.com/Fraknoi. 

https://lavinia.as.arizona.edu/~dmccarthy/GSUSA/activities/3o%20Astronomy%20Defense.pdf  - Link para descer gratuitamente o pdf do Your Astrology Defense kit de Andrew Fraknoi 

https://www.fisica.net/pseudociencias/Seu-kit-de-defesa-contra-a-Astrologia.pdf - Link da tradução do texto de Andrew Fraknoi que passou a se chamar “Seu Kit de defesa contra a Astrologia. 

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-13112008-182154/publico/4Capitul2Aevolcien.pdf - cap 2 A evolução histórica da ciência (da clássica a quântica) por Gazi Andraus 

Vídeos

  • Fraknoi, Andrew; Schatz, Dennis (2017). Quando o Sol se Apaga . Associação Nacional de Professores de Ciências. ISBN 978-1-68140-011-2. 

  • Schatz, Dennis; Fraknoi, Andrew (2015). Ciência Solar: Explorando Manchas Solares, Estações do Ano, Eclipses e Muito Mais . National Science Teachers Association Press. ISBN 978-1-941316-07-8. 

  • Fraknoi, Andrew (2007). Mundo Maravilhoso do Espaço . Disney Learning. 

  • Fraknoi, Andrew (1985). O Universo na sala de aula: um guia de recursos para o ensino de astronomia e manual do instrutor para o livro "O Universo" de William J. Kaufmann, III . Nova York: WH Freeman. ISBN 978-0716716921. 


  • Referencias, checar links: 

  • "Andrew Fraknoi" . CSI . Comitê para Investigação Cética . Consultado em 5 de fevereiro de 2018 . 

  • "Os Planetas" . Peninsula Symphony . Arquivado do original em 20 de maio de 2018. Consultado em 20 de maio de 2018 . 

  •  Yao, Eric (10 de setembro de 2017)."Andy Fraknoi".wonderfest.org. wonderfest. Consultado em 9 de março de 2018. 

  • "Sobre nós" . OpenStax.org . Open Stax . Consultado em 19 de fevereiro de 2018 . 

  •  Eric (10 de setembro de 2017). "Andy Fraknoi" . Wonderfest, o farol da ciência da Bay Area . Consultado em 18 de janeiro de 2018 . 

 

Hector Othon 

Quem é Hector Othon 

✨ Eu sou um cientista e poeta do céu, da alma e da vida. 
Formei-me em Física em Cuba (1980) e, já no Brasil, mergulhei nos universos profundos da psicanálise, do psicodrama, do psicotranse, da terapia primal, das Constelações Familiares, da bioenergia, do teatro e do xamanismo, entre outras práticas e iniciações transformadoras. Sempre me fascinou a psique humana e os mistérios de como funcionam o ser humano e a própria vida. 

Ao longo da minha jornada, encontrei na Astrologia e no Desenho Humano um método revelador: um acesso direto às potencialidades únicas que cada pessoa carrega para viver plenamente. Chamo este mapa de Riquezas Celestiais — a dança dos planetas nos signos, nas casas e em seus aspectos. O trabalho que desenvolvi tornou-se uma guia poderosa para o autoconhecimento e o empoderamento pessoal — uma ponte viva entre ciência, alma e destino. 

Consulto como astrólogo e sou professor há 40 anos, já tendo iniciado mais de 20 mil pessoas nesta jornada de descoberta de si mesmas. Participo ativamente das redes sociais Instagram, Facebook e YouTube (canal astrothon). 

Outros livros publicados por Hector Othon 

  • ABC da Astrologia 

WhatsApp: +55 45 988399064 (Brasil) 
Instagram e Youtube: @Astrothon 
Facebook: HectorOthonCuba 


 

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário